Os títulos são obras premiadas que transitam entre o documentário, a ficção e o experimental.
Publicado em 08/05/2025
Atualizado às 12:27 de 08/05/2025
No dia 9 de maio de 2025, a coleção Cinema negro brasileiro chega à IC Play. Composta de dez títulos, a seleção reafirma a potência criativa e a diversidade de perspectivas de realizadores negros no Brasil. Entre documentários, ficções e obras experimentais, essas produções expandem os horizontes do audiovisual ao abordar temas como ancestralidade, identidade, juventude, espiritualidade, memória e resistência.
Com temáticas que vão da adolescência à luta por território, passando por questões de gênero, sexualidade e religiosidade de matriz africana, a nova leva de filmes reafirma o compromisso da plataforma com a pluralidade de olhares do cinema nacional.
Confira as sinopses:
Chico Rei entre nós (2020)
direção: Joyce Prado | 12 anos, segundo autodefinição
O filme narra a história do lendário rei congolês arrancado de sua terra e escravizado no Brasil em meados do século XVIII. Pouco documentada, a jornada de Chico Rei ficou preservada na memória oral dos habitantes de Ouro Preto (MG) e serve como ponto de partida para uma reflexão sobre a formação e as desigualdades do nosso país. Vencedor do prêmio de “Melhor Documentário Brasileiro” na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme nos conduz com leveza e objetividade por um percurso que envolve a economia do ouro e a trajetória de um verdadeiro herói negro, comparável a personagens como Zumbi dos Palmares e Xica da Silva.
Das raízes às pontas (2015)
direção: Flora Egécia | livre, segundo autodefinição
Luiza, uma estudante negra de 12 anos, fala com orgulho sobre as nuances de seu cabelo crespo, como ele nasce e cresce. Ildete, professora negra, relembra a infância marcada pelo uso de cabelos curtíssimos. Esses e outros depoimentos dão forma a uma reflexão sobre reconhecimento e ancestralidade. Premiado pelo Júri Popular no Festival de Brasília, o filme se tornou uma referência no debate sobre preconceito racial e afirmação identitária em escolas e espaços educacionais por todo o país. Entre os personagens entrevistados está a cantora Ellen Oléria.
Espelho (2022)
direção: Luciana Oliveira | 10 anos, segundo autodefinição
Uma mulher negra corre desorientada, à noite, por uma floresta. Adormece à beira de um rio e, ao despertar, segue caminhando até encontrar um espelho nas águas. Em uma busca de si mesma, é acompanhada por um cortejo de divindades como Oxum, Nanã, Iemanjá e sua filha, e Iansã. Focado na travessia espiritual e identitária da protagonista, o filme celebra o encontro com a ancestralidade e com as raízes da cultura negra. Com belíssimos planos e o diálogo direto entre a personagem e a câmera, o curta foi exibido em diversos festivais no Brasil e no exterior.
Ilhas de calor (2019)
direção: Ulisses Arthur | 12 anos, segundo autodefinição
Fabrício é um adolescente que se sente à vontade com as meninas da escola, com quem tem um grupo de rap e improvisa rimas provocadoras. Apaixonado, guarda esse segredo até que o muro invisível do amor começa a se romper. Inventivo e bem dirigido, o filme retrata os desafios da adolescência a partir da perspectiva de um jovem gay. Uma escola pública do interior de Alagoas transforma-se no cenário dessa história atual.
O jucá da volta (2014)
direção: Antônio Bispo dos Santos e Júnia Torres | livre, segundo autodefinição
O jucá é uma técnica de luta surgida nos quilombos do Piauí, que combina movimentos corporais, batuque e o uso de uma arma feita da madeira do jucazeiro. O filme resgata esse saber ancestral e a trajetória de Mestre Ernestino, um de seus maiores praticantes. Reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Brasil, a arte do jucá representa a resistência cultural negra ao longo de séculos. Coautor do filme, Antônio Bispo dos Santos foi um intelectual quilombola comprometido com a valorização da herança imemorial dos quilombos.
Lá do alto (2015)
direção: Luciano Vidigal | livre, segundo autodefinição
Um menino sonhador tenta convencer o pai a subir até o alto de uma montanha, na favela do Vidigal, acreditando que de lá poderá se comunicar com sua avó, de quem sente saudades. Do mesmo diretor de Kasa Branca (2024), Lá do alto foi premiado no Festival Internacional de Curtas de São Paulo e no Festival Aruanda do Audiovisual Brasileiro, entre outros.
Não fique triste, menino (2018)
direção: Clébson Francisco | livre, segundo autodefinição
Personagens negras numa pintura, uma voz que reivindica uma condição perdida, cenas do mar numa forte ressaca e fotos de uma criança são apresentadas em sequência nesse filme. Por meio dessa montagem de imagens – que inclui pinturas, narrações, filmagens amadoras e música –, Não fique triste, menino compõe um ensaio poético sobre identidade negra, sexualidade e diáspora africana. Trata-se, sobretudo, de um belíssimo exercício audiovisual, livre e não convencional, que propõe associações entre o mar e a memória.
Negrum3 (2018)
direção: Diego Paulino | 16 anos, segundo autodefinição
Entre melanina e planetas longínquos, o filme propõe um mergulho na vivência de jovens negros da cidade de São Paulo, como um ensaio sobre negritude, viadagem e aspirações espaciais dos filhos da diáspora. Exibido em mais de 80 festivais ao redor do mundo e vencedor de mais de 40 prêmios, o curta transita entre o documental e a experimentação, combinando performance, manifesto estético e político, e o retrato de uma pulsante cena cultural da juventude negra paulistana.
Ramal (2023)
direção: Higor Gomes | 14 anos, segundo autodefinição
Dirigindo suas motocicletas, um grupo de jovens se diverte num viaduto da periferia de Sabará (MG). Entre manobras arriscadas e conversas cheias de significado, emerge o retrato de uma geração. Considerado um dos melhores curtas-metragens brasileiros de 2023, Ramal foi exibido em diversos festivais e nele documentário e ficção se misturam numa narrativa livre que combina realismo e poesia.
Vão das almas (2023)
direção: Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape | 16 anos, segundo autodefinição
Uma família de quilombolas tenta retomar sua terra, injustamente ocupada por um coronel. Um capanga ameaça expulsá-los, mas eles resistem. A floresta onde vivem é encantada: nela se esconde a misteriosa Matinta. Vencedor de mais de 50 prêmios, incluindo o de “Melhor Filme” pelo Júri Popular no 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o curta mistura realismo e fantasia para narrar uma história carregada de mitos e crítica social. A ancestralidade e o contemporâneo se fundem no ritmo de um filme de terror.
[TPDSI1]Stefany, sugiro organizar as sinopses por ordem cronológica, do filme mais atual para o mais antigo.