Mostra com cinco filmes mergulha na expressão da memória milenar dos povos indígenas
Publicado em 12/09/2025
Atualizado às 09:39 de 02/09/2025
Fortalecer a escuta e a visibilidade das narrativas indígenas, entendendo cinema como ferramenta de autonomia e fortalecimento cultural: esse é o objetivo da mostra Memórias vivas e caminhantes. Disponível na Itaú Cultural Play de 12 setembro de 2025 a março de 2026, a mostra conta com curadoria da Graciela Guarani e Larissa Tukano
Os cinco filmes reunidos em Memórias vivas e caminhantes propõem um mergulho na expressão da memória milenar dos povos indígenas, revelando como o passado permanece vivo através da oralidade, da música, da língua e das formas tradicionais de organização político-cultural. Neste ambiente, a câmera é apenas um instrumento de escuta, visibilidade e respeito ao ritmo de cada povo.
Cada filme selecionado atua como um território simbólico, onde a câmera se torna instrumento de escuta e visibilidade, sem invadir, mas sim acompanhando os ritmos próprios de cada povo. A curadoria privilegia obras realizadas por cineastas indígenas ou em diálogo direto com as comunidades retratadas, respeitando sua autonomia narrativa. Fazem parte da mostra os filmes:
Apoinme 30 anos (2025)
Alexandre Pankararu e Graciela Guarani | 70 minutos
A história da Articulação dos povos indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), uma das principais organizações indígenas do país. A luta pela terra, regularização de territórios e a defesa de direitos humanos emergem em depoimentos de lideranças representativas.
Wadja (2024)
Narriman Kauane | 29 minutos
A trajetória de Marilena Araújo, conhecida como Wadja, educadora, ativista indígena e fundadora da escola bilíngue Antônio José Moreira que ensina Yaathe, a língua materna do povo Fulni-ô.
Wehsé Darasé – trabalho da roça (2016)
Larissa Ye´padiho Mota Duarte | 23 minutos
Nos arredores de São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro (AM), práticas ancestrais de plantio, colheita e preparo de alimentos são transmitidas de geração em geração. Uma imersão na força simbólica da terra e da roça como elemento cultural e territorial.
Nhemongarai (2024)
Natália Tupi e Richard Wera Mirim | 13 minutos
Todos os anos é realizado o Nhemongaraí na Tekoa Pyau, Terra Indígena do Jaraguá, em São Paulo. Tupã Popyguá (Michel da Silva), liderança e guardião de saberes e do nhandereko (modo de vida) do povo Guarani, tenta transmitir práticas ancestrais. Neste ano, pela primeira vez, as mulheres conduzem a cerimônia.
Yvy Pyte - coração da terra (2023)
Alberto Alvares e José Cury | 110 minutos
Um percurso cinematográfico entre rios Paraná e Paraguai até o retorno do cineasta Alberto Alvares (Tupã Ra'y) à sua aldeia natal. No trajeto, fronteiras físicas e simbólicas se desfazem e revelam o local sagrado de surgimento do mundo para os Guarani e Kaiowá, que está constantemente sob ameaça.
A mostra é um retrato das memórias milenares coletivas destes povos, que não só se utilizam de sua oralidade - presente na fala e no canto como forma de resistir ao tempo - mas também de suas intelectualidades. Assista na IC Play.