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Ôma: um videogame teatral

Conheça a mistura de jogo com espetáculo que foi selecionada pelo edital de emergência Arte como Respiro

Publicado em 22/09/2020

Atualizado às 16:07 de 25/02/2022

Por Amanda Rigamonti

Entre peças de teatro, obras audiovisuais, contos e séries fotográficas, o edital de emergência Arte como Respiro selecionou um projeto inusitado e bem inovador: um jogo de videogame teatral. Ôma nasce da necessidade, durante a pandemia, de reinventar formas artísticas baseadas no encontro e foi idealizado pelas artistas da companhia ultraVioleta_s (Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi) e desenvolvido por elas juntamente com a artista convidada Tetembua Dandara.

Como funciona um videogame teatral? Em Ôma, o jogo inicia com a escolha de um avatar, entre duas opções, Lala ou Tetê, seguindo para uma exploração da casa da personagem selecionada, em quarentena. Lala e Tetê são versões digitais das atrizes Laíza Dantas e Tetembua Dandara, respectivamente, que aparecem em diversos vídeos revelados a quem joga quando há interação com móveis e objetos da casa.

Ôma é um jogo, só que não. Um espetáculo, mas bem de longe. Um convite a andar por universos e mundos para além de uma casa habitada por um avatar. Uma conversa pré-programada com o silêncio ou com as inteligências nem sempre artificiais.

Tetembua Dandara comenta que não por acaso foram selecionados dois avatares femininos, sendo um deles o de uma mulher negra. “A escolha foi feita olhando para esse recorte do mundo dos games e da tecnologia, em que mulheres são minoria e mulheres negras são exceção. Elas/nós estamos lá porque o mínimo é que esse imaginário seja preenchido por outros corpos, outras ideias, outras formas estéticas e éticas de criação”, explica.

Ôma nasce de uma necessidade de ficcionalização da realidade em um momento tão complexo e difícil – o de uma pandemia e consequente distanciamento social. "Fizemos o projeto na urgência, mas com muito afinco e carinho. Ele parte da indignação dos nossos tempos, da tentativa de alcançar o outro no seu isolamento, fazer rir, mas também viver um luto de tantas importâncias perdidas, para que possamos sentir isolados, mas juntos, um ritual antigo e necessário”, diz Laíza Dantas.

Ela comenta ainda que foi no momento de desenhar um fim e tentar entender como encerrar o que as artistas chamam de “ex-petáculo” que elas pararam para refletir sobre o que era, afinal, Ôma. “Parece-nos que é uma pulsão de vida em meio a tanto horror. Nossa convivência criativa, ainda que distante fisicamente, nos ajudou a viver mais delicadezas, e talvez Ôma seja sobre isso também. Mas agora é quando caímos na armadilha de mulheres falando sobre delicadezas, e é fácil estereotipar o que é isso. Então fica um convite: quem jogar Ôma verá que nem só de florzinha se faz uma mulher", conclui.

A companhia ultraVioleta_s nasceu em 2007 e teve sua trajetória marcada por sua proximidade com a linguagem do circo-teatro. Desde 2016, combina esse conhecimento com um hibridismo de linguagens, flertando com as artes plásticas, a arte-tecnologia e a arquitetura. Dessa nova comunhão com outras linguagens nasceram os espetáculos Adeus, Palhaços Mortos e Há Dias que Não Morro, ambos com carreira internacional e premiados.

Registo de Ôma (imagem: Murilo Chevalier)
Registo de Ôma (imagem: Murilo Chevalier)

Ficha técnica

Idealização e game design: ultraVioleta_s
Realização e roteiro: Aline Olmos, Laíza Dantas, Paula Hemsi e Tetembua Dandara
Atuação: Laíza Dantas e Tetembua Dandara
Trilha sonora: Paula Mirhan
Edição de vídeos e teasers: Laíza Dantas
Programação e level design: Paula Hemsi e Vinicius Scorza
Ilustração: Alexandre de Melo Dantas
Imagens de divulgação: Murilo Chevalier
Imagem de capa e identidade visual: Renan Marcondes
Game engine: RPG Maker
Coordenação de produção e parcerias: Aline Olmos
Consultoria de parcerias: Hilary Jo Caldis
Produção: ultraVioleta_s, Tetembua Dandara e Corpo Rastreado
Artistas convidados com obras no game: Bruta Flor Filmes (Tentativas de Ignição, imagens do vídeo Floresta e Marielle Presente e caminhos da Bolívia no sonho Um Sonho Bom), Carla Massa (série de aquarela sobre papel quarenTena) e Eduardo Bordinhon [fotografia analógica de cidade de ponta-cabeça vista da janela da casa e vídeo Trabalhadores ao Mar (super-8)]
Agradecimentos: Candice Alencar Augusto, Carina Nagib, Chico Lima, Condado Braveheart, Cris Scorza, Daniel Shiffman, Daniela Alves, DDmyzik, Dr. Xamã, Mafoane Odara, Matias Arce, Panda Maru, Renato Mendes, Terrax, Wallyson Mota e Yanfly Engine Plugins
Apoio: Editora UBU, Goodstorage, Itaú Cultural e N-1 Edições

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