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fundo rosa ao lado direito preto, escrito revista observatório Itaú cultural #35

Evolução da internet: entrevista de Silvio Meira por Cláudio Lins de Vasconcelos

Entrevista de Silvio Meira aborda a questão da evolução da internet, sobre o impacto das novas tecnologias e o desafio da regulação do universo digital

Publicado em 26/06/2023

Atualizado às 10:19 de 25/03/2024

entrevista de Silvio Meira por Cláudio Lins de Vasconcelos

 

Como parte da edição 35 da Revista Observatório Itaú Cultural, você assiste ao primeiro bloco do bate-papo entre Cláudio Lins de Vasconcelos, professor e especialista em mercado de mídia, cultura e entretenimento, e Silvio Meira, cientista, professor e engenheiro eletrônico. Em três vídeos, são apresentados temas associados à relação entre cultura, sociedade e tecnologia.

 

Evolução da internet: o impacto das novas tecnologias e a regulação do universo digital

“A humanidade criou a escrita e, ao criá-la, modificou a humanidade. É isso que acontece com as tecnologias” – Silvio Meira inicia sua participação abordando o impacto das criações tecnológicas e o quanto a internet transformou a audiência em rede, criando canais de interação entre pessoas, instituições e comunidades. Ele comenta como a internet democratizou o acesso às mídias, mas foi ao mesmo tempo cenário do surgimento das grandes plataformas digitais, que mantêm uma relação complexa com os produtores de conteúdo e os artistas independentes. 

O entrevistado fala também de sua visão sobre a regulação da internet, e como foi se modificando em razão das transformações nesse universo: “Meu pensamento foi evoluindo a partir do momento em que a internet foi deixando de ser ingênua. Tínhamos uma internet que não tinha nenhum algoritmo de recomendação, e passamos a ter uma internet onde os algoritmos definem o comportamento das pessoas”.  

 

Mediação algorítmica e inteligência artificial

O segundo bloco da entrevista de Cláudio Lins de Vasconcelos com Silvio Meira apresenta dois temas principais: o impacto dos algoritmos nas diversas dimensões de nossas vidas e como a inteligência artificial tem desafiado produções e profissionais criativos. 

“Os algoritmos que estão na dimensão digital e na dimensão social modificam ou tendem a modificar drasticamente nosso comportamento no espaço físico”, defende o entrevistado, que comenta que uma simples ida ao shopping pode revelar, a partir de reconhecimento facial, como dados pessoais coletados geram experiências específicas para cada pessoa nesse ambiente. Segundo ele, “não estamos sendo induzidos, estamos sendo controlados”. E afirma, ainda, que não apenas somos manipulados do ponto de vista do que decidimos fazer, mas também funcionamos como sensores que transmitem informações individuais em tempo real. 

Impasses e reflexões sobre inteligência artificial não faltam, principalmente no atual cenário em que se insere o ChatGPT. Um computador pode produzir arte? Pode substituir um profissional criativo? Silvio Meira diz que máquinas podem realizar simulações cognitivas do que seria um cérebro humano escrevendo, mas é preciso refletir sobre a interpretação que damos à inteligência humana e o valor que atribuímos à resposta a perguntas diante da autonomia e da socialização. 

 

Políticas e estratégias para a criação de novas tecnologias

No terceiro e último bloco da conversa com Silvio Meira, Cláudio Lins de Vasconcelos o questiona sobre os caminhos possíveis a serem traçados pelo Brasil, que se coloca em uma situação de produção cultural respeitável, mas com baixo nível tecnológico. O condutor faz também uma provocação final relacionada à saudade de uma época sem celular e sem internet móvel.

Para que o Brasil se torne uma potência tecnológica, segundo Silvio Meira, é necessário um comprometimento com grandes desafios nacionais que estejam associados a problemas que podem ser resolvidos com tecnologia: “Os problemas não são de tecnologia, eles são com tecnologia”. Nesse cenário insere-se a produção cultural brasileira que pode ser alavancada pelo uso de tecnologias criadas no país. 

O entrevistado diz ainda que não se preocupa com o passado, mas com o que ele precisa trazer do futuro para o presente a fim de mudar o estado de questões como a fome no Brasil. “Eu não consigo conceber um futuro sem tecnologia. E eu não consigo conceber um futuro de longo prazo com a tecnologia que a gente tem hoje”, afirma em sua reflexão final sobre o futuro da humanidade e as infinitas possibilidades que a tecnologia pode criar. 

Silvio Romero de Lemos Meira é um cientista, professor e empreendedor brasileiro com atuação na área de engenharia de software e inovação. Engenheiro eletrônico pelo ITA, é doutor e mestre em ciências da computação, respectivamente pela Universidade de Kent e pela Universidade do Federal de Pernambuco – UFPE. Atualmente, é professor associado da Escola de Direito do Rio de Janeiro da FGV e professor do emérito do Centro de Informática da UFPE. Preside o Conselho de Administração do Porto Digital e é co-fundador do Instituto de Inovação CESAR, onde foi cientista-chefe por mais de uma década.

Cláudio Lins de Vasconcelos é mestre e doutor em direito pela Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), respectivamente. Foi secretário de Economia da Cultura do Ministério da Cultura, consultor do Banco Mundial e assessor internacional adjunto do Ministério da Justiça. É professor do mestrado profissional em economia e política da cultura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com o Itaú Cultural e da pós-graduação em direito da propriedade intelectual da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). É membro do Conselho de Economia Criativa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e da Comissão de Direitos Autorais da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OABRJ).

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