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Realidade virtual permitirá ao público experimentar a sensação de gravidade zero

Em "Gravidade", não há paredes, horizonte, vertigem ou medo; a impressão é de estar flutuando

Publicado em 24/07/2019

Atualizado às 14:15 de 04/09/2019

por Tatiana Diniz

Nem jogo nem filme. Atualmente em fase de finalização, Gravidade VR, projeto contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018, é uma experiência de exploração em realidade virtual que vai gerar uma obra dramatúrgica imersiva criada para o público adulto.

Nessa aventura sem inimigos, tiros ou mortes, o objetivo do participante é desvendar a história de um mundo fantástico e de seus intrigantes personagens. A trama se inicia em um universo surreal no qual não há chão e onde tudo que existe está eternamente caindo: casas, roupas, carros, ruínas de civilizações passadas. Tudo cai.

O participante também está caindo a toda velocidade, mas a sensação experimentada é de paz. Nesse mundo sem paredes e sem horizonte, é impossível perceber o movimento. Não há vertigem ou medo; a impressão é de estar flutuando em gravidade zero. A ideia é abordar o conflito entre dois pontos de vista em relação à vida e a seu inevitável fim: angústia e leveza.

(imagem: frame de "Gravidade")

Tudo isso será experimentado em equipamentos topo de linha, como Oculus Rift e HTC Vive. “Não se trata de um vídeo 360. Nessa experiência o participante estará livre para voar pelo mundo ao redor e interagir com objetos e personagens”, esclarece o roteirista Fabito Rychter, da DeliriumXR.

Rychter explica que o público-alvo de Gravidade não são gamers, mas sim quem busca histórias com mais profundidade e valor artístico em vez de adrenalina e high scores. “São pessoas que querem experiências relaxantes, com ritmo mais lento e mais contemplativas, pessoas dispostas a experimentar a sensação de gravidade zero”, completa.

O projeto é mais um fruto da parceria de Rychter com o diretor Amir Admoni, que já soma mais de dez anos. Ambos com duas décadas de atuação – Admoni como diretor de filmes de animação para cinema, TV, games e teatro, e Rychter predominantemente como roteirista de TV –, eles trabalharam juntos em produções que renderam à dupla mais de 70 prêmios, participação em 120 festivais de cinema e até uma série de televisão.

Em 2016, Rychter trabalhava em uma emissora de televisão quando colocou pela primeira vez uns óculos de realidade virtual. “Fiquei de queixo caído. Fiquei tão impressionado que no mesmo dia comprei todo o equipamento e pedi demissão”, lembra. No mês seguinte abriu a DeliriumXR, produtora de experiências em realidade virtual que cresceu rapidamente produzindo para museus, colégios e marcas.

Envolver Admoni na empreitada demandou convencimento. “Tive de convencê-lo de que VR [sigla em inglês para “realidade virtual”] não era coisa do demônio, bruxaria, e não iria destruir a civilização isolando as pessoas em seus próprios casulos”, diverte-se. Gravidade é o primeiro projeto da dupla totalmente voltado para a arte e a dramaturgia. “Se tudo der certo, será o primeiro de muitos”, diz Rychter.

A finalização está prevista para agosto de 2019. Nos próximos dias, o foco é limpar as animações, corrigir os últimos bugs e finalizar o cenário. O alvo da criação são festivais tradicionais de cinema que tenham a categoria Realidade Virtual em suas mostras. Tribeca, Cannes, Veneza, Sundance e SXSW estão entre os almejados. Além disso, o plano é que Gravidade VR seja oferecido também em lojas virtuais como Steam, Epic e Itch.io.

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