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Em "Palhaço Surddy", Igor Rocha investe em sua formação de clown e na difusão da cultura surda

Projeto apoiado pelo Rumos Itaú Cultural engloba a educação inclusiva e a acessibilidade

Publicado em 27/08/2019

Atualizado às 14:31 de 18/11/2019

por Letícia de Castro

Em um palco escuro, um facho de luz ilumina os poucos elementos cênicos: uma mesa, uma cadeira, um vaso, uma flor. Surddy, o palhaço vivido pelo ator Igor Rocha, entra em cena com um cavalete e procura o melhor lugar para mostrar suas habilidades, mas se atrapalha a cada passo e, então, busca conforto na sua amiga Flor.

Intitulado A Chegada, o exercício cênico tem como ponto de partida as técnicas de clown e aborda a relação do personagem com o teatro, seus sonhos e os desejos que se materializam no palco. A apresentação, que aconteceu em Recife, em maio, é resultado do projeto Palhaço Surddy, realizado por Rocha com o apoio do Rumos Itaú Cultural.

O palhaço Surddy, vivido pelo ator Igor Rocha | foto: Olívia Godoy
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Ator e professor de Libras, Igor de Andrade Rocha é surdo e desenvolveu o projeto para aperfeiçoar sua formação como palhaço e ampliar a divulgação da cultura surda. Ao longo de quatro meses, ele participou de três oficinas: mágica, palhaçaria e jogo cômico.

A primeira formação, intitulada Mágica Sexto Sentido, foi conduzida pelo mágico Rapha Santacruz. A segunda, Riso e Criatividade, foi ministrada pela palhaça Giulia Cooper e, além de Rocha, teve a participação de outros alunos como facilitadores do processo de aprendizagem, sendo um ouvinte e três surdos. Por fim, a oficina Ao Amanhecer, Brincar, com o artista Marcelo Oliveira, contou com Letícia Lima, uma das consultoras surdas que participou do projeto.

“Como tínhamos ouvintes e surdos na equipe, durante todo o processo executamos o esforço de evitar a oralização, para que as pessoas pudessem se familiarizar com o uso da Libras”, disse Rocha. O intérprete em Libras Roniero Diodato acompanhou todo o processo, garantindo a comunicação.

A direção ficou a cargo de Andreza Nóbrega, atriz especializada em educação inclusiva. “A ideia era desenvolver um trabalho que valorizasse a cultura surda e garantisse acessibilidade a todos os públicos, por isso a apresentação contou também com o oferecimento de audiodescrição. Foi muito rica a troca entre ouvintes e surdos durante o processo”, diz Andreza – fundadora e coordenadora de projetos da VouVer Acessibilidade, empresa que presta serviços de acessibilidade para teatro.

A apresentação, que aconteceu no teatro Hermilo Borba Filho, em Recife, incluiu também um bate-papo com o público e integrantes do projeto sobre o processo de criação.

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