Artistas

Constelação de artistas e trabalhos de todas as geografias e tempos

Composta de mais de mil peças, objetos e documentos, a mostra exibe obras de artistas como Djanira, Fernando Diniz, GTO, Mira Schendel, Nailson, Pecon Quena, Sebastião Januário, Tarsila do Amaral, Ubirajara; e trabalhos comissionadas de Andréa Hygino, Castiel Vitorino Brasileiro, Diambe, Josi, Mariane Lima, Spirito Santo e Yael Bartana. Conheça o perfil  de alguns deles.

TRABALHOS COMISSIONADOS

​​PISO -1: Mariane Lima
A exposição permanente do Museu Afro Brasil subverte leituras lineares e horizontais: as obras, os objetos, as reproduções e os textos espraiam-se das paredes e das estantes até o teto e o chão do museu. No acúmulo de obras em núcleos temáticos, criam-se justaposições de histórias em que importa, mais do que a distinção classificatória das coisas, a relação entre elas. O ensaio fotográfico de Mariane Lima foi comissionado para apreender detalhes e perspectivas desse espaço expositivo imersivo e inabarcável a partir do ponto de vista de uma jovem artista negra que cresceu em Embu-Guaçu, município localizado no extremo sul da capital paulista.

​​PISO -1: Diambe
Tubérculos, raízes e leguminosas crioulas estão entre os entes com os quais convive Diambe. A artista entende que essas matérias perenes e vivas podem ser monumentalizadas por sua multiplicidade de formas e por sua importância social e política: servem de alimento e são fundamentais para a continuidade da vida – transcendendo tempos e espaços. Empilhadas e equilibradas pela artista, essas matérias conformam-se em criaturas “outras-que-humanas” que compartilham conosco a Terra. Com suas formas fundidas em bronze e pintadas (quase maquiadas), metamorfoseiam-se e integram novas coreografias. Tornam-se “novas mucosas”, nas palavras de Diambe.

Dispostas em uma espécie de jardim de areia, as peças vegetais-animais-escultóricas coexistem e dispensam a presença humana. Por detrás desse encontro, vê-se uma pintura com formas reminiscentes dos bojos e patas do bronze, como formigas em escala macroscópica, seres que trabalham incansável e sincronizadamente para a manutenção de sua comunidade e, por conseguinte, do planeta como um todo. Sua existência diversa, plural e fluída contrasta com o mundo demasiadamente humano que edificamos: extrativista, patriarcal, racista e condenado à extinção.

​​PISO -2: Spirito Santo
O projeto Musikfabrik, do músico, pesquisador e etnomusicólogo Spirito Santo, é fruto de suas pesquisas, que, nas últimas quatro décadas, revelaram diversas e inusitadas marcas culturais da diáspora africana na base de nossa cultura, especialmente aquelas inspiradas na contribuição de povos da África Central. Essas pesquisas desdobram-se em múltiplas direções, sempre pautadas pelo contato com os protagonistas das manifestações culturais estudadas, notadamente no campo da música.

O conjunto apresentado aqui abrange a recuperação de vissungos (cantos de trabalho dos mineradores), a resistência das Guardas de Congo e Moçambique em Minas Gerais e a reconstituição de instrumentos musicais africanos cuja utilização no Brasil foi registrada, desde a Corte Imperial (século XIX), em diferentes cidades. Os instrumentos musicais exibidos são o resultado de uma ação mais recente, de 2021, no âmbito do subprojeto Musik kolonial, que propõe a construção de réplicas funcionais de instrumentos musicais africanos cuja presença nas ruas foi registrada entre 1814 e 1850. Para esta exposição, o artista gravou com seus alunos duas peças sonoras inéditas utilizando esses instrumentos e outras tecnologias atuais, pois, como ele diz: “Na cultura africana não existem limites entre contemporaneidade e tradição”.

Esta apresentação contou com o apoio do Instituto Inclusartiz.

​​PISO 1: TRABALHO EM DESTAQUE - GTO
(Geraldo Teles de Oliveira)
Entalhadas em peças de madeira inteiriças, as esculturas de Geraldo Teles de Oliveira, conhecido como GTO, são compostas de aglomerados de figuras humanas interconectadas em planos verticais e, muitas vezes, organizadas por formas circulares empilhadas. Chamadas de rodas-vivas, essas máquinas do mundo fabulam relações entre seres anônimos e arquetípicos, acenando à história do Brasil e da humanidade e referenciando entidades religiosas e relações de poder, desordem, liderança e harmonia. Conformam, assim, recriações cosmogônicas, sociológicas e históricas segundo a inquieta inventividade do artista.

Nascido em Itapecerica, interior de Minas Gerais, GTO cresceu em Divinópolis e viveu no Rio de Janeiro, onde trabalhou como moldador, funileiro e fundidor. Iniciou sua produção ainda em Divinópolis, em 1965, aos 52 anos, esculpindo peças que lhe apareciam em sonhos. Começou a expor em 1967, participando de mostras dentro e fora do país, incluindo a Bienal de São Paulo de 1981. Apesar desse reconhecimento, GTO teve pouco retorno econômico advindo da valorização de sua obra, e nem mesmo teria seu relato resguardado não fossem os documentos produzidos por Lélia Coelho Frota e Carlos Augusto Calil.

TRABALHOS COMISSIONADOS

Andreia Hygino
Percorrer o chão arqueológico, como diz Andreia Hygino, conduziu sua pesquisa artística até a cerimônia de Lavagem do Cais do Valongo, um benzimento realizado sobre as pedras do antigo Cais no mês de julho. O cuidado ancestral, religioso e simbólico envolvido nesse ritual foi recriado, a convite da artista, em depoimento de Mãe Celina de Xangô, Ialorixá que durante anos foi responsável pela cerimônia da Lavagem, e deu origem ao vídeo Não posso esquecer do quintal dessa casa?

Castiel Vitorino Brasileiro
O artista dialoga com as memórias carregadas pelas águas e pela passagem do tempo. Em suas instalações, ela cria o que chama de “espaços perecíveis de liberdade”, em que, movida pelo seu compromisso com a transmutação, recusa imposições identitárias, dribla o pensamento ocidental e acolhe o silêncio, a dúvida e as contradições. Nesses ambientes, ética e esteticamente relacionados à cosmologia Banto, confluem lembranças das praias de sua cidade natal, Vitória (ES), os seus saberes clínicos e as práticas de cuidado aprendidas com seus familiares.

Em seu projeto Kalunga e a origem das espécies, Castiel faz da cultura banto o ponto de partida para o reconhecimento do mundo em uma perspectiva não binária entre vida e morte. A combinação desse sistema cultural com suas memórias do mar dá forma a Atitudes do tempo 3 (2023), instalação composta de estacas de eucalipto fincadas em um tapete de terra preta. O trabalho alude a cenas recorrentes em praias brasileiras: o branco dos tecidos saúda a ancestralidade e sugere o inevitável fluir do tempo. O eucalipto, frequentemente associado à devastação ambiental, é recuperado por suas propriedades medicinais. Cada um dos laços feitos nas ripas manifesta um pedido, enuncia uma prece e oferece um convite.

Josi
Criada em Carbonita, no Vale do Jequitinhonha (MG), Josi aprendeu a perceber as cores da terra, as nódoas dos vegetais e o som do vento movendo o que parece imóvel. Escutou também histórias e cânticos de sabedoria e escolheu apresentar-se com o nome abreviado que compartilha com suas irmãs, seu irmão e tantas outras pessoas. Convidada para visitar a Serra da Capivara (PI), ela observou como as pinturas rupestres relacionam-se com as marcas preexistentes da rocha sedimentar, integrando-se a cenas tridimensionais imersivas. A elaboração dessa experiência e o uso de vegetais e terras da região levaram Josi a obras que podem ser percorridas por dentro e por fora.


TRABALHOS EM DESTAQUE

Pecon Quena (“aquela que chama as cores”)
Pecon Quena, “aquela que chama as cores”, é o nome shipibo-konibo de Lastenia Canayo, nascida em 1962 na comunidade de Roroboya, no Baixo Ucaiáli, Peru. Como muitas mulheres shipibo-konibo, ela foi iniciada por sua avó na produção de pinturas, bordados e cerâmicas de intricados grafismos kené, vinculados às mirações e medicinas de seu povo. Há mais de 20 anos, Pecon Quena começou também a se valer da arte como veículo para dar forma e compartilhar um aspecto estruturante da cosmogonia shipibo: a relação com os donos (ibo ou yoshin) das plantas, dos animais e das coisas.

Segundo a artista, os donos são seres animados com agência no cuidado, na manutenção, no crescimento e na ação dos seres da terra. O acesso aos poderes de plantas fundamentais para os shipibo-konibo – como o tabaco, a ayahuasca e a mandioca – é mediado por seus donos espirituais, que tanto podem potencializar seus efeitos positivos quanto impor enfermidades, conforme a deferência ou desrespeito manifesto perante esses seres. Antes das pinturas de Pecon Quena, não havia representações gráficas desses donos na tradição de seu povo. As cores, formas e feições elaboradas pela artista são algo entre a criação imagética inaugural, a tradução de saberes coletivos e o registro de narrativas familiares – simultaneamente antecipam e extrapolam os dados coletados pela pesquisa científica ocidental.

A interlocução com a artista contou com o apoio de Anna Dantes, Cristine Takuá, Madeleine Deschamps e Tui Anadi Prado Ferreira.

Mira Schendel
Nasceu na Suíça. De ascendência judaica, foi batizada na igreja católica e levada a se realocar repetidamente por causa do antissemitismo, tendo deixado a Europa com um passaporte sem nacionalidade e chegado ao Brasil em 1949. Essa condição de deslocamento entre línguas, identidades, culturas e territórios constitui um dos aspectos que merecem novas camadas de pesquisa crítica para a apreensão da extensa obra gráfica e pictórica da artista, uma das mais singulares de sua geração.

Em 1968, lidando com um estado crônico de insônia, com crises pessoais e com as notícias do regime militar brasileiro, Mira decidiu realizar uma espécie de jornada: viajou ao Polo Norte com o intuito de dar uma volta ao seu redor e, assim, inverter sua própria polaridade.

Encontra-se aqui uma seleção de 90 páginas, das mais de 700, de duas versões do seu diário de bordo. Alternando português, alemão e italiano, a artista fez das notas sobre a jornada um recurso ritmado para acumular reflexões sintéticas sobre o tempo, a vivência e a experiência, de modo que a disposição de signos e palavras no diminuto espaço das folhas transmutasse a viagem em uma linguagem de busca poética e conceitual.

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Abertura:
6 de setembro de 2023, às 20h, no Itaú Cultural.

9 de setembro de 2023, das 11h às 15h, no Instituto Tomie Ohtake.

Em ambas, permanece em cartaz até 28 de janeiro de 2024

Curadoria geral:
Izabela Pucu e Paulo Miyada

Curadoria adjunta:
Ana Roman

Curadores Convidados:
Daiara Tukano e Thiago de Paula Souza


No Itaú Cultural
De 6 de setembro de 2023 a 28 de janeiro de 2024
Avenida Paulista, 149 – próximo à estação Brigadeiro do metrô

Visitação:
De terça-feira a sábado, das 11h às 20h;
Domingos e feriados, das 11h às 19h.
Entrada gratuita
Acesso para pessoas com deficiência física

Estacionamento:
Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108. Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

Mais informações:
Pelo telefone (11)2168-1777
Whatsapp: (11)96383-1663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br



No Instituto Tomie Ohtake
De 9 de setembro de 2023, das 11h às 15h, até 28 de janeiro de 2024.
De terça a domingo das 11h às 19h.
Entrada gratuita

Av. Faria Lima, 201
Entrada pela Rua Coropés,88/Pinheiros - SP
Metrô mais próximo: Estação Faria Lima/Linha 4 – Amarela
Fone: (11)2245-1900

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