NO MUSEU

Intimidade, paixão pela fotografia e conexão com os Klabin e Segall

 

No Museu Lasar Segall, o público encontra referências mais intimistas sobre o arquiteto, traçando a conexão das famílias Klabin, Segall e Warchavchik, sua paixão pela fotografia e uma representação de um ambiente modernista. Acompanhe, a sua história e o percurso desse recorte da exposição.

 

NÚCLEO A

Nascido em Kaunas, então controlada pela Rússia, em 1860, Maurício Freeman Klabin era o mais velho dos onze filhos de Sarah Papert e Leon Klabin. Em 1885, entrou em atrito com as autoridades russas porque adquiriu uma pequena propriedade de terras, o que era proibido aos judeus. Sentindo-se ameaçado, fugiu da Rússia. Depois de uma curta estadia na Inglaterra, decidiu tentar a sorte no Brasil.

Reuniu seus poucos pertences, entre eles um razoável sortimento de tabaco, e embarcou para o Novo Mundo em 1889. Nos primeiros tempos, sobreviveu da venda de cigarros, que ele mesmo preparava em sua pequena oficina improvisada. Mais tarde, empregou-se numa tipografia que pertencia a um casal idoso e que, sem herdeiros, ofereceu a Maurício a compra do estabelecimento em condições vantajosas.

Nos anos seguintes, Maurício expandiu os negócios e começou a prosperar. Aproveitando-se das circunstâncias favoráveis, fazia vir da Europa seus irmãos, que passaram a viver em São Paulo e empregavam-se em seus empreendimentos.

 

 

NÚCLEO B

A família Klabin vivia num casarão alugado à Travessa dos Carmelitas. Aos 35 anos Maurício decidiu casar-se. Escreveu aos pais e, conforme os costumes judaicos da época, pediu a eles que lhe procurassem uma esposa. Eles encontraram a jovem Berta Osband, de uma família de comerciantes prósperos. Após uma troca de correspondências, os dois acabaram acertando o casamento. Berta emigrou para São Paulo, onde em 1º de outubro de 1895 casou-se com Maurício Freeman Klabin. A primeira filha, Mina Klabin, nasceu ainda no casarão da Travessa dos Carmelitas.

Mauricio Klabin decide fundar uma fábrica de papel. Embarcou para uma temporada na Europa, com a esposa e os filhos Mina, Luiza, Eugênia (Jenny) e Emmanuel (Maneco). As crianças frequentaram escolas na Suíça e na Alemanha, e Maurício comprou máquinas e contratou os técnicos para a instalação da fábrica em São Paulo. Além da fábrica de papel, Maurício Freeman Klabin adquiriu propriedades imobiliárias na cidade de São Paulo e arredores. Após seu falecimento, os filhos, genros e a viúva criaram um escritório que se encarregou pela urbanização, arruamento, loteamento e comercialização destas áreas, que gradualmente foram incorporadas à malha urbana de São Paulo.

 

 

NÚCLEO C

Em 1913, já de volta ao Brasil, a família recebe Lasar Segall, que vinha realizar algumas exposições. Uma irmã de Segall, Luba Klabin, havia se casado com Salomão Klabin, irmão de Maurício, e já vivia em São Paulo. Lasar Segall deu aulas de desenho à então adolescente Jenny Klabin. Em 1923, Lasar Segall voltaria ao Brasil. Embarca com a esposa Margarete, que não se adaptaria ao novo ambiente e retornaria à Europa em 1924. A aproximação com a família Klabin estreitou-se, e surge uma relação afetiva entre Lasar e Jenny, que culminaria no casamento em 1925.

 

 

NÚCLEO D

Warchavchik e as Casas Modernistas

Gregori Warchavchik nasceu em Odessa, em 1896. Deixou a Ucrânia em 1918, para livrar-se do antissemitismo que contaminava a região. Complementou sua formação em arquitetura no Reggio Istituto Superiori di Belle Arti em Roma. Em 1923 muda-se para o Brasil, contratado pela Companhia Construtora de Santos, dirigida por Roberto Simonsen. Publica nos jornais brasileiros diversos textos, entre eles Acerca da Arquitetura Moderna, considerado o primeiro manifesto da arquitetura moderna no Brasil. Aproxima-se dos círculos culturais da vanguarda em São Paulo, frequentado também pela família Klabin e por Lasar Segall, com quem partilhava também a origem judaica e russa.

Em 1927, casa-se com Mina Klabin e naturaliza-se brasileiro. Do casamento entre Gregori e Mina nascem Ilya e Sônia. Abre escritório próprio em São Paulo. Sua primeira obra foi a Casa da Rua Santa Cruz, de 1928, marco da arquitetura moderna no Brasil. Em 1930, constrói a casa da rua Itápolis, inaugurada com a Exposição de uma casa modernista, uma representação física do seu manifesto. É profundo o contraste entre as propostas de Warchvchik e aquelas encontradas na antiga residência de Maurício Freeman Klabin, representante do estilo de arquitetura vigente nas casas das elites de São Paulo até então.

Construída menos de 20 anos antes das casas modernistas, a residência de Maurício Freeman Klabin era marcada, tanto nas linhas exteriores quanto no interior pelo excesso de ornamentações e sobreposição de estilos arquitetônicos típicos da Belle Époque. Já o ambiente modernista caracterizava-se pela predominância das linhas retas e pela sobriedade da decoração. O mobiliário encontrado nas casas modernistas de Warchavchik era construído com base nos valores da escola Bauhaus, que determinava a função acima da forma, enfatizando a praticidade e prescindindo de adereços ou decorações. Fazem parte desse repertório as obras de artistas modernistas, plantas tropicais e obras de arte oriundas tanto de civilizações não-ocidentais quanto de outros momentos da história da arte valorizados como genuínos, tal qual o caso da arte barroca brasileira.

 

 

NÚCLEO E

Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM)

Ao voltarem da França, em 1932, Lasar e Jenny Segall envolvem-se na fundação de uma associação de apoio à arte moderna em São Paulo. Nascia a Sociedade Pró-Arte Moderna, a SPAM, cujas reuniões preliminares ocorreram na casa de Mina e Gregori Warchavchik. Desejava-se criar uma entidade capaz de realizar conferências, exposições, recitais e concertos, congregando artistas modernos, pintores, músicos, literatos, arquitetos, jornalistas e mecenas, chamados “amigos da arte”.

A sede da SPAM dispunha de uma biblioteca e um espaço para o estudo e a produção artística. Os fundos necessários à realização destas atividades provinham não apenas das contribuições dos associados, como também do dinheiro arrecadado em bailes e festas promovidas periodicamente. O primeiro destes eventos, chamado São Silvestre em Farrapos, teve lugar na passagem do ano de 1933. Os bailes da SPAM marcaram época, pois resultavam da colaboração dos talentosos artistas associados à entidade. Músicos e coreógrafos criavam peças originais, e a decoração ficava a cargo dos expoentes da pintura moderna brasileira.

 

 

Núcleo F

Irmãos

Os filhos de Maurício Freeman Klabin, formaram-se na Europa. Na Suíça, receberam a melhor educação disponível, que privilegiava a formação humanística, com ênfase nas línguas, letras e artes. Mina demonstraria apreço pela música, estudando piano e canto por longos anos. Mais tarde, atuaria na produção de projetos paisagísticos associados à arquitetura modernista. Mina abandona a tradição de se privilegiar espécies estrangeiras preferindo adotar exemplares da flora brasileira, como cactos e plantas tropicais. Roberto Burle Marx mencionaria Mina como sendo a inspiradora e Jenny se dedicaria à literatura, tendo traduzido ao português diversas obras originais do alemão e do francês de Goethe, Racine, Moliere e Corneille. Luiza, também formada na Europa, era violinista, e casou-se com o médico alemão Luiz Lorch, com quem teve cinco filhos. Maneco administrava os negócios, como a cerâmica que produzia a matéria-prima para muitas das construções realizadas nos terrenos da família.

 

 

NÚCLEO G

Museu Lasar Segall

Desde a morte de Lasar Segall, em 1957, sua viúva e filhos, Mauricio e Oscar Klabin Segall, fomentaram a ideia da fundação de um museu dedicado à vida e à obra daquele artista. Jenny empenhou-se na documentação da obra do seu falecido marido, autenticando milhares de desenhos, gravuras e pinturas e organizando os registros de sua atividade. Organizou também uma grande exposição itinerante que percorreu várias cidades da Europa e Israel. Em 1967, alguns meses após o falecimento de Jenny Klabin Segall, o Museu Lasar Segall iniciou suas atividades, como uma fundação de direito privado, mantida pelos herdeiros. Em 1984, Maurício e Oscar, filhos do artista, decidem transferir grande parte do acervo e instalações à nação, tornando-os patrimônio público.

O Museu Lasar Segall proporciona outras atividades como oficinas de arte, fotografia e literatura, mostras de filmes e uma grande biblioteca especializada em teatro e artes do espetáculo, extrapolando as funções tradicionais dos museus.

 

 

NÚCLEO H

Casa da Afonso Celso/Paris - Tablado

Do casamento entre Jenny e Lasar nascem Maurício Klabin Segall, em 1926, em Berlim, e Oscar Klabin Segall, em 1930. A família radicou-se na França entre 1928 e 1932, numa tentativa de reaproximação de Lasar Segall com o universo artístico europeu. Quando decidem retornar ao Brasil, estabelece-se uma troca de cartas entre as irmãs Jenny e Mina, tratando dos arranjos para a instalação da família em São Paulo. Nessa época, Gregori Warchavchik já havia projetado as casas econômicas na Vila Mariana, nas imediações do casarão de Maurício Freeman Klabin. As casas econômicas foram projetadas e construídas a partir das diretrizes modernistas contidas no manifesto de Warchavchik. O mobiliário era construído em oficinas em São Paulo, sob a orientação dos preceitos da Escola de Bauhaus.

 

Especulação imobiliária

Após o falecimento de Gregori Warchavchik, a casa modernista da Rua Santa Cruz e o grande jardim circundante tornaram-se alvo da especulação imobiliária. Em 1983, os moradores do bairro uniram-se para impedir a venda da área a uma construtora, que ergueria um conjunto residencial de alto padrão no espaço. Fundou-se a Associação Pró-Parque Modernista (APPM). O Museu Lasar Segall tomou parte ativa no movimento, organizando manifestações e pondo em cartaz uma exposição sobre o tema. O esforço da comunidade resultou no tombamento do espaço. A APPM administrou o Parque até 1994, quando as atividades cessaram e a área ficou fechada à visitação. O parque reabriu em agosto de 2004.

 

 

 

 

 

< início

Ocupação Gregori Warchavchik

De 27 de abril a 23 de junho

 

No Itaú Cultural

Terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h
(permanência até as 20h30)

Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h

Piso térreo

Classificação indicativa: Livre

Entrada gratuita

Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô

Fones: 11. 2168-1777

Acesso para pessoas com deficiência

Ar condicionado

Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108

Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:

3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.

Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

     

 

 

No Museu Lasar Segall

Quartas-feiras a segundas-feiras, 11h às 19h

Classificação indicativa: Livre

Entrada gratuita

Rua Berta, 111

Fone: 11. 2168-1777

Café | Wi-Fi | Fraldário | Bicicletário

Ar condicionado

 

Realização:

Assessoria de Imprensa: Conteúdo Comunicação

Fone:  +55 11 5056-9800

 

 

No Itaú Cultural:

Fone: 11.2168-1950

Carina Bordalo (programa Rumos)

Fone: 11.2168-1906