Acessibilidade
Agenda

Fonte

A+A-
Alto ContrasteInverter CoresRedefinir
Agenda

Rumos 2013-2014: Entre Cinemas ou um Chaplin da Amazônia

As Aventuras de Pistolino selecionado: Luís Gustavo Ferraz Rodrigues Primeiro veio a paixão pelo cinema, ainda na adolescência....

Publicado em 14/07/2014

Atualizado às 20:56 de 02/08/2018

obra: As Aventuras de Pistolino
selecionado: Luís Gustavo Ferraz Rodrigues


Primeiro veio a paixão pelo cinema, ainda na adolescência. Depois, já na faculdade, o encontro com um dos principais documentaristas do país: Luís Nachbin. Por último, já como profissional, o interesse especial por documentar artistas e seus respectivos processos criativos. É assim, ao ligar essas três pontas, que se chega ao projeto de Luís Gustavo Ferraz Rodrigues: o longa-metragem As Aventuras de Pistolino.

A proposta do filme é contar a história de Jair Rangel de Souza, outro apaixonado pela sétima arte, que há quase duas décadas faz cinema mudo e em preto e branco. É, segundo a definição de Rodrigues, um “Chaplin da Amazônia em pleno século XXI”.

Tente visualizar o que daria a mistura Carlitos e Jeca Tatu? É por essa linha que surge Pistolino, o personagem principal de todos os curtas de Jair Rangel de Souza (já são cinco), também responsável por interpretá-lo e por quase tudo o mais que envolve o fazer cinema – e isso quer dizer produção, roteiro, direção e até mesmo algumas geringonças que ele mesmo fabrica para conseguir filmar.

Souza foi descoberto graças ao Entre Fronteiras, programa do canal Futura apresentado e dirigido por Nachbin em que Rodrigues é assistente de direção. Até o momento, o contato entre os cineastas se deu apenas pelo telefone. Foram muitas as ligações entre Rio de Janeiro, onde vive Rodrigues, e Porto Velho (RO), lugar que o paranaense Souza escolheu como residência, para que se formatasse a iniciativa da cinebiografia. Até porque, os 26 minutos do episódio televisivo não davam conta de relatar toda a filmografia nem a jornada migrante que constitui a história de vida do homem por trás de Pistolino.

A mais recente dessas ligações foi para avisar Souza que o documentário foi selecionado pelo projeto Rumos e, portanto, será viabilizado. Além de ser de certa forma homenageado, Souza teve um motivo a mais para vibrar com a notícia. O projeto também possibilitará a realização de seu sexto curta-metragem, Pistolino e o Lobisomem Mineiro. E, ao acompanhar as filmagens de mais uma aventura de Pistolino, Rodrigues “puxará os fios” para traçar a biografia de Souza.

“Eu gosto especialmente do roteiro desse curta, porque parece encapsular todas as marcas de Jair, tanto de conteúdo quanto as traquitanas que ele usa para filmar. Me parece ser o filme perfeito como metonímia da obra dele”, explica Rodrigues.

Por que Pistolino?

As Aventuras de Pistolino será o primeiro longa-metragem de Rodrigues, 28 anos, como diretor. Formado em cinema e publicidade e há sete anos trabalhando ao lado de Nachbin, cabe a pergunta: por que contar a história de Souza e não a de outro dos muitos personagens já retratados no programa Entre Fronteiras?

A resposta está, a princípio, na paixão pela sétima arte. Rodrigues quer relatar a vida e a obra de um homem (Jair Rangel de Souza) que, na visão dele, “acabou compondo uma das mais puras declarações de amor que o cinema já recebeu”.

Há também muito da influência de Nachbin. Não só por ter possibilitado a ponte com Souza e ser parceiro deste longa – ele atuará como produtor executivo e sua produtora, a Matrioska Filmes, dará todo o suporte necessário, como equipamento de gravação, ilha de edição, entre outros –, mas também por ter despertado em Rodrigues o interesse por registrar histórias de não ficção. “Eu aprendo todos os dias com ele”, frisa.

Além disso, em outros trabalhos que vem desenvolvendo, especialmente, como diretor, produtor e editor dos web-documentários especiais do Prêmio IP de Arte – PIPA, Rodrigues descobriu um interesse especial por documentar artistas e seus respectivos processos criativos. Nesse aspecto, Souza é um prato cheio.

“Ele é um cineasta único que, além de reunir vários traços pitorescos, personifica elementos fortes da história do cinema mundial, como a comédia muda e a linguagem clássica, e do cinema brasileiro, como a própria dificuldade de se fazer cinema fora do que seria uma indústria”, justifica.

Quem quiser ter um gostinho do que é, afinal, essa mistura de Jeca Tatu e Carlitos pode conferir aqui o último curta de Jair Rangel de Souza, Pistolino na Maior Floresta.

Compartilhe