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Rumos 2015-2016: Dancidades

Trocar conhecimentos e experiências do fazer artístico, produzir coletivamente e discutir as formas de fazer dança no país com...

Publicado em 22/05/2017

Atualizado às 10:51 de 03/08/2018

Por Jessica Orlandi

Trocar conhecimentos e experiências do fazer artístico, produzir coletivamente e discutir as formas de fazer dança no país com pensadores, fazedores e público em geral. Esses são os objetivos do Dancidades: Dança e Cidadania, projeto da Ginga Cia de Dança, de Campo Grande (MS), contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural.

O projeto, que está em sua terceira edição – as demais foram realizadas em 2013 e 2014 –, vem promovendo na sede da companhia cursos e oficinas dedicados a artistas da dança e demais interessados de Campo Grande e do interior do estado de Mato Grosso do Sul. Abrindo espaço para a discussão de temas ligados à dança, sempre abordando as especificidades e pluralidade de cada região do país, os encontros contam com a participação de renomados pesquisadores e profissionais da área.

“Nos últimos anos, fomos percebendo a necessidade de capacitar nossos bailarinos, já que eles estavam desenvolvendo outras atividades – dando aulas, coreografando ou dirigindo espetáculos – fora da Ginga Cia de Dança”, conta Renata Leoni, coordenadora pedagógica do projeto. “Tentamos ajudá-los na preparação para o mercado de trabalho, trazendo essa capacitação focada na questão da formação, tanto interna quanto externa.”

O primeiro módulo do projeto, intitulado Dramaturgia/Modos de Criação em Dança, foi realizado em novembro de 2016 e contou com a participação de Dudude Herrmann (MG) e Flávia Meirelles (RJ). De 23 a 25 de junho de 2017, acontecem o segundo e o terceiro módulos – Metodologia de Ensino da Dança e Gestão e Sustentabilidade de Iniciativas em Dança, respectivamente –, com a presença de Galiana Brasil (SP), João Vicente (TO), Lamira – Grupo de Artes Cênicas (TO), Mariana Pimentel (RJ), Marcos Mattos (MS), Rafael Guarato (GO) e Uxa Xavier (SP).

[caption id="attachment_97904" align="aligncenter" width="537"]Dudude Herrmann e Flávia Meirelles em conversa promovida pelo projeto Dancidades Dudude Herrmann e Flávia Meirelles em conversa promovida pelo projeto Dancidades[/caption]

 

Renata acrescenta que nesta terceira edição do Dancidades a companhia optou por um formato ainda mais interativo e participativo. “As primeiras edições foram cursos formais. Agora, estamos saindo um pouco dessa coisa engessada de professor/aluno”, conta. “Na parte que trata da metodologia de ensino, por exemplo, vamos fazer uma oficina de dança para crianças e trazer Uxa Xavier. Já em sustentabilidade, teremos Lamira – Grupo de Artes Cênicas apresentando o espetáculo Gibi e participando de um seminário.”

Fronteiras espaciais e comportamentais

De acordo com Renata, a distância geográfica entre os grandes centros dos diversos estados brasileiros ainda é um limitador para a profissionalização e atualização das pessoas que atuam com dança no país. No entanto, ela acredita que esse fator, considerado “negativo”, pode ter sido a razão do sucesso das duas primeiras edições do projeto em Campo Grande. “A distância ainda é um limitador. Mas, por outro lado, aqui na cidade nós temos facilidade de locomoção; as pessoas estão ávidas por conhecimento e por troca de informação”, diz ela. “Há um grande potencial de crescimento artístico e cultural.”

A respeito da participação masculina nos projetos da Ginga e de dança em geral, Renata afirma que o número vem aumentando, principalmente em razão das danças urbanas, vertente que cresce em todo o país. “Aqui em Campo Grande não é diferente. Temos muitos grupos de dança urbana que estão começando a fazer conexões com os de dança contemporânea, trabalhando com criação”, explica. “Então nós temos uma moçada bem jovem trilhando esse caminho e já sonhando em viver disso. A quantidade de garotos fazendo nossos cursos surpreende as pessoas que vêm de fora.”

Sobre a Ginga Cia de Dança

Com 30 anos de trajetória, a Ginga Cia de Dança – inicialmente Grupo Ginga –, do bailarino, coreógrafo e diretor Chico Neller, surgiu no dia 1° de maio de 1986 com o objetivo de dançar livremente todos os estilos, como forma de divulgar a dança para o máximo de pessoas. Formada atualmente por Adailson Dagher, Franciella Cavalheri, Jackeline Mourão, Laura de Almeida, Marcos Mattos, Ralfer Campagna, Reginaldo Borges e Roberta Siqueira, é a mais antiga e uma das principais companhias de dança de Mato Grosso do Sul.

Em 1988, buscando ampliar suas conquistas, a Ginga aventurou-se fora de Mato Grosso do Sul, participando pela primeira vez do Encontro Nacional de Dança (Enda), que aconteceu em São Paulo, no Theatro Municipal. Nessa época, já realizava anualmente espetáculos próprios em teatros de Campo Grande. Durante dez anos – de 1989 a 1999 –, participou regularmente dos principais festivais de dança do país e, por sua trajetória em festivais, recebeu mais de 30 prêmios, concorrendo com grupos e companhias de todo o Brasil.

Para a manutenção de sua estrutura, a companhia contou com o apoio de algumas instituições privadas e públicas de educação e cultura. No entanto, sua principal parceira foi a Fundação Municipal de Cultura de Campo Grande, com a qual realizou o Projeto Dançar por 15 anos, dando aulas para crianças e adolescentes da cidade e investindo na formação de bailarinos, que viriam a ser os futuros integrantes de seu elenco profissional.

Desde 2000, vislumbrando caminhos para a capacitação profissional, a Ginga Cia de Dança vem investigando processos de criação com a finalidade de consolidar sua identidade. A qualidade técnica dos integrantes é sua marca registrada, com elenco formado exclusivamente por bailarinos de Mato Grosso do Sul e com produções que têm o compromisso com a pesquisa e que refletem a atenção com os temas da região. Os espetáculos mais recentes do grupo são Cultura Bovina? (2007), Amor Líquido (2008), Estudos de Superfície (2010) e Se Você Me Olhasse nos Olhos (2013).

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