Rumos Artes Visuais 1999-2000 +
Rumos Arte e Tecnologia – Novas Mídias 1998-1999
O programa Rumos foi formulado no final dos anos 1990 com as áreas de Novas Mídias e Artes Visuais. Sua premissa geral – fomentar produções emergentes em todo o território nacional, promovendo mapeamentos, incentivos à produção e trocas entre agentes de diversas regiões – foi aplicada a essas áreas, criando as bases de programas que duraram 15 anos e passando por diversos ajustes ao longo do tempo. Em sua primeira edição, o Rumos Artes Visuais confrontou-se com contrastes regionais que dificultavam um
entendimento comum da arte contemporânea e, sobretudo, dos sistemas de produção, formação e circulação da arte. Experimentações em fotografia e vídeo, na primeira edição e na seguinte, serviram como um meio de convergência entre as produções de contextos tão distintos. Nesse momento, o programa exercia papel legitimador comprometido com uma imagem pluralista do país, ao mesmo tempo que descobria seu potencial como rede de encontro e, potencialmente, de reflexão.
Paulo Miyada
RUMOS ARTES VISUAIS 2001-2003
RUMOS ARTE E TECNOLOGIA – TRANSMÍDIA 2002-2003
Consolidando-se em sua segunda edição, o Rumos Artes Visuais fortaleceu sua identidade como espaço de formação não apenas para artistas, mas também para curadores. Ao mesmo tempo, iniciativas em várias partes do país refletiam a disposição do circuito de arte brasileiro em fomentar e divulgar a produção de artistas em processo de formação, em programas de abrangência nacional ou regional. Estavam sendo feitas apostas para o futuro da arte no Brasil. Ainda que algumas regiões se mostrassem mais resistentes e muitas iniciativas tenham se descontinuado por falta de recursos e planejamento, os espaços para a arte contemporânea se multiplicaram no começo dos anos 2000, tanto em quantidade quanto em diversidade de modelos de gestão. Para parte dos artistas, a ênfase nos debates sobre a novidade das linguagens foi em muitos casos superada pela disposição concreta de atuar em espaços físicos e simbólicos do espaço urbano. Enquanto isso, o Rumos Novas Mídias tornou-se Transmídia, refletindo as urgências em se definir conceitos suficientemente abrangentes para as produções nascentes.
Paulo Miyada
RUMOS ARTES VISUAIS 2005-2006
RUMOS ARTE E TECNOLOGIA – ARTE CIBERNÉTICA 2006-2007
Com 79 artistas selecionados, a terceira edição do Rumos Artes Visuais enfatizou certo
equilíbrio e abrangência na abordagem das linguagens – do desenho ao vídeo, passando pela instalação e pela intervenção urbana –, ao mesmo tempo que concentrou seus esforços reflexivos em pensar os significados associáveis ao conjunto da produção emergente da arte contemporânea brasileira. Nos argumentos dos curadores e palestrantes convidados, foram recorrentes as discussões sobre os contrastes e continuidades entre as particularidades dos contextos locais e as tendências de alcance global. Também foram discutidas algumas das expressões mais comuns nos debates sobre arte brasileira dessa década: os coletivos artísticos; os reflexos de uma crescente internacionalização; e a profissionalização do circuito no que tange a seus mais jovens artistas. Paralelamente, o desenvolvimento recente da área de arte e tecnologia levou à adoção de um terceiro e definitivo nome para sua seção do Rumos: a arte cibernética.
Paulo Miyada
RUMOS ARTES VISUAIS 2008-2009
RUMOS ARTE E TECNOLOGIA – ARTE CIBERNÉTICA 2009
Diante da impressionante multiplicação de programas para artistas emergentes, em
todas as latitudes do país, a abrangente equipe curatorial dessa edição do Rumos Artes Visuais constatou que havia se concretizado uma das metas originais do programa Rumos: certa universalização da ideia de arte contemporânea em escala territorial. Simultaneamente, porém, preocuparam-se com os possíveis
efeitos colaterais dessa expansão, assim como com suas lacunas, omissões e descontinuidades mais graves. As exposições com os artistas selecionados após a etapa de mapeamento deram destaque a reflexões sobre localidade e espaço, o que fez ecoar nas exposições a qualidade inter-regional do programa. Enquanto isso, o Rumos Arte Cibernética alcançou sua última edição, confrontando os possíveis hiatos entre seu campo de atuação e aquele da arte contemporânea.
Paulo Miyada
RUMOS ARTES VISUAIS 2011-2013
Em sua última edição, o programa Rumos Artes Visuais enfatizou a ideia de viagem como seu tema e princípio fundamental – capaz mesmo de suplantar a preocupação da edição prévia com a cultura popular de cada sítio. Em retrospecto, tendo em vista os 15 anos de sua realização, o quadro encontrado mostra que o deslocamento é uma marca dessa geração de artistas e faz parte de suas trajetórias de vida, de suas
oportunidades profissionais e mesmo, em escala internacional, de parte das chaves de leitura de seus trabalhos. Além dos aspectos citados nas outras edições, destaca-se grande mudança na abordagem do
vídeo pelos artistas. Com essa edição, missão parcialmente cumprida, o Rumos Artes Visuais encerrou o modelo que o difundiu, dando lugar a um novo programa transdisciplinar de fomento.
Paulo Miyada