A escritora Maria Firmina dos Reis (1822-1917), primeira romancista brasileira, fornece a inspiração de uma peça que estreia no Itaú Cultural (IC) em 12 de outubro e permanece em cartaz até o dia 22 do mesmo mês: Maria Firmina dos Reis, presente!. Com texto do poeta, ensaísta e teatrólogo Marcelo Ariel e da atriz, diretora e dramaturga Lena Roque, o espetáculo tem sessões de quinta a sábado, às 20 horas, e aos domingos e no feriado do dia 12, às 19 horas. Nos dias 21 e 22, após as sessões ocorrem bate-papos com os artistas.
Reserve o seu ingresso pela plataforma Inti a partir de 4 de outubro (primeira e segunda semanas).
Veja também:
>> “Maria Firmina dos Reis, 200 anos: o que sua vida e obra podem ensinar”
>> entrevista de Marcelo Ariel na série Um certo alguém
A peça é um encontro entre Maria Firmina e a plateia. Ela se apresenta, fala da sua biografia, interage. “O objetivo”, informa o release, “é criar uma expansão e reconstrução de uma imagem viva de Maria Firmina dos Reis, apontando para o amanhã”. Descrita como um drama literário-musical, a obra traz o piano de Roberto Mendes Barbosa. Pensada como peça-manifesto, denuncia o racismo e o esquecimento que sofreu a escritora maranhense.
A dramaturgia de Maria Firmina dos Reis, presente! une escrita poética e reelaboração dos textos da escritora, autora do romance Úrsula (1859, disponível on-line) e do livro de poemas Cantos à beira-mar (1871), entre outras obras. Além disso, conta com áudios das escritoras Cidinha da Silva, Eliane Alves Cruz e Luciana Diogo, que trocam perguntas e respostas com Maria Firmina. A direção e a atuação são também de Lena Roque.
Leia abaixo um trecho da peça:
“Eu sou Maria Firmina dos Reis. Nasci em 11 de outubro de 1822, em São Luís, Maranhão. Minha mãe, Leonor Felipa dos Reis, ex-escravizada. No papel tive um pai, João Pedro Esteves, branco, sócio do antigo sinhô da minha mãe. Fui, sim, a primeira escritora negra do Brasil e também professora, compositora, musicista. Autodidata. Em 1880, fundei uma escola mista com aulas gratuitas, mas durou pouco, gerou muito ódio nas famílias ‘abastadas’ de Maçaricó, município de Guimarães, também no Maranhão. Sociedade elitista, patriarcal, escravocrata. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Eu passei pela Lei Eusébio de Queiroz, 1850, pela abolição da escravidão, 1888, e pela proclamação da República, 1889. Fiz minha passagem para o Orum em 11 de novembro de 1917, eu tinha 92 anos, infelizmente já estava cega, pobre, óbvio! No museu Histórico do Maranhão, meu retrato é de uma mulher de nariz fino e cabelos lisos. Mentira. Eu nunca disse que era negra, hoje afirmo: sou PRETA. A primeira escritora negra do Brasil ‘varonil’! Eles? São racistas, desde o início!”
Maria Firmina dos Reis, presente! [com interpretação em Libras]
quinta 12 a domingo 22 de outubro de 2023
quinta a sábado, às 20h
domingo e feriados, às 19h
[duração aproximada: 60 minutos]
Sala Itaú Cultural – 224 lugares
[classificação indicativa: 14 anos, segundo autodefinição]
Reserve o seu ingresso pela Inti a partir de 4 de outubro (primeira e segunda semanas)
Entrada gratuita