O Itaú Cultural recebe a mostra de cinema “Passados Presentes, Futuros Possíveis”, reunindo debates sobre crise climática, racismo ambiental e direito ao território, em sessões presenciais e exibições on-line na IC Play
Publicado em 28/10/2025
Atualizado às 11:46 de 29/10/2025
A IC Play promove a mostra Passados presentes, futuros possíveis, que convida o público a refletir sobre como a crise climática afeta o cotidiano, especialmente nas periferias, e sobre os caminhos para uma convivência mais equilibrada com o meio ambiente. A programação presencial inclui exibições de filmes e debates com especialistas, nos dias 6 e 13 de novembro, no Itaú Cultural. Já a exibição on-line começa no dia 7 de novembro.
A iniciativa integra o projeto Ancestralidades, uma parceria entre o Itaú Cultural e a Fundação Tide Setúbal, e apresenta filmes com diversidade de olhares sobre meio ambiente, desigualdades históricas e sociais e futuros sustentáveis.
Programação presencial
6 de novembro (quinta-feira) | 19h às 21h30
Exibição dos filmes A fumaça e o diamante, de Bruno Villela, Fábio Bardella e Juliana Almeida e A cidade é uma só?, de Adirley Queiroz, seguida de conversa com Maíra Silva.
A fumaça e o diamante (2023)
direção: Bruno Villela, Fábio Bardella e Juliana Almeida | 5 minutos
Em outubro de 2016, três meses após o impeachment de Dilma Rousseff, a aldeia Catrimani (Terra Indígena Yanomami-AM/RR) sediava a VIII Assembleia da Associação Hutukara. Durante a noite, uma intensa fumaça toma a aldeia enquanto se dá o reencontro de uma família Yanomami no pátio central.
A cidade é uma só? (2013)
direção: Adirley Queirós | 79 minutos | 10 anos
Reflexão sobre os 50 anos de Brasília, tendo como foco a discussão sobre o processo permanente de exclusão territorial e social que uma parcela considerável da população do Distrito Federal e do Entorno sofre, e de como essas pessoas restabelecem a ordem social através do cotidiano. O ponto de partida dessa reflexão é a chamada Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), que, em 1971, removeu os barracos que ocupavam os arredores da então jovem Brasília. Tendo a Ceilândia como referência histórica, os personagens do filme vivem e presenciam as mudanças da cidade.
Bate-papo com Maíra Silva
A conversa gira em torno do racismo ambiental e justiça climática,  a partir das obras exibidas.
Maíra Rodrigues da Silva é bióloga de formação, mestre e doutoranda no Programa de Geociências (IG/UNICAMP), na área de política e gestão de recursos naturais. Participa de pesquisas nacionais e internacionais sobre clima, resiliência, desastres e povos tradicionais. Nos últimos anos, desenvolveu trabalhos com temas de racismo ambiental, clima, impactos ambientais e povos e comunidades tradicionais. É quilombola de Ivaporunduva, Eldorado-SP.
13 de novembro (quinta-feira) | 19h às 21h30
Exibição do filme A grande feira, de Roberto Pires, seguida de conversa com Rodrigo Jesus. 
A grande feira (1961)
direção: Roberto Pires | 94 minutos | 12 anos
Ambientado em Salvador (BA), o filme retrata os dramas sociais e pessoais que se desenrolam em um grande mercado popular. Feirantes, prostitutas, marginais e mulheres da alta sociedade enfrentam conflitos e situações de risco, incluindo a ameaça de explosão de depósitos de gasolina, compondo um painel de comportamentos humanos e tensões sociais.
Bate-papo com Rodrigo Jesus
Estrategista da Campanha de Justiça Climática do Greenpeace e conselheiro da CONJUCLIMA, Rodrigo discute os desdobramentos do racismo ambiental e os desafios da juventude nas pautas ecológicas.  
Rodrigo Jesus é geógrafo, formado pela Universidade Federal da Bahia com mobilidade internacional na Universidade de Coimbra. Especialista em Direitos, Desigualdades e Governança Climática na Faculdade de Direito da UFBA, desenvolve planos de ação e projetos sobre justiça climática e eventos climáticos extremos enquanto estrategista de campanhas no Greenpeace Brasil.
Mostra Passados presentes, futuros possíveis [com interpretação em Libras]
quintas 6 e 13 de novembro
às 19h
[duração aproximada: 150 minutos]
Sala Vermelha – 70 lugares
[classificação indicativa: 10 anos]
Retire seu ingresso [a partir de 4 de novembro, às 12h]
Programação on-line 
(a partir de 7 de novembro)
Serras da Desordem (2006)
Direção: Andrea Tonacci | 135 minutos
Sobrevivente de um ataque de fazendeiros a seu povo, Awá-Guajá, na década de 1970, Carapirú anda sozinho pelas serras do Brasil central por dez anos, até ser capturado, em 1988, a 2 mil quilômetros de distância de seu ponto de partida. Levado a Brasília, torna-se manchete nacional e centro de uma disputa entre antropólogos e linguistas sobre sua origem e identidade. Misturando documentário e ficção, Serras da desordem reconstitui a jornada de sobrevivência de Carapirú e o choque cultural de sua “inserção” forçada no mundo do “homem branco”.
Martírio (2017)
Direção: Tatiana Almeida, Ernesto de Carvalho, Vincent Carelli | 161 minutos
Através de um longo resgate histórico, desde o século XVI, Martírio aborda as origens e a continuidade da violência e expropriação infligida contra o povo indígena Guarani-Kaiowá e sua luta pela demarcação de terras no estado do Mato Grosso do Sul. O filme retorna ao princípio da grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá, movimento que tem origens na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.
Cadê Edson? (2020)
Direção: Dacia Ibiapina | 72 minutos
O documentário apresenta a trajetória dos movimentos de luta por moradia em Brasília (DF), a partir de 2012, acompanhado um de seus militantes: Edson Francisco da Silva, homem negro, morador da periferia que se tornou um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e fundou, posteriormente, o Movimento de Resistência Popular (MRP). O filme retrata a perseguição sofrida pelos movimentos sociais por moradia, a violência policial na repressão às ocupações e os processos judiciais enfrentados pelos ativistas.
Lavra (2022)
Direção: Lucas Bambozzi | 101 minutos
Documentário que aborda os impactos da mineração no estado de Minas Gerais, especialmente nos locais devastados por desastres ambientais causados pelo rompimentos de barragens ao mesmo tempo em que investiga temas como pertencimento e identidade em meio à tragédia.
Camila, geógrafa, retorna à sua terra natal depois de o rio de sua cidade ser contaminado pelo maior crime ambiental do Brasil, provocado por uma mineradora transnacional. Camila segue o caminho da lama que atingiu o rio, varreu povoados, tirou vidas e deixou um rastro de morte e destruição, e começa a repensar seu estilo de vida. Decide fazer um mapeamento dos impactos da mineração em Minas Gerais e se envolve com ativistas e movimentos de resistência, saindo do individualismo para a coletividade. Lavra é um road-movie sobre perder um mundo e tentar recuperá-lo, sobre pertencimento e identidade, na guerra em curso entre capitalismo e a natureza.
Djaexáa Porã – um olhar para o futuro (2025)
Direção: Adolfo Wera Mirim e Ed Davis | 14 minutos
Um retrato utópico para os dias de hoje de uma família indígena guarani revivendo seus costumes ancestrais. O filme apresenta o pai de uma família, Adolfo Timotio Werá mirim, e os seus temores sobre o futuro e a perda de identidade dos jovens da comunidade. O documentário busca valorizar e registrar a riqueza da cultura Guarani, propondo uma reflexão sobre a importância da ancestralidade como caminho para um futuro mais equilibrado e sustentável.
A nave que nunca pousa (2025)
Direção:Ellen Morais | 15 minutos
Uma nave paira sobre uma comunidade quilombola no sertão da Paraíba. Seus moradores sofrem com as consequências desse acontecimento. O curta de ficção científica documental apresenta, com um olhar profundamente poético, os impactos do desenvolvimento econômico, climático e energético das fazendas eólicas do Nordeste Brasileiro.
Todos os filmes da programação on-line podem ser assistidos gratuitamente na IC Play.