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CineAula IC Play #6: A velhice como um tempo de dançar realizações

A sexta sequência didática do projeto “CineAula IC Play” trabalha com o curta-metragem “Guida”, dirigido por Rosana Urbes

Publicado em 08/09/2025

Atualizado às 16:26 de 15/09/2025

CineAula IC Play – 1a edição
Luz, câmera, educAção:
o streaming gratuito do cinema brasileiro na sala de aula

 

por Maria Paula de Jesus Correa

Sequência didática #6: A velhice como um tempo de dançar realizações

 

Ficha técnica

 

Filme: Guida (São Paulo, 2014)
Direção: Rosana Urbes

Produção: Belisa Proença e Cinema Sensível

Produção executiva: Bruno H. Castro e Thiago Minamisawa

Fotografia: Fabio Yamaji, Justin Madden, Marcello Machado e Ricardo E. Machado

Roteiro: Bruno H. Castro, Rosana Urbes e Thiago Minamisawa

Animação: Rosana Urbes

Empresa produtora: RR Animação de Filmes

Montagem: Ricardo E. Machado

Trilha sonora original: Fabiano Augusto (voz da última faixa), Gustavo Kurlat e Ruben Feffer

Design: Rosana Urbes

Desenho de som: Ana Luiza Pereira

Classificação indicativa: livre
Gênero: animação
Sinopse: Guida é uma arquivista que, há 30 anos, vive imersa na rotina silenciosa do Fórum João Mendes Jr., em São Paulo (SP). Um dia, lê um anúncio que procura um modelo-vivo e fica tentada. Porém, só depois de ver na televisão três mulheres que seguiram brilhando na maturidade (a cantora de ópera Maria Callas, a artista visual Tomie Ohtake e a dançarina Angel Vianna), Guida se inspira e decide, de fato, aceitar o convite para participar de aulas de modelo-vivo em um centro cultural. A experiência provoca nela uma mudança delicada e poética: sonhos adormecidos voltam à tona e a leveza da criação artística invade sua vida. Por meio do reencontro com o fazer artístico, a personagem redescobre o valor da leitura do mundo e de si mesma, aproximando-se da literatura e da escrita como meios de expressão e reinvenção. O curta convida o espectador a refletir sobre o poder transformador da arte, a força da sensibilidade e a beleza que floresce mesmo com o passar do tempo.

I. TRAILER PARA QUEM EDUCA


Caro professor e cara professora,

Pensemos nestas situações: Lúcia dá aula de língua portuguesa na Escola Estadual Carolina Maria de Jesus; Jéssica está se preparando para o vestibular; secundaristas colocam-se contrários ao fechamento de colégios. Mais do que circunstâncias, essas são cenas, respectivamente, da série Segunda chamada (2019-2021), do longa Que horas ela volta? (2015) e do documentário Escolas em luta (2017). Todas elas unem contextos de aprendizagem ao audiovisual criado no nosso país. As câmeras colaboram para discussões e imaginários acerca da educação no Brasil – em diferentes fases, com diferentes sujeitos. Mas por que começar esta conversa assim, recuperando takes? A razão nada tem de complicada: o que queremos mesmo é falar dessa combinação entre os fazeres cinematográfico e educacional, essência do novo projeto do Itaú Cultural (IC).

Com a intenção de aproximar o cinema da Educação Básica, estimulando o letramento audiovisual e a valorização das produções nacionais, apresentamos o CineAula IC Play. A cada mês, vocês podem conferir, aqui no site do IC, sequências didáticas baseadas em conteúdos disponíveis na IC Play, a nossa plataforma de streaming gratuita. Esta iniciativa busca oferecer ferramentas para a aplicação da Lei no 13.006/2014 – a qual obriga a exibição de filmes brasileiros nas escolas básicas –, entendendo, ainda, que a fruição estética e crítica corresponde a um direito e a um componente fundamental do processo formativo e cidadão.

Os exercícios propostos, vale salientar, estão em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e com o seu complemento, que aborda a área da computação. Em alguns casos, as tarefas podem suscitar debates sobre inteligência artificial (IA) em aula (tudo em conformidade com a Lei no 15.100/2025, que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis em sala, exceto quando utilizados para fins estritamente pedagógicos ou didáticos, sob orientação de educadores).

As atividades aparecem divididas em tópicos, cujas denominações remetem a termos do audiovisual, incorporando essas expressões ao nosso vocabulário. Esta parte, por exemplo, é como um trailer; depois, há o plano-sequência e os bastidores, vejam só. Fora isso, saibam que todas as produções selecionadas para o CineAula IC Play estão licenciadas para exibição em ambientes escolares. Logo, fiquem à vontade para assistir às indicações com os alunos.

Para prosseguir com o projeto, esta sequência didática traz o curta-metragem Guida (2014), dirigido por Rosana Urbes. “O filme fala sobre a passagem do tempo, a nostalgia e a busca poética pela inspiração como forma de renovação da vida”, comenta a cineasta. A animação foi premiada no Festival de Annecy (França) em 2015 e venceu em quatro categorias no Anima Mundi (Brasil) de 2014, sendo Rosana a primeira mulher a ganhar o prêmio de “Melhor curta-metragem” nesse festival brasileiro. Além de sugestões de atividades em torno de temáticas e linguagens mobilizadas pela obra, vocês podem conferir curiosidades, fotos e vídeos, indicação de leituras e outras fontes de pesquisa que abrem possibilidades para o trabalho com a história de Guida, uma mulher que, na velhice, se reencontra com sons, cores e a fruição da arte de maneira delicada e sólida.

Destacamos, por fim, que, embora este material tenha sido elaborado pensando em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) – segmento: Ensino Médio, ele pode ser adaptado para outras etapas da educação, desde que respeitada a classificação indicativa do filme. Nesse sentido, as adequações devem considerar as necessidades e os momentos de cada grupo, observando o seu ritmo e construindo um percurso que sempre respeite a todos.

Boa leitura! E boa sessão!

Pôster em tons pastéis do filme “Guida”
Pôster do curta-metragem Guida (2014) | imagem: divulgação

 

II. PLANO-SEQUÊNCIA

a)     Luz – Sons que encaminham para a luz

Objetivos

Este momento inicial tem como objetivo preparar os educados para a interação com o filme e promover uma leitura inferencial, buscando construir uma primeira ideia global sobre o conteúdo e o tom que envolveu a produção do curta-metragem em questão. Outras intenções são destacar e analisar elementos paratextuais, criando interesse e expectativa nos educandos para compreender a narrativa e as nuances nela presentes. Além de esta seção introduzir a história, levantar hipóteses sobre enredo e personagens e despertar o desejo de explorar o desconhecido, esse processo procura desenvolver habilidades críticas, como a antecipação e a inferência, fundamentais para a compreensão e o prazer de assistir a um filme.

Habilidades da BNCC

(EF15LP02) Estabelecer expectativas em relação ao texto que vai ler (pressuposições antecipadoras dos sentidos, da forma e da função social do texto), apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre as condições de produção e recepção desse texto, o gênero, o suporte e o universo temático, bem como sobre saliências textuais, recursos gráficos, imagens, dados da própria obra (índice, prefácio etc.), confirmando antecipações e inferências realizadas antes e durante a leitura de textos, checando a adequação das hipóteses realizadas.

(EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso etc.), de forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.

(EM13LP21) Produzir, de forma colaborativa, e socializar playlists comentadas de preferências culturais e de entretenimento, revistas culturais, fanzines, e-zines ou publicações afins que divulguem, comentem e avaliem músicas, games, séries, filmes, quadrinhos, livros, peças, exposições, espetáculos de dança etc., de forma a compartilhar gostos, identificar afinidades, fomentar comunidades etc.

(EM13LP53) Produzir apresentações e comentários apreciativos e críticos sobre livros, filmes, discos, canções, espetáculos de teatro e dança, exposições etc. (resenhas, vlogs e podcasts literários e artísticos, playlists comentadas, fanzines, e-zines etc.).

Mãos à obra

 

A trilha sonora original de Guida foi criada por Gustavo Kurlat e Ruben Feffer e é composta de seis músicas (cinco delas instrumentais): “Pétalas”, “30 anos”, “Descobertas”, “Guida”, “Nas nuvens” e “Palavras”, sendo essa última a única com letra, cantada por Fabiano Augusto. Para criar um ambiente mais imersivo para a conversa antes de assistir ao filme, coloque para a turma as músicas instrumentais.

Após a audição das faixas, apresente a afirmação a seguir, retirada do texto “Semiótica e gramática visual em cartazes cinematográficos”, de Flora Fernandes e David Fernandes (para mais informações, consulte as referências bibliográficas): “O cartaz [do filme] pode influenciar a direção do olhar, a leitura e a apreensão da mensagem. Esse arranjo irá interferir no modo de interação entre o cartaz e o leitor”.

Mostre, então, o pôster do filme e dê alguns minutos para que o grupo leia os textos verbal e não verbal do material. Em seguida, faça perguntas como:

1) O filme tem como título um nome de mulher, Guida. Você conhece ou já ouviu falar de alguma pessoa chamada Guida?

2) No cartaz, Guida aparece em um ambiente fechado. Que espaço seria esse? Como você justifica a sua hipótese?

3) É possível deduzir qual é a profissão de Guida?

4) Os gêneros fílmicos mais comuns são: ação, comédia, drama, ficção científica, terror, romance, suspense, fantasia e faroeste. A qual deles pode estar vinculado o curta-metragem Guida? As cores (e os seus tons) utilizadas no cartaz contribuíram para que você chegasse a essa possibilidade?

5) Depois de ler o cartaz e escutar as músicas que compõem a trilha sonora do filme, você tem alguma hipótese sobre o que a obra aborda?

6) A partir da audição da trilha sonora da animação, construa em trios uma playlist que “converse” com as músicas que você escutou há pouco. Juntem, pelo menos, seis músicas (se tiverem letra, que seja preferencialmente em português), escolham um título para a seleção e escrevam um breve comentário sobre ela.

Garanta tempo para que, além de responder às perguntas, os estudantes possam formular outras provocações.

Finalizada essa fase, exiba o curta para o grupo.

b)     Câmera Criatividade e imaginação: um modelo sempre vivo

Objetivos

 

A proposta desta atividade é que os educandos reflitam sobre a velhice (em especial, ser velho na contemporaneidade), núcleo temático do curta-metragem de animação Guida. As etapas dessa tarefa apontam para as nuances, por vezes paradoxais, de chegar a novos patamares de idade, começando por substituir palavras e expressões eufêmicas (senhora, terceira idade, melhor idade etc.) por velha/velhice/envelhecer de forma que tal processo demonstre dignidade e promova conexões entre familiares. A partir das relações entre experiências pessoais, coletivas, privadas ou públicas, dentro e fora do filme, os alunos poderão analisar como são construídas diversas visões a respeito da velhice. Desse jeito, o exercício busca desmistificar o envelhecimento e reforçar a ideia de que este é mais um processo natural a ser acolhido em sua totalidade.

 

Habilidades da BNCC e da BNCC Computação

(EF03LP16) Identificar e reproduzir, em textos injuntivos instrucionais (receitas, instruções de montagem, digitais ou impressos), a formatação própria desses textos (verbos imperativos, indicação de passos a ser seguidos) e a diagramação específica dos textos desses gêneros (lista de ingredientes ou materiais e instruções de execução – “modo de fazer”).

 

(EM13LP17) Elaborar roteiros para a produção de vídeos variados (vlog, videoclipe, videominuto, documentário etc.), apresentações teatrais, narrativas multimídia e transmídia, podcastsplaylists comentadas etc., para ampliar as possibilidades de produção de sentidos e engajar-se em práticas autorais e coletivas.

 

(EM13LP30) Realizar pesquisas de diferentes tipos (bibliográfica, de campo, experimento científico, levantamento de dados etc.), usando fontes abertas e confiáveis, registrando o processo e comunicando os resultados, tendo em vista os objetivos pretendidos e demais elementos do contexto de produção, como forma de compreender como o conhecimento científico é produzido e apropriar-se dos procedimentos e dos gêneros textuais envolvidos na realização de pesquisas.

 

(EM13LGG602) Fruir e apreciar esteticamente diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, assim como delas participar, de modo a aguçar continuamente a sensibilidade, a imaginação e a criatividade.

 

(EM13LGG703) Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos autorais em ambientes digitais.

 

(EM13CO22) Produzir e publicar conteúdo como textos, imagens, áudios, vídeos e suas associações, bem como ferramentas para sua integração, organização e apresentação, utilizando diferentes mídias digitais.

 

Mãos à obra

 

Depois da exibição de Guida, inicie as conversas perguntando aos estudantes se eles gostaram do filme e por quê. Questione também se o curta atendeu às expectativas que criaram, tendo em vista o título e as discussões preliminares.

 

Com base nessa conversa, traga outras questões, a fim de alcançar sutilezas da narrativa fílmica:

 

1) Vocês sabem o que se faz em um fórum? Já foram a um espaço assim?

 

2) Vocês já conheciam a profissão de modelo-vivo? (Educador, vale salientar que o modelo-vivo é valioso para artistas de todas as áreas, proporcionando uma experiência direta e realista com a figura humana, essencial para o desenvolvimento de suas habilidades e técnicas).

 

Antes de seguir com a discussão, reapresente os créditos da animação que são acompanhados pela canção “Palavras” e peça aos educandos que fiquem atentos aos desenhos e nomes de seus criadores. Apesar de ter apenas duas perguntas, esta etapa requer bastante tempo e cuidado. Retome o debate com os itens abaixo.

 

3) Vocês reconhecem alguma obra nos desenhos feitos da Guida? E algum dos artistas? (Lá estão, entre outros artistas: Frida Kahlo, Tarsila do Amaral, Laerte, Picasso, Otto Guerra, Maurício Negro e Genin Guerra.)

 

4) Nas aulas de literatura ou artes, vocês já estudaram algum artista, alguma obra ou algum estilo retratados no filme? Se sim, quais? Se não, quais chamaram sua atenção?

 

5) Guida é uma mulher velha, e podemos imaginar que já esteja se encaminhando para a aposentadoria (só de trabalho no fórum, ela tem 30 anos). A protagonista dá sinais de que não há mais tempo para seguir com seus sonhos. Todavia, três outras mulheres velhas aparecem para ela desenvolvendo atividades “consideradas para jovens”.

 

a)     Vocês reconhecem essas artistas? (Professor, trata-se da soprano Maria Callas, da artista plástica Tomie Ohtake e da bailarina Angel Vianna).

b)     Você conhece alguma mulher velha que continue desenvolvendo sua atividade profissional e recomeçando outra que foi um sonho de infância ou juventude?

 

Depois, apresente aos estudantes o podcast Escute as mais velhas (pode-se escolher um episódio para apresentar e, então, orientar que eles escutem os outros individualmente).

 


6)
Atualmente, o autocuidado tem sido um assunto estudado e discutido. Muitas técnicas para o cuidado físico e mental são criadas, assim como estão sendo revisitadas técnicas antigas de diferentes culturas. Entre tantas possibilidades, há a prática do escalda-pés. Vocês já fizeram ou viram alguém fazer um escalda-pés? Sabem do que se trata?

 

a) Professora, aponte que os estudantes, em trios, pesquisem a história desse exercício de autocuidado. Com eles, organizem um momento de conversa para socializarem sobre as descobertas. Em seguida, exiba o vídeo abaixo:

 

Aprenda a fazer 3 escalda-pés que mudarão o seu dia.

 

b) Oriente que seus alunos preparem uma receita de escalda-pés que será oferecida para alguém na própria escola. O recipiente (pode ser um copo ou potes plásticos reaproveitados, garrafas PET, sacolinhas plásticas, também reutilizadas, sacos de papel, trouxinhas feitas com retalhos de tecido etc.) que abrigará a receita deve conter:

 

i) uma etiqueta com nome e uma ilustração (os educandos devem levar em consideração hipóteses sobre qual imagem Guida escolheria a partir da reincidência de um motivo na animação, como as flores miúdas e os gestos da bailarina clássica);

ii) os ingredientes e o modo de preparo da receita.

 

Observação: se necessário, projete o curta mais uma vez.

Frame do filme “Guida”
Guida | imagem: divulgação

c)     Ação – Uma colagem do tempo

Objetivos

 

O intuito desta seção é provocar reflexões acerca da velhice e do lugar ocupado pelos velhos na sociedade contemporânea, bem como realizar atividades para desenvolver competências que mobilizem conhecimentos (conceitos e procedimentos) e habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais) e permitam a fruição.

 

Habilidades da BNCC e da BNCC Computação

 

(EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais).

 

(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.

 

(EM13LGG105) Analisar e experimentar diversos processos de remidiação de produções multissemióticas, multimídia e transmídia, desenvolvendo diferentes modos de participação e intervenção social.   

 

(EM13LGG701) Explorar tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC), compreendendo seus princípios e funcionalidades, e utilizá-las de modo ético, criativo, responsável e adequado a práticas de linguagem em diferentes contextos.

 

(EM13LGG704) Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa e busca de informação, por meio de ferramentas e dos novos formatos de produção e distribuição do conhecimento na cultura de rede.

 

(EM13CO22) Produzir e publicar conteúdo como textos, imagens, áudios, vídeos e suas associações, bem como ferramentas para sua integração, organização e apresentação, utilizando diferentes mídias digitais.

 

Mãos à obra

 

I. Oriente os estudantes a buscarem, na Enciclopédia Itaú Cultural, o verbete “colagem”. Para a leitura de exploração, aponte que façam leitura silenciosa e anotem os pontos de dúvida, o que acharam interessante, curioso, o que quebrou antigas ideias, descobertas vocabulares e o que mais quiserem indicar. Ao final desta etapa, convide a turma a fazer leitura compartilhada e colaborativa do texto, reforçando que essa leitura não significa apenas cada um ler “um pedacinho” em voz alta, e sim que, além de ler para o grupo, todos devem fazer comentários e expor suas dúvidas e seus achados, com a finalidade de enriquecer a própria experiência e a dos outros.

 

Verifique se todos entenderam que uma colagem ultrapassa a ideia de simplesmente recortar e colar “pedaços” de um material ou suporte. Indique que qualquer tipo de objeto pode ser recortado e colado posteriormente com recortes de objetos tanto da mesma natureza como de naturezas diferentes. E que é preciso intencionalidade antes de recortar e colar para que o novo texto (verbal ou não verbal) alcance coesão e coerência. 

 

II. Para garantir que os estudantes iniciem a atividade com intencionalidade, exiba mais uma vez o filme, se julgar necessário, pedindo a eles que atentem para a construção da velhice no curta-metragem. Projete também o teaser da Ocupação Angel Vianna e as fotos da velha bailarina contidas no site dessa exposição.

 

O que a imagem de Angel Vianna diz para eles sobre a velhice?

 

III. Oriente os estudantes a pensar no curta Guida como um modelo-vivo da velhice. Então, finalmente, convide-os a criarem um cartaz (colagem) que represente sua leitura dessa fase da existência. É importante chamar a atenção do grupo para os elementos característicos do gênero cartaz (multimodal, pois reúne textos verbal e não verbal). Para a composição da peça, devem ser considerados os conhecimentos adquiridos ao longo desta sequência didática sobre o curta, as discussões realizadas e os conhecimentos de mundo de cada um.  

 

Algumas perguntas podem colaborar na realização desta tarefa:

a) As pessoas velhas que vocês conhecem são mais parecidas ou mais diferentes com as que aparecem na animação?
b) Os velhos com quem vocês convivem continuam ativos? Expliquem.
c) Os idosos da sua família ocupam um lugar/papel de protagonistas ou são apenas figurantes?

 

O texto deve ser prioritariamente não verbal, mas o texto verbal deve estar ali também. Parte da colagem (imagem) deve ser construída por IA, usando-se qualquer plataforma gratuita. Sobre a proposta da IA, os alunos devem desenvolver uma complementação, incluindo outros desenhos, pinturas e escritos.  

 

Observação: caso sua escola não conte com computadores e/ou sinal de internet, a atividade pode ser realizada analogicamente sem prejuízo para os estudantes.

III. CORTA! QUE TAL UM POUQUINHO DOS BASTIDORES?

 

- Com cinco troféus, Guida é o filme mais premiado em 22 anos do Anima Mundi.

 

- O curta foi produzido com animação tradicional 2D, utilizando cerca de 8 mil desenhos feitos à mão, um trabalho artesanal de muita beleza.

 

- A cidade de São Paulo serve de cenário para o filme, e o fórum em que a personagem trabalha por 30 anos não é fictício: trata-se do Fórum João Mendes Jr., localizado na Praça João Mendes, no Centro da capital paulista.

 

- Rosana Urbes, diretora e criadora de Guida, foi a primeira mulher a ganhar o prêmio de “Melhor curta-metragem” no Anima Mundi.

 

- Guida foi selecionado para a Mostra nacional do Dia Internacional da Animação (DIA), o maior evento de animação simultâneo do mundo, que aconteceu no dia 28 de outubro de 2014, em 51 países e 240 cidades brasileiras.

 

- A diretora Rosana Urbes também é ilustradora. Entre seus trabalhos estão os livros Bendita casa maldita (1996), de Cecília Vasconcellos, Sonhando Santos Dumont (1997), de Sylvia Orthof, e O grilo (2022), de Lia Neiva.

IV. SOBEM OS CRÉDITOS

 

ADAMS, Júlia. Mulheres negras que mudaram o mundo. Cotia: Pé da Letra, 2023.

 

BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

 

BRASIL. Estatuto da Pessoa Idosa – Lei Federal no 10.741, de 1o de outubro de 2003.

 

BRASIL. Política Nacional do Idoso – Lei no 8.842/1994.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Computação complemento à BNCC. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2022. Disponível em: portal.mec.gov.br/docman/fevereiro-2022-pdf/236791-anexo-ao-parecer-cneceb-n-2-2022-bncc-computacao/file. Acesso em: 7 abr. 2025.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Proposta curricular para a Educação de Jovens e Adultos: segundo segmento do Ensino Fundamental: 5a a 8a série: introdução. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2002.

 

COLAGEM. In: ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termos/79953-colagem. Acesso em: 6 maio 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7.

 

COSTA, Denise Ferreira da. Mulheres negras 60+: histórias de vida na velhice. 2024. 190 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional) – Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2024.

 

FERNANDES, Flora; FERNANDES, David. Semiótica e gramática visual em cartazes cinematográficos. In: XVIII CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE, realizado de 7 a 9 de julho de 2016. Disponível em: repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/22243/1/Semi%C3%B3tica%20e%20Gram%C3%A1tica%20Visual%20em%20Cartazes%20Cinematogr%C3%A1ficos..pdf. Acesso em: 25 abr. 2025.

 

FUNDAÇÃO TIDE SETUBAL. Escute as mais velhas. Rio de Janeiro: Rádio Novelo, 2025. Podcast.

 

GOMES, Sandra Regina (coord.). Glossário coletivo de enfrentamento ao idadismo. 2 ed. Belém, PA: Editora Recriar, 2022. Disponível em: www.saopaulo.sp.leg.br/escoladoparlamento/wp-content/uploads/sites/5/2022/12/glossario_idadismo_2edicao.pdf. Acesso em: 29 jun. 2025.

 

MUSEU DA PESSOA. Tecnologia social da memória: para comunidades, movimentos sociais e instituições registrarem suas histórias. Disponível em: museudapessoa.org/wp-content/uploads/2021/06/Livro-Tecnologia-Social-da-Memoria.pdf. Acesso em: 28 jun. 2025.

 

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2015.

 

REIS, Maria Clareth Gonçalves. Mulheres, negras e professoras: suas histórias de vida. Rio de Janeiro: Brasil Multicultural, 2017.

 

SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal da Saúde. Aprenda a fazer 3 escalda-pés que mudarão o seu dia. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=DvZolyGTles&ab_channel=SecretariaMunicipaldaSa%C3%BAdedeS%C3%A3oPauloSMS. Acesso em: 29 jun. 2025.

 

STARTSE.COM. O que é prompt, como criá-lo e para que serve. Disponível em www.startse.com/artigos/o-que-e-um-prompt. Acesso em: 1 maio 2025.

 

VIANA, Angel. In: Ocupação Itaú Cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: www.itaucultural.org.br/ocupacao/angel-vianna. Acesso em: 20 jul. 2025.

 

 

MINIBIOGRAFIA DA ELABORADORA

 

Maria Paula de Jesus Correa (ela/dela) é mestra e doutoranda em letras pela Universidade de São Paulo (USP). Sua prática docente é engajada em uma educação antirracista e engloba: a formação de professoras da Educação Básica e de profissionais que tratam da leitura fora da escola; estudo e mediação de rodas de leitura, principalmente como instrumento para a construção de subjetividades fortalecidas contra o racismo; discussão crítica do cânone literário, incorporando novas vozes para sua ampliação, pluralidade e diversidade; e criação de materiais didáticos que acompanham obras literárias, sobretudo as que fazem parte do  Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

A imagem traz escrito: CineAula IC Play - 1ª edição. Luz, câmera, educAção: o streaming gratuito do cinema brasileiro na sala de aula.

 

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