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“Carnaval dos espíritos”, de Fino Coletivo

Superando as barreiras de espaço e tempo

Publicado em 19/12/2023

Atualizado às 11:02 de 19/12/2023

Por Jorge LZ

Após um hiato de nove anos, o Fino Coletivo está de volta com Carnaval dos espíritos, seu quarto álbum – gravado no Panela Rec Studios, em Lisboa, e lançado via Dobra Discos e Altafonte Brasil.

Criado no Rio de Janeiro por músicos cariocas e alagoanos em 2005, o grupo tinha em sua formação original Adriano Siri, Alvaro Lancellotti, Alvinho Cabral, Daniel Medeiros, Lucas Margutti, Marcelo Frota (Momo), Marcus (Coruja) Cesar e Wado. Nessa configuração, a banda lançou, em 2007, seu primeiro e homônimo álbum, que lhe rendeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo (APCA), na categoria Música Popular – Grupo Revelação, e o 6° Prêmio Rival Petrobras de Música, na mesma categoria.

Em 2010, o Fino Coletivo lançou seu segundo álbum, Copacabana, agora com uma nova formação: Lucas Margutti, Marcelo Frota e Wado deixaram a banda; o octeto virou sexteto, com a entrada de Donatinho. Copacabana ficou entre os dez melhores álbuns nacionais do ano, segundo o jornal O Globo. Em Massagueira, de 2014, álbum lançado através de uma campanha de financiamento coletivo, a banda passou por mais uma mudança, ficando com a seguinte configuração:  Adriano Siri, voz e guitarra; Alvinho Cabral, guitarra, violão e voz; Alvaro Lancellotti, voz e violão; Daniel Medeiros, baixo e violão; e Rodrigo Scofield, bateria e percussão.

Fotografia colorida com integrantes da banda Fino Coletivo. Na imagem, os integrantes estão posando para a foto em um gramado.  Há três integrantes em pé e outros dois sentados à frente.
Fino Coletivo (imagem: Daryan Dornelles)

Nessa trajetória, o grupo criou uma identidade sonora através de uma mistura de samba, choro, jazz, soul, rock e outras vertentes da música popular brasileira, estabelecendo uma ótima conexão com o público, que embarcou no trabalho popular e muito bem-acabado.

Em Carnaval dos espíritos, o Fino Coletivo, que acabou se reencontrando em Portugal, manteve a formação anterior e, mesmo com o intervalo de nove anos, não perdeu a fluência na criação, seja nas composições inéditas, seja nas releituras.

Das 11 faixas, 7 são inéditas, sendo 6 delas escritas por Alvaro Lancellotti: “Zanzar” e “Camarão”, ambas solo; “Ir e vir”, parceria com Samuel Samuca (integrante da banda Samuca & a Selva); “Jolie”, parceria com Anaïs Sylla, que participa dos vocais; “Cantiga de Pedro”, parceria com Diogo Gomes; e “Guru Pai”, parceria com Alan de Deus (companheiro de Alvaro no projeto Pra gira girar, uma celebração aos Tincoãs). A outra inédita é “Conta comigo”, escrita por Adriano Siri. Completam o álbum quatro releituras: “Alguma coisa mais pra frente”, de Thiago Nistal, Fipa, André Lima, Felipe Nistal e Corradi, lançada no álbum A farsa do samba nublado, de Wado & Realismo Fantástico, de 2004; “Gaiola do som”, parceria de Alvinho Cabral com Wado, Eduardo Bahia e José Araújo; e “Sotaque”, parceria de Alvinho Cabral com Wado e Eduardo Bahia, ambas lançadas no álbum Cinema auditivo, de Wado, em 2002; e “Leureny”, de Adriano Siri, que conta com a participação da cantora alagoana Leureny Barbosa e foi originariamente lançada pela banda Santo Samba.

Capa do álbum Carnaval dos espíritos, da banda Fino Coletivo. Na imagem, os integrantes da banda estão em frente a um trailer velho. Há três integrantes sentados em cadeiras, e dois em pé, um deles em frente à porta do trailer e outro em cima de uma escada. No topo esquerdo da imagem há o nome da banda e na base da imagem, centralizado, o nome do álbum.
Fino Coletivo (imagem: divulgação)

Além das participações especiais de Anaïs Sylla e Leureny Barbosa, em Carnaval dos espíritos aparecem Donatinho e Claudinho Andrade nos teclados; Diogo Gomes no trompete e no arranjo de sopros; Juninho Ibituruna e Zero Telles nas percussões; e Davi Moraes na guitarra. 

O Fino Coletivo superou a barreira da distância física entre seus membros e o intervalo de tempo desde seu último lançamento. O resultado de Carnaval dos espíritos demonstra uma grande maturidade, que fica clara nos arranjos e na escolha dos timbres, tudo isso conduzido com a leveza característica dos trabalhos da banda, que teve o passar do tempo como um grande aliado.

Coluna escrita por:

 Jorge LZ

Jorge LZ

Carioca, radialista, curador, pesquisador musical, produtor cultural e DJ. Produz e apresenta o programa semanal Na ponta da agulha, na Rádio Graviola, é curador do Festival levada e integra o Radialivres, coletivo de radialistas do Brasil. Foi idealizador e curador do Festival BRio e do projeto Verão musical no Castelinho, e produziu e apresentou os programas Geleia moderna, Radar e Compacto, na Rádio Roquette-Pinto.

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