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O que vem por aí: filmes nacionais para ficar de olho em 2024

Pelo terceiro ano, a coluna “Grande angular” aponta quais filmes dirigidos por mulheres devem ser lançados em 2024

Publicado em 24/01/2024

Atualizado às 11:46 de 23/01/2024

Por Luísa Pécora

Janeiro é o mês em que a coluna Grande angular olha para a frente e destaca alguns dos filmes nacionais mais aguardados do ano. Em sua terceira edição, a lista foca em longas-metragens dirigidos por mulheres com lançamento nas salas de cinema previsto para 2024, ainda que sem data definida.

 Nos últimos anos, o cinema nacional tem enfrentado grande dificuldade para conseguir espaço no circuito comercial. Espera-se que o cenário melhore com a volta da Cota de Tela (mecanismo que obriga as empresas exibidoras a voltar a incluir longas brasileiros em sua programação), mas o setor deve continuar a discutir estratégias para combater a ocupação predatória de Hollywood e aproximar o público das produções locais.

Os espectadores podem ajudar assistindo aos lançamentos nacionais no cinema – de preferência na semana de estreia, para aumentar as chances de o filme ficar mais tempo em cartaz. Veja, abaixo, dez produções para ficar de olho em 2024:

 

A alegria é a prova dos nove
Direção: Helena Ignez 

Ícone do cinema nacional, Helena Ignez volta às telas como diretora, roteirista e protagonista de A alegria é a prova dos nove, retomando também sua parceria com Ney Matogrosso, a quem dirigiu em Luz nas trevas – a volta do Bandido da Luz Vermelha (2010), Poder dos afetos (2013) e Ralé (2015). No novo longa, Helena interpreta a artista, sexóloga e roqueira Jarda Ícone, enquanto o cantor vive o defensor dos direitos humanos Lírio Terron. Amigos de longa data, eles relembram uma viagem que fizeram ao Marrocos Saariano décadas antes, e sobre a qual Jarda guardou um segredo.

Homem e mulher estão sentados na parte da frente de um iate. Eles estão descalços, com calças e camisas pretas, e ambos usam boné.
Helena Ignez volta às telas como diretora, roteirista e protagonista de A alegria é a prova dos nove, retomando também sua parceria com Ney Matogrosso (imagem: divulgação)

 

 

O barulho da noite
Direção: Eva Pereira

Único filme dirigido por uma mulher na competição de ficção do Festival de Gramado de 2023, o longa da cineasta Eva Pereira também foi a primeira produção de Tocantins a participar do evento. A trama é ambientada no isolado sítio onde Agenor (Marcos Palmeira) mora com a mulher, Sônia (Emanuelle Araújo), e as filhas, Maria Luiza (Alícia Santana) e Ritinha (Ana Alice Dias). A vida da família muda completamente quando Agenor parte em uma viagem e deixa seu ajudante, Athayde (Patrick Sampaio), cuidando da lavoura.

Duas meninas aparecem de costas, de mãos dadas, ao lado de uma árvore, no pôr-do-sol.
"O barulho da noite", de Eva Pereira, foi o único filme dirigido por uma mulher na competição de ficção do Festival de Gramado de 2023 (imagem: divulgação)

 

 

A batalha da Rua Maria Antônia
Direção: Vera Egito

Em 2 de outubro de 1968, durante a ditadura militar, estudantes de direita e de esquerda se enfrentaram na Rua Maria Antônia, em São Paulo (SP), onde estavam localizadas duas instituições de ensino: a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo e a Universidade Presbiteriana Mackenzie. O episódio é narrado pela diretora Vera Egito por meio de 21 planos-sequência que compõem o filme, ganhador do principal prêmio do Festival do Rio de 2023.

Foto em preto e branco mostra mulher jovem encostada em uma porta antiga. Ela tem cabelos crespos, está de saia, blusa de manga comprida e uma bolsa pequena na parte da frente do corpo. Ela está de braços cruzados e perto dela, na rua, se vê um Fusca preto. Ao seu lado, dentro do prédio, aparece uma caixa de cartas.
Cena de "A batalha da Rua Maria Antônia", de Vera Egito (imagem: divulgação)

 

 

O clube das mulheres de negócios
Direção: Anna Muylaert

 A diretora Anna Muylaert reuniu atrizes de peso para seu primeiro longa de ficção desde Mãe só há uma (2016). Irene Ravache, Katiuscia Canoro, Cristina Pereira, Louise Cardoso, Itala Nandi, Grace Gianoukas, Shirley Cruz, Polly Marinho, Helena Albergaria, Maria Bopp e Verônica Debom encabeçam o elenco do filme, ambientado em um mundo no qual os estereótipos de gênero foram invertidos: as mulheres ocupam o poder, enquanto os homens são criados para serem socialmente submissos.

Nove mulheres aparecem lado a lado, posando em  um gramado, na beira de um rio. Três mulheres estão sentadas e seis estão de pé. Elas usam roupas chiques e uma delas está com um cachorro branco, de pequeno porte, no colo.
"O clube das mulheres de negócios", de: Anna Muylaert, reúne grandes atrizes no elenco (imagem: Aline Arruda/divulgação)

 


Família de sorte
Direção: Viviane Ferreira

Depois do sucesso de Ó pai ó, 2, a diretora Viviane Ferreira já tem um novo projeto com grande potencial de público e que também combina humor com temas sociais. Micheli Machado e Robson Nunes interpretam Jennifer e Maicon, um casal que vive num conjunto habitacional de São Paulo (SP). Quando Jennifer é selecionada para participar de um reality show, Maicon tem de cuidar sozinho da casa e das duas filhas do casal, interpretadas por Duda Oliveira e Carol Roberto.

Quatro pessoas aparecem no meio de uma sala, sorrindo bastante. Um homem e uma mulher negros adultos estão bem perto de duas meninas, também negras. O sol bate na cortina atrás deles, amarelada. Ao lado deles aparece a cozinha da casa, com uma mesa onde se vê uma garrafa térmica azul.
"Família de sorte", de Viviane Ferreira, diretora de "Ó, pai ó, 2" (imagem: Stella Carvalho/divulgação)

 

 

A flor do buriti
Direção: João Salaviza e Renée Nader Messora

Exibido na mostra Um certo olhar do Festival do Cannes, A flor do buriti ganhou o Prix dEnsemble, troféu que reconhece o trabalho de toda a equipe. Parece apropriado, já que a dupla de diretores desenvolveu o longa em colaboração com a comunidade indígena Krahô e assinou o roteiro com Ihjãc Henrique Krahô, Ilda Patpro Krahô e Francisco Hyjnõ Krahô (estes últimos também integrantes do elenco). Rodado na aldeia Pedra Branca, em Tocantins, o filme retrata a resistência Krahô desde os anos 1940, quando a comunidade sofreu um brutal ataque de fazendeiros.

Grupo de crianças indígenas está no meio da floresta, olhando para cima. O destaque é o rosto de uma menina, de perfil, com os cabelos longos e lisos soltos.
Exibido na mostra Um certo olhar do Festival do Cannes, "A flor do buriti" ganhou o Prix d’Ensemble, troféu que reconhece o trabalho de toda a equipe (imagem: divulgação)

 

 

Levante
Direção: Lillah Halla

O primeiro longa-metragem da diretora Lillah Halla chegará ao circuito comercial em fevereiro, depois de uma bela trajetória em festivais que começou na Semana da crítica de Cannes e incluiu o Prêmio de Melhor Direção no Festival do Rio. A atriz Ayomi Domenica interpreta Sofía, jovem jogadora de vôlei que descobre estar grávida no momento em que se prepara para um campeonato decisivo. Ao tenta interromper a gestação, ela vira alvo de um grupo fundamentalista.

Jovem negra aparece atrás de uma rede de vôlei, em foto de close. Suas sobrancelhas são descoloridas e ela está bem séria.
"Levante", primeiro longa-metragem da diretora Lillah Halla, chegará ao circuito comercial em fevereiro (imagem: Wilssa Esser/divulgação)

 

 

Quando eu me encontrar
Direção: Amanda Pontes e Michelline Helena

Este é o primeiro longa-metragem das diretoras Amanda Pontes e Michelline Helena, que juntas já tinham realizado curtas e escrito A filha do palhaço (2002), de Pedro Diógenes. Ganhador do Prêmio de Roteiro no festival Olhar de cinema, Quando eu me encontrar mostra o impacto da súbita partida de Dayane na vida de outros três personagens: sua mãe, Marluce (Luciana Souza); sua irmã mais nova, Mariana (Pipa); e seu noivo, Antônio (David Santos).

Duas mulheres jovens estão sentadas em um ponto de ônibus. Cada uma está olhando para uma direção. A que olha para a esquerda está com uma sacola grande do lado do corpo. A outra usa boné , usa meia quadriculada de branco e preto, tênis e uma sacola em cima do colo.
"Quando eu me encontrar" é o primeiro longa-metragem das diretoras Amanda Pontes e Michelline Helena (imagem: divulgação)

 

 

Sem coração
Direção: Nara Normande e Tião

Conhecida pelo curta de animação Guaxuma (2018), Nara Normande faz sua estreia no longa-metragem com Sem coração, selecionado para o Festival de Veneza. O filme é dirigido em parceria com Tião e se passa em 1996, quando Tamara (Maya de Vicq) se prepara para deixar sua vila pesqueira no litoral de Alagoas e ir estudar em Brasília. Ao longo do verão, ela se sente atraída por uma misteriosa menina (Eduarda Samara), apelidada de Sem Coração por causa de uma cicatriz no peito. Previsão de estreia: 21 de março.

Quatro jovens, duas meninas e dois meninos, aparecem abraçados. Uma menina e um menino estão de costas, enquanto os outros dois aparecem de frente. O menino que aparece de frente é negro, com os cabelos curtos. A menina é branca, de cabelos longos e levemente ondulados. Eles estão dentro do mar e aparecem em close.
Cena de "Sem coração", de Nara Normande e Tião (imagem: Cinemascópio/divulgação)

 

 

Toda noite estarei lá
Direção: Suellen Vasconcelos e Tati Franklin

Ganhador dos prêmios de Direção e Atuação no festival Olhar de cinema, o documentário acompanha a cabeleireira trans Mel Rosário em sua incansável luta pelo direito à liberdade religiosa. Impedida de frequentar um culto, Mel vai à justiça e organiza seu próprio protesto: noite após noite, ela prepara cartazes e os leva para a porta da igreja, à espera do momento em que poderá entrar. Previsão de estreia: 30 de maio.

Mulher aparece em close, com os braços pra cima. Ela tem cabelos lisos e claros, além de sobrancelhas escuras. Ela usa máscara de pano no rosto,  branca com estampa de flores cor de rosa.
"Toda noite estarei lá" ganhou os prêmios de Direção e Atuação no festival Olhar de cinema (imagem: divulgação)

 

Coluna escrita por:

 Luísa Pécora

Luísa Pécora

Jornalista e criadora do site Mulher no cinema.

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