Obra integra o projeto “Arte urbana”, que convida artistas a intervir na fachada da organização
Publicado em 17/06/2025
Atualizado às 11:29 de 17/06/2025
A artista plástica e arte-educadora Ana Amália é a nova responsável por colorir a fachada do Itaú Cultural (IC), com a obra Jardim de e para cadeiras. Parte do projeto Arte urbana, a intervenção da artista ocupa o banco do prédio com flores e cadeiras que flutuam, criando um jardim.
Formada em artes visuais pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Ana é doutora em artes pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e pós-doutora pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Em 2002, após um acidente vascular cerebral (AVC) de tronco, ela adquiriu a síndrome do locked-in. Tetraplégica, muda e disfágica, segue com plena consciência e cognição. Com a ajuda de intérpretes, continua sua produção artística com vigor. Também conta com o apoio de Beatriz Correa, sua assistente de comunicação alternativa.
Conversamos com Ana e sua equipe de criação – Beatriz e Moa Simplício, amigo e parceiro artístico – sobre seu processo criativo, sua trajetória e suas inspirações.
Como começou sua relação com a arte?
Aos 10 anos, viajando com minha mãe, ela nos levava aos museus. Eu não parava quieta. Então, ela pegava um fôlder e dizia: “Vai achar esta imagem”. Um dia, em Berlim Oriental, achei um Renoir. E pronto: me apaixonei.
Como foi o processo de criação da obra para a fachada do IC?
A proposta era o tema de jardim urbano. Eu queria colocar as cadeiras. Lembrei das flores e, então, foi só montar. [Beatriz e Moa contam que as cadeiras fazem parte da trajetória da artista há muitos anos e estão presentes em suas pinturas, em sua casa, em coleções e exposições. A ideia para esta intervenção surgiu de uma combinação já existente em sua produção: cadeiras e flores. “Ela já tinha tudo pronto na cabeça”, diz Moa. “Foi um trabalho de intérprete: a obra era dela, e nossa missão era apenas traduzir. ”]
Como a arte tem sido uma ferramenta de expressão ao longo da sua vida?
Agora, ela é fundamental. Eu não posso falar, e não dá para escrever sobre tudo. [A arte é, portanto, um canal vital de comunicação para Ana, que encontra nas imagens sua voz e sua permanência. ]
E o que você gostaria que as pessoas sentissem ao ver sua obra na fachada do IC?
Que se sentissem incluídas.
Você poderia compartilhar um pouco da sua trajetória como artista e arte-educadora?
[Moa conta que a trajetória de Ana é marcada por dedicação, afeto e colaboração. Colegas e amigos que conviveram com ela desde a época da Faap lembram com carinho da artista que “sempre pintava cadeiras”, que organizava equipes como quem compõe uma obra, e que, após o AVC, voltou à pintura com determinação e suporte de terapeutas e parceiros.
“A Ana sempre pintou. Depois do AVC, ela disse: ‘Quero continuar pintando’. E não parou mais. A pintura deslanchou, as cadeiras voltaram, as flores vieram. Está tudo lá. ”]