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Projeto "Tertúlia Visceral" promove encontro de mestres da cultura de raiz brasileira

Mestres Bule Bule e Pedro Ortaça visitam um ao outro, comparam histórias e compartilham vivências

Publicado em 15/08/2019

Atualizado às 11:44 de 17/08/2022

Por Ana Luiza Aguiar

O que acontece quando se leva um pajador gaúcho para visitar o berço de um repentista baiano? Esse foi o desafio que a produtora cultural Carla Joner propôs no projeto Tertúlia Visceral, aprovado pelo programa Rumos Itaú Cultural. Ela escolheu dois mestres da palavra cantada de regiões distintas do Brasil – o baiano Bule Bule e o gaúcho Pedro Ortaça – e promoveu um encontro lírico entre eles. O resultado foi um vinil que mistura música, poesia e história cantada.

A semente desse projeto nasceu há cinco anos, quando Carla foi curadora do projeto Visceral Brasil, que realizou minidocumentários sobre 13 mestres da cultura popular brasileira. A similaridade da história de vida e da arte produzida por Bule Bule e Ortaça – dois artistas contemporâneos com mais de 70 anos de idade, mas que nunca tinham se visto antes – chamou atenção da produtora, que decidiu reuni-los num palco.

Esse primeiro encontro aconteceu em Brasília, em 2017, e a empatia foi instantânea. “Eles se conheceram praticamente no palco. Mas se reconheceram imediatamente”, conta Carla. Foram dias intensos de shows e vivências em que os artistas apresentaram repertórios próprios com suas bandas, e apenas no final de cada show havia um momento de troca entre eles. Nessa hora, tambores, acordeons e cordas regionais conectaram o pajador gaúcho e o repentista baiano.

Os mestres Pedro Ortaça e Bule Bule (imagem: divulgação)

A identificação dos dois mestres foi além do artístico. “Surgiu uma genuína curiosidade pelo universo do outro”, explica a produtora. O reconhecimento artístico e de vida dos dois mestres foi tanto que Carla resolveu aprofundar a exploração artística desse encontro e daí surgiu a ideia de Tertúlia Visceral, projeto que promoveu a imersão cultural de cada um deles no universo do outro.

Em outubro de 2018, Bule Bule recebeu Pedro Ortaça durante cinco dias na sua cidade, Camaçari (BA), e lhe apresentou suas referências musicais, os locais que ativam suas memórias afetivas e suas inspirações poéticas. Um mês depois foi a vez de Ortaça mostrar a região das Missões (RS) ao mestre baiano.

O resultado dessas vivências é um vinil composto de faixas únicas (uma de cada lado) nas quais se misturam conversas dos dois mestres e brincadeiras entre eles, intercaladas por partes das músicas criadas em conjunto. Tudo costurado pelo produtor musical, pelo diretor André Magalhães e pelo DJ Sacha Amback. O disco terá edição limitada de mil exemplares, e a arte da capa foi feita por Ronaldo Fraga. "O trabalho do André Magalhães como diretor musical deste projeto foi essencial. Sua sensibilidade artística esteve presente em todas as etapas do processo, desde a captacao ate a finalização, onde montou as duas faixas incluindo suas criações sonoras com muito carinho e competência."

Histórico

Pedro Ortaça é cantor, compositor e violonista, natural da cidade de São Luiz Gonzaga, no Rio Grande do Sul. Sua música é marcada pela exaltação à cultura gaúcha, a suas tradições e seus representantes. Em mais de 50 anos de carreira, Ortaça gravou 13 discos – entre CDs e vinis de “larga duração”, brincadeira que faz por causa da longa duração característica de suas músicas – e um DVD.

Bule Bule é o nome artístico de Antônio Ribeiro da Conceição, poeta, repentista, músico e escritor baiano, natural de Camaçari. Sua arte, que inclui cordel e repente, é marcada pelo culto às tradições sertanejas e a sua ancestralidade de matriz africana. Bule Bule tem mais de cem cordéis publicados, oito discos e dois DVDs.

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