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Uma conversa sobre a Redarte-SP, a Rede de Bibliotecas e Centros de Informação em Arte de São Paulo

O Centro de Memória Itaú Cultural conversou com os membros da rede, voltada para profissionais de instituições ligadas aos campos das artes visuais, das artes do espetáculo e da arquitetura.

Publicado em 05/12/2017

Atualizado às 12:02 de 03/08/2018

A Rede de Bibliotecas e Centros de Informação em Arte de São Paulo (Redarte-SP) tem como principal objetivo estabelecer conexões entre os profissionais de bibliotecas, centros de informação, arquivos e museus especializados em artes visuais, artes do espetáculo e arquitetura. A fim de promover o compartilhamento de procedimentos e realizar projetos cooperativos entre as instituições conveniadas, a rede surgiu a partir da premissa levantada pela professora Maria Christina Barbosa de Almeida em sua tese de doutorado, “Por Uma Arquitetura dos Serviços de Informação em Arte na Cidade de São Paulo”.

Hoje a rede é gerida por um comitê formado por Debora Cristina Bonfim Aquarone (ESPM), Isabel Ayres Maringelli (Pinacoteca de São Paulo), Paulo Pina (Goethe Institute/Museu Lasar Segall), Renata Silveira Dias (Itaú Cultural) e Vânia Lima (ECA/USP). Foi com esse grupo que o Centro de Memória Itaú Cultural conversou sobre a história da rede e o trabalho que ela vem realizando.

Quais foram os fatores que levaram à criação do grupo?

Foram dois fatores. O primeiro diz respeito ao trabalho colaborativo realizado pelos bibliotecários das mais importantes bibliotecas de arte, de museus e universitárias para a elaboração da primeira versão do Vocabulário Controlado em Arte, implantado na biblioteca do Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1990. O segundo fator foi a proposta apresentada pela professora Maria Christina Barbosa de Almeida em sua tese de doutorado, “Por Uma Arquitetura dos Serviços de Informação em Arte na Cidade de São Paulo”, defendida na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) em 1998.

Quais eram os objetivos da rede na época da sua criação e quais foram os projetos de destaque realizados nesse período?

A tese da professora Christina teve como foco a área das artes visuais e defendia que a informação artística tem um papel a desempenhar no desenvolvimento da competência artística dos indivíduos e na formação de público para as artes – e que, consequentemente, as bibliotecas, que cuidam da informação e da documentação da arte, também devem assumir esse papel. Ainda que algumas das ideias propostas na tese fossem ambiciosas, a constituição da Redarte-SP permitiu aos profissionais maior aproximação com seus colegas. Muitos bibliotecários eram os únicos em suas instituições e encontraram na Redarte-SP um espaço para discutir problemas e buscar soluções.

Em outubro de 1999, o grupo participou do I Seminário de Informação em Arte, realizado no Rio de Janeiro, apresentando os seguintes trabalhos: “A Cooperação: um Caminho para os Serviços de Informação na Cidade de São Paulo” e “Serviços e Produtos de Informação em Arte”. Foi uma importante oportunidade de contato com os profissionais do Rio de Janeiro e de outras cidades do Brasil e permitiu a divulgação dos trabalhos realizados pela Redarte-SP e a distribuição do Guia de Serviços de Informação em Arte da Cidade de São Paulo. Essa atividade animou o grupo a elaborar um boletim com o objetivo de divulgar suas ideias, suas atividades e outras iniciativas na área de informação em arte. O primeiro número foi lançado em novembro de 1999.

Após alguns anos de trabalho, houve um hiato na atuação da Redarte-SP. Como surgiu a necessidade de retomar a rede e quais são os objetivos e projetos planejados?

Em 2013, a Fundação Getty promoveu a participação de diversos brasileiros – entre eles um membro da Redarte-RJ – na 43ª Conferência da Sociedade das Bibliotecas de Arte da América do Norte (ARLIS/NA). Em 2016, a mesma fundação promoveu a participação de seis bibliotecários brasileiros, incluindo representantes da Redarte-RJ, na 44ª edição da conferência, em Seattle. As discussões realizadas, somadas à experiência obtida por esses profissionais, levaram à proposta de reorganização da Redarte-SP. Convidados os colegas para participar dessa empreitada, logo na primeira reunião se observou que nas unidades de informação especializadas em arte – como as bibliotecas de museus, as bibliotecas de universidades que possuem os cursos de artes, arquitetura e design, os arquivos e os centros de documentação – existiam muitos problemas em comum e que o desejo de ter um espaço para desenvolver discussões e projetos em conjunto era compartilhado por todos. A realidade do dia a dia tem demonstrado a necessidade do diálogo entre essas instituições para a busca de soluções que possam ser implementadas por todos, sendo esse um dos objetivos da Redarte-SP.

Que características uma biblioteca ou centro de informação deve ter para participar da Redarte-SP?

Em primeiro lugar, ser uma biblioteca especializada nas áreas de artes visuais, artes do espetáculo e arquitetura. Em segundo lugar, estar disposta a contribuir para os objetivos da Redarte-SP, que são: desenvolver projetos conjuntos que promovam a circulação e a ampla divulgação da informação sobre arte; estabelecer canais para comunicação e troca de informações entre os profissionais das instituições; criar mecanismos para compartilhamento de procedimentos e produtos desenvolvidos a partir de experiências das práticas profissionais; promover a cooperação com redes afins; e promover e divulgar cooperativamente eventos da área.

Quais são os planos da Redarte-SP a longo prazo? A rede tem a ambição de ampliar o diálogo com instituições de arte de fora do estado?

O desejo de ampliar o diálogo e conhecer as práticas estabelecidas por outras instituições de arte fora do estado de São Paulo é algo presente na rede, porém ainda não possuímos uma infraestrutura mínima para esse diálogo. Acreditamos que a Redarte-RJ é atualmente a rede que possui essas condições, já que é uma instituição estabelecida juridicamente.

Nosso plano a médio prazo é estabelecer parcerias com instituições internacionais, como a Sociedade das Bibliotecas de Arte da América do Norte, que realiza eventos e fóruns de discussão sobre o campo. Diversos membros da Redarte-SP já tiveram oportunidade de apresentar trabalhos nos eventos dessa instituição, que, por seu lado, sempre demonstra interesse em se aproximar da arte latino-americana não hispânica.

Nos próximos dias, a Redarte-SP realizará, em parceria com o Itaú Cultural, o II Seminário da Redarte. Como foi o seminário anterior, realizado em 2016, e quais são as expectativas para este ano?

O seminário de 2016 buscou retomar a história da Redarte-SP e de instituições que dela participam, bem como discutir aspectos técnicos enfrentados ainda hoje no que se refere à elaboração de instrumentos para representação e recuperação da informação em arte. Assim, estiveram presentes as professoras Maria Christina Barbosa de Almeida, uma das primeiras integrantes do grupo, que apresentou um panorama histórico da Redarte-SP;  Johanna W. Smitt (ECA-USP), que discorreu sobre “O Vocabulário Controlado na Visão do Getty Research Institute”; Vania Alves Lima (ECA-USP), que apresentou o projeto “Ferramentas de Apoio à Documentação em Arte: Contribuições Terminológicas”; e os profissionais Paulo Pina (Museu Lasar Segall), que abordou o “Vocabulário Controlado em Artes e Espetáculo”; Ivani di Grazia Costa (Masp), que falou sobre o “Masp: Biblioteca e Centro de Documentação”; e Isabel Ayres Maringelli (Pinacoteca de São Paulo), abordando o tema “DocumentArte: Arquivos, Bibliotecas e Museus: Aproximações”.

Neste ano, procuramos trazer para a discussão o ponto de vista dos pesquisadores, tanto os da área da organização e representação da informação em arte quanto os que produzem seus discursos a partir dos acervos das bibliotecas, centros de informação, arquivos e museus de arte.

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