Homem de Teatro

repetir o novo

Ser artista, criar um momento de beleza ou graça, até que é possível muitas vezes. O que diferencia e marca a presença real de um ator é a capacidade de noite após noite repetir o já feito, o já cristalizado, e fazê-lo parecer sempre novo. Ser artista, um bom ator pode ser fácil, ser sempre um bom ator é bem mais difícil. (…) O difícil é, depois de se preparar para levar o personagem até o público, completar o óbvio: realmente levá-lo ao público, da primeira à última fila do teatro. Dizer ao público o que você sabe

[Sergio Britto, em O Teatro e Eu – Memórias]

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Amor ao Teatro

Barbara Heliodora é crítica, ensaísta, professora e tradutora. É a pesquisadora de Shakespeare com maior autoridade no país. Fez críticas para o Jornal do Brasil de 1958 a 1964, dirigiu o Serviço Nacional de Teatro (SNT), de 1964 a 1967, e então se dedicou à tradução. Em 1986, retornou à crítica, para a revista Visão. De 1990 até hoje, realiza esse trabalho para o jornal O Globo.

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Sonhávamos Teatro

Paulo Mamede é diretor, cenógrafo, figurinista e artista visual. Em 1978, fundou, com Sergio Britto e Mimina Roveda, o Teatro dos Quatro. O grupo se manteve até o início da década de 1990. Dirigiu Sergio nas peças Afinal, uma Mulher de Negócios (1981), de Rainer Fassbinder; O Suicídio (1982), de Nikolai Erdman; A Imaculada (1986), de Franco Scaglia; A Cerimônia do Adeus (1987), de Mauro Rasi.

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imagem: Ana Migliari

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Texto dos Curadores

Sergio Pedro Corrêa de Britto, brasileiro de uma família típica de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, abandonou a medicina em 1945 para se dedicar ao teatro. Com o passar do tempo, e já com anos de carreira, ouvia-se um consenso no meio teatral, na mídia e entre os críticos: Sergio Britto tornara-se o maior homem de teatro do Brasil. Ele se envolveu tão profundamente que, além de desenvolver seu talento e sua vocação como ator, mergulhou com igual competência em várias outras funções ligadas às artes cênicas.

A partir de sua formação no Teatro Universitário, aos 20 anos, passou a fazer parte das companhias de maior importância da cena brasileira: o Teatro do Estudante de Pascoal Carlos Magno, o Teatro dos Doze (junto a Sergio Cardoso), a Companhia Maria Della Costa, o Teatro de Arena e o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) – todas “matérias-primas” da nossa história.

No início da carreira, trabalhou em diversas funções no cinema e na televisão. Na TV foi ator, diretor e realizador do Grande Teatro Tupi, responsável por levar, durante nove anos, cerca de 400 clássicos da dramaturgia nacional e mundial à recém-chegada televisão no Brasil e, com isso, proporcionar a formação de um grupo de atores que viriam a se tornar a nata brasileira: Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Ítalo Rossi, Zilka Salaberry, Aldo de Maio, Francisco Cuoco e Berta Zemmel. Além de diretores, como Fernando Torres e Flávio Rangel, e autores, como Manoel Carlos. Lançou Irene Ravache, Claudio Cavalcanti e Domingos Oliveira. Foi inovador a ponto de arriscar fazer teatro num veículo ainda não muito conhecido. Dirigiu Ilusões Perdidas, primeira telenovela produzida e exibida pela TV Globo, além de atuar e dirigir outras de grande qualidade na TV Excelsior, como A Muralha e Sangue do Meu Sangue.

Sua entrega fez com que fundasse uma companhia que entrou para a história, tamanha sua importância: o Teatro dos Sete, junto com Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Ítalo Rossi e Gianni Rato. Fundou a Torres e Britto (com Fernanda e Fernando) e o Teatro dos Quatro (com Mimina Roveda e Paulo Mamede), sempre desenvolvendo seu espírito de “homem de teatro” com uma imensa qualidade artística.

Dirigiu, com igual talento, óperas como La Traviata, Carmen de Bizet e Macbeth. Foi também um dos fundadores da escola de formação CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e assumiu a direção artística do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) na sua fundação. Na TV Brasil, escreveu, dirigiu e apresentou o programa Arte com Sergio Britto, dedicado ao teatro e à interpretação, no qual eram entrevistados não só atores, diretores e cineastas, mas todos e tudo o que tivesse relação com as artes.

Durante suas viagens ao exterior, a preocupação constante em se aprimorar por meio do estudo de grandes performances fez com que sentisse necessidade de dividir esse conhecimento com jovens atores em início de carreira ou apenas atraídos pelo palco. Sua casa se tornou ponto de encontro para essa juventude, local para a discussão de textos de autores clássicos e modernos, montagens em cartaz e para a realização de maratonas de vídeos e debates, que se prolongavam noite adentro. Seus cursos de teatro eram famosos e disputados, fossem no Teatro dos Quatro, na CAL ou na Casa da Gávea, e ele foi responsável por formar várias gerações de atores e diretores que hoje pontuam o teatro e a televisão brasileiros. Possuía a arte em seu corpo, em seu DNA, em sua alma.

A Ocupação Sergio Britto torna viva e reluzente essa arte incorporada ao maior homem de teatro do Brasil. Uma oportunidade de rever a nossa história teatral através da trajetória de Sergio, num projeto que une diversas expressões artísticas. Brindamos com o público esse momento promovido pelo Itaú Cultural, sempre sensível e responsável pela difusão da cultura no Brasil. A exposição transforma-se numa alquimia na qual se misturam a arte, a educação e a cultura, para comemorar os 90 anos desse grande artista.

                                                                     Hermes Frederico e Marilia Brito
curadores

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Teatro. Sergio em A Última Gravação de Krapp e Ato sem Palavras I. Texto de Samuel Beckett e direção de Isabel Cavalcanti (2008) | imagem: Guga Melgar

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Teatro. Sergio em A Última Gravação de Krapp e Ato sem Palavras I. Texto de Samuel Beckett e direção de Isabel Cavalcanti (2008) | imagem: Guga Melgar

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Onipresente

Hermes Frederico é um dos curadores desta Ocupação. É professor da PUC-RJ, diretor da Casa de Artes das Laranjeiras (CAL) e produtor teatral. Coproduz o programa Damas da TV, do Canal Vida, que reúne atrizes relevantes dos 50 anos das telenovelas nacionais. Convidou Sergio para três espetáculos: Longa Jornada de um Dia Noite Adentro (2003), de Eugene O’Neill; Outono e Inverno (2007), de Lars Norén; e As Pequenas Raposas (2009), de Lillian Hellman.

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Provocação, Audácia e Franqueza

Ruth Staerke é cantora lírica. Foi dirigida por Sergio em quatro óperas: La Traviata (1974), de Giuseppe Verdi; Carmen (1981), de Georges Bizet; Judas em Sábado de Aleluia (1989), de Martins Pena; e Il Campanello (1989), de Gaetano Donizetti. É premiada no Brasil e no exterior.

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Artesanato da Peça, Construção do Ator

Amir Haddad é diretor e ator. Fundou o grupo Tá na Rua e participou da criação do Teatro Oficina. Dirigiu Sergio nas peças Fim de Jogo (1979), de Samuel Beckett, O Marido Vai à Caça (1971), de Georges Feydeau; Tango (1972), de Slawomir Mrożek; e Festa de Aniversário (1972), de Harold Pinter.

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Teatro. Sergio em A Última Gravação de Krapp e Ato sem Palavras I. Texto de Samuel Beckett e direção de Isabel Cavalcanti (2008) | imagem: Guga Melgar

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Rigoroso e Encantado

Paulo Brito é ator, cantor e terapeuta corporal. Acompanha a realização do Projeto Sergio Britto Memórias-Acervo, que vem sendo desenvolvido sob a coordenação de Marilia Brito e a assistência de Renata Brito. É sobrinho de Sergio e consultor especial desta Ocupação. Estreou como ator em Autos Sacramentais, com direção de Victor Garcia (1974), ao lado do tio. Paulo o acompanhou na preparação corporal em seus últimos espetáculos e escreveu com ele, em 2011, a obra póstuma Memória a Dois – o quarto livro de Sergio e que será lançado em 2014.

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exposição (1)

imagem: André Seiti

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