Ano

2017

Neuro Mirror

Artista

Christa Sommerer e Laurent Mignonneau

Onde

Piso -1

A instalação interativa lida com a imagem que temos de nós mesmos e dos outros. Em 1999, o neurofisiologista Giacomo Rizzolatti e sua equipe descobriram os neurônios-espelho, células que são ativadas no lóbulo temporal do nosso cérebro cada vez que observamos as ações de outras pessoas – e esse mesmo neurônio é ativado quando nós próprios realizamos essa atividade.

Os neurônios-espelho permitem ainda uma compreensão imediata e intuitiva: a expressão facial de uma pessoa, como ela fala, se comporta ou se movimenta, tudo isso é imediatamente processado por eles.

Grandes quantidades de estímulos prévios ajudam esses neurônios a ativar sentimentos de dor, alegria e empatia, entre outros. Entretanto, essas células também têm um papel fundamental na nossa própria intuição, de modo que podem nos ajudar a processar informações incompletas e a fazer previsões sobre o comportamento futuro dos outros, assim como a imagem que construímos sobre nós mesmos é fortemente baseada na imagem que temos de outras pessoas. Neurônios-espelho exercem um papel importante nesse campo, na medida em que permitem que façamos a distinção entre o eu e o outro, dependendo da área do cérebro em que esses processos ocorrem.

Neuro Mirror lida, de forma artística, com as descobertas científicas sobre os neurônios-espelho. Atualmente, as redes de neurônios em computadores são capazes de simular complexos processos de aprendizagem. Deep learning (aprendizagem profunda) e big data (megadados) são alguns dos termos em voga. Ao mesmo tempo que podemos argumentar que a aprendizagem de máquina – AI (inteligência artificial), como é chamada – talvez nunca chegue ao nível de complexidade e adaptabilidade do cérebro humano, temos de reconhecer que a pesquisa nesse campo fez, recentemente, enormes progressos.

Nesta obra, a intenção não é demonstrar as últimas conquistas da aprendizagem de máquina, mas sim usar as redes de neurônios de maneira artística, através de uma instalação participativa em que o visitante se vê em três telas, dispostas como um tríptico. A tela central mostra a imagem do participante em tempo real, enquanto a da esquerda revela sua imagem do passado. A terceira tela, à direita, representa o futuro, no qual as ações da pessoa se aproximam de suas ações passadas. Redes neurais preveem o futuro, criam mudanças e extrapolam a autoimagem do participante. A montagem tríptica é propositalmente usada para criar um sentimento sacralizado e provocar reflexões e incômodos na imagem e no autocontrole do visitante.