Trabalhadores da Economia Criativa no 3º Trimestre de 2020

A economia criativa perdeu 718 mil postos de trabalho formais e informais entre o 3º trimestre de 2019 e o 3º trimestre de 2020, devido aos impactos da pandemia da Covid 19. Em setembro de 2019, havia 7.031.553 trabalhadores no segmento. Em setembro de 2020, o número havia caído para 6.313.403, com uma retração de 10,2%.  As informações constam do Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, que monitora a evolução econômica da indústria criativa no Brasil. Nesse levantamento, foram utilizados dados da Pnad Contínua.

O impacto maior foi entre os trabalhadores da economia criativa mais diretamente ligados a atividades culturais. Nesse caso, a queda foi de 23,6%. Em setembro de 2019, havia, nesse campo de atividade, 764,3 mil trabalhadores. Em setembro de 2020, o número caiu para 584,2 mil postos.

Entre os trabalhadores criativos incorporados por outros setores da economia (por exemplo, um designer que trabalha para uma indústria automobilística), a queda foi de 23,6%. Em setembro de 2019, havia 1.827.266 postos de trabalho nesse estrato. Em setembro de 2020, o número recuou para 1.697.070. No caso de pessoal de apoio (por exemplo, um contador que presta serviços para empresas ou indivíduos da economia criativa), a queda foi de 16,7% (de 2.509.478 para 2.090.985 postos de trabalho).  Já no estrato específico dos trabalhadores especializados em atividades de economia criativa, atuantes no setor de origem (designers, roteiristas, escritores, arquitetos, artistas, etc.), houve retração de 6,3% no número de postos de trabalhos regulares, que recuaram de 2.694.808 para 2.525.348.

A queda no número de postos de trabalho afetou mais fortemente os trabalhadores informais (trabalhadores sem carteira assinada e profissionais empregadores ou por conta própria sem cadastro formal de CNPJ) do que os trabalhadores formais (aqueles com carteira assinada, servidores públicos e profissionais empregadores ou por conta própria com cadastro formal de CNPJ).

No caso dos informais, havia 2.828.062 postos de trabalho na economia criativa em setembro de 2019. O número caiu para 2.334.085 postos em setembro de 2020, consolidando a queda de 17,5%.

Entre os trabalhadores formais, a retração foi menor, em virtude das políticas de proteção ao emprego implementadas durante a pandemia, as quais permitiram a diminuição de carga horária e a suspensão temporária de contratos de trabalho, protegendo, assim, trabalhadores de possível desligamento. Segundo dados da Pnad, em setembro de 2019 havia 4.203.491 postos de trabalho formais na economia criativa. Em setembro de 2020, o número caiu para 3.979.317, com uma retração de 5,3%.

Com o leve aquecimento da economia no segundo semestre de 2019, em dezembro do ano passado, havia 7.137.912 postos de trabalho no segmento, entre formais e informais. Em junho de 2020, o patamar havia caído para 6.226.560, consolidando uma perda total de 871,3 mil postos de trabalho nos primeiros seis meses do ano para a economia criativa, com uma retração de 12,2% no período. O 3º trimestre de 2020 trouxe leve recuperação para o mercado de trabalho da economia criativa, passando para 6.313.403 empregados, indicando um aumento modesto de 0,7% em relação a junho de 2020, o que não foi suficiente para a recuperação do emprego segundo o nível observado no final de 2019. O segmento mais afetado negativamente entre junho e setembro de 2020 foi o de trabalhadores de apoio formais, ao passo que os demais segmentos já mostram certa recuperação, principalmente o segmento de trabalhadores de apoio informais — que havia sofrido impacto significativo no 1º semestre do ano — e o de trabalhadores incorporados formais.