HUNI KUIN

População da floresta tropical amazônica, atualmente os Huni Kuin vivem no tempo que chamam de Xinã Bena ou Tempo Novo. Somando mais de 13 mil pessoas, são considerados a maior população indígena do Acre e se distribuem pelo leste peruano até a fronteira com o Brasil e pelo Acre e sul do Amazonas.

 

 

A história dos Huni Kuin é dividida em cinco tempos: Tempo das Malocas, em que viviam nus, antes do contato com os brancos. Tempo da Correria, quando foram sobrepujados pelas armas de fogo, tiveram o território tomado e foram reduzidos a pouco mais de 300 pessoas. Tempo do Cativeiro, em que se tornaram reféns dos seringalistas que implementaram o sistema escravistas dos barracões, sob o qual nasceram todos os Huni Kuin hoje mais velhos. Tempo dos Direitos, que, a partir da década de 1970, contou com as formulações dos antropólogos Terri de Aquino e Marcelo Piedrafita na constituição das cooperativas e na delimitação dos territórios. Novo Tempo ou Xinã Bena, que alia a transmissão das tradições entre velhos e jovens a intercâmbios com o mundo do século XXI (*).

 

Uma síntese destes períodos é exibida na mostra Una Shubu Hiwea – Livro Escola Viva desenhada em um quadro-negro. Na mesa, talhada com relevos de kenes, a geometria sagrada deste povo, estão os três livros publicados no novo tempo, o Xinã Bena: Una Hiwea, Livro Vivo (UFMG, 2013), Una Isi Kayawa, Livro da Cura (Dantes e Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2014) e Una Shubu Hiwea (Dantes e Itaú Cultural, 2017).

 

São trabalhos que resultam empenho visionário do pajé Agostinho Manduca Mayeus Ika Muru (1944-2011) e da organização de outro pajé, Dua Buse, nascido em 1933 e que há mais de 20 anos orienta o trabalho de transmissão do conhecimento entre os velhos e jovens Huni Kuin, agora repassado para os brancos.

 

“Dentro da história tem cantoria, tem medicina. Enquanto eu estou vivo, eu sou escola viva. Sou vivo, falo, indico, explico, ensino. Por isso eu chamei meu kupixawa de escola viva, porque eu estou lá, dentro do meu kupixawa, contando história e escrevendo no quadro. Eu estou dando aula. Por isso eu pensei escola viva. Escola viva não é só um não. Todo mundo hoje em dia é escola viva porque estamos resgatando nossa cultura que estava escondida. Foi isso que pensei para deixar tudo para sempre para eles”, diz Dua Buse (*).

 

Este é um povo da floresta tropical amazônica que se distribui pelo leste peruano até a fronteira com o Brasil e pelo Acre e sul do Amazonas, e constitui a mais numerosa população indígena do Acre. São botânicos por (e da) natureza. Trabalham com espécies vegetais, plantas medicinas, integradas ao ambiente da selva em locais que chamam de parques. Outra botânica, outra forma de ver o mundo. Fazem desenhos geométricos sagrados – ensinados pela jiboia e chamados de kenes, nos corpos, nas cerâmicas, na tecelagem, na cestaria, em bancos e adereços. Kene é desenho, é cura e proteção (*).

 

Eles pertencem ao grupo linguístico Pano. Falam hatxa kuin, a “língua verdadeira”, de onde vêm palavras como txai (refere-se a amigo, significa outra metade de mim) e haux (palavra sagrada, é o som da jiboia – ser primordial na cosmologia Huni Kuin), que atravessaram o limite linguístico sendo incorporada a outros idiomas (*).

 

 

A samaúma é uma majestade. Sagrada para diversas populações autóctones da região amazônica, dos maias aos Huni Kuin, é unanimidade na mata, povoados ou cidades, sendo usada até como ponto de referência para a localização de endereços. Os Huni Kuin costumam assentar moradia próximo a samaúmas. Em seu idioma, a chamam de shunu. Dizem que ela é a biblioteca da floresta.

 

Seus nomes são muitos: escada do céu, árvore da vida, mãe das árvores. Os morcegos fazem a polinização da planta. A árvore tem copa frondosa e aberta, porte enorme e altura de 50 a 70 metros (o Cristo Redentor tem 30 metros), com registros de espécies que chegam a 90 metros – entre as maiores do planeta. O tronco alcança três metros de diâmetro e a estrutura das raízes com contrafortes impressionam.

 

Essa estrutura, chamada de sapopema, quando se encontra com outras da mesma espécie, cria locais onde se pode morar e moram povos das florestas, que também a utilizam para comunicação por meio de batidas que ecoam na mata. As raízes estrondam em certos períodos do ano irrigando o entorno. Para a botânica tradicional, ela se chama Ceiba pentandra e tem raízes tabulares, folhas digitadas, flores campanuladas brancas e cápsulas fusiformes, comestíveis quando verdes, com sementes envoltas por filamentos sedosos – a paina. Da árvore usa-se tudo, folhas, caule, frutos, sementes, raízes. A paina dos frutos é uma fibra similar ao algodão que serve para tecelagem e enchimentos. Suas outras partes acumulam diversas propriedades de cura.

 

 

(*) Trechos retirados de UNA SHUBU HIWEA - Livro Escola Viva do povo Huni Kuin do Rio Jordão, publicação produzida especialmente para esta exposição em uma parceria entre o Itaú Cultural, o artista Ernesto Neto, a editora Anna Dantes, a Dantes Editora e representantes das aldeias.

 

 

 

 

SERVIÇO

Exposição: UNA SHUBU HIWEA
Livro Escola Viva do povo Huni Kuin do Rio Jordão

Concepção e realização: Itaú Cultural e Dantes Editora

Organização: Pajé Manuel Vandique Kaxinawá Dua Buse

Montagem da exposição: Edilene Sales Huni Kuin Yaka,
José Mateus Itsairu, Menegildo Paulino Kaxinawá Isaka,
Rita Sales Dani e Shane Huni Kuin

Direção Criativa: Anna Dantes e Ernesto Neto

Fotografia e vídeo: Camilla Coutinho Silva

Vídeo de Agostinho Ika Muru: Nara Luz

Imagens aéreas: Taua Klonowski

Paisagem sonora e áudios: Yan Saldanha

 

Abertura: 6 de dezembro (quarta-feira), às 20h

Visitação: 7 de dezembro de 2017 a 13 de fevereiro de 2018

Pisos: -1 e -2

Entrada gratuita

 

Programação Núcleo Educativo

Encontros em Roda e Vivências com os Huni Kun

No espaço expositivo.

Dias 7 e 8 (quinta-feira e sexta-feira), às 18h30

Dias 9 e 10 (sábado e domingo), às 14h e às 16h

Duração aproximada: 60 minutos

Sem distribuição de ingressos

Classificação indicativa: Livre

Entrada gratuita

Itaú Cultural

Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô

Fones: 11. 2168-1776/1777

Acesso para pessoas com deficiência

Ar condicionado

Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108

Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:

3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.

Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

www.itaucultural.org.br

 

     

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