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Conteúdos seletos para comemorar o Dia Internacional da Filosofia

Participe de conversas filosóficas com Nise da Silveira, Sueli Carneiro, Angel Vianna, Paulo Freire e outros

Publicado em 18/11/2021

Atualizado às 11:21 de 19/11/2021

por Duanne Ribeiro

Hoje é dia de perguntar o porquê de tudo, bebê. Nas terceiras quintas de novembro celebramos o Dia Internacional da Filosofia, data estabelecida em 2008 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e que “sublinha o duradouro valor da filosofia para o desenvolvimento do pensamento humano, para toda a cultura e todo indivíduo”. Participando dessa festa na ágora, indicamos conteúdos do Itaú Cultural (IC) nos quais o pensamento filosófico dialoga com a psicologia, a dança, a educação, a moda, a fotografia, as questões raciais e o urbanismo.

São cartas e ensaios, artigos e entrevistas, publicação e site que, além dos seus debates próprios, nos dão recursos para filosofar sobre a temática proposta pela Unesco para 2021: “As diferentes interações dos seres humanos com seus ambientes sociais, culturais, geográficos e políticos”. A discussão sugerida, diz o órgão, tem em vista não só o entendimento como a mudança, porque “a filosofia [...], em sua própria essência, se preocupa com a transformação da sociedade”.

Psicologia

A psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), cujo trabalho se destacou pela aproximação entre arte e psicologia e pelo cuidado com a subjetividade e a autonomia daqueles em tratamento da saúde mental, tinha uma forte relação com a filosofia. No livro Cartas a Espinoza (1990), Nise conversa, por correspondência, com Baruch Espinoza (1632-1677), filósofo relevante do período moderno, que tratou de metafísica, ética e política. Em sua obra, Espinoza reafirmou o valor dos afetos, dos encontros e do corpo, temáticas que permeiam também a prática de Nise.

Inspirados nessa obra, na Ocupação Nise da Silveira, realizada entre 2017 e 2018, escrevemos para a autora – a publicação impressa da exposição, assim como homenagens artísticas e artigos sobre o trabalho da homenageada, traz cinco cartas endereçadas a ela:

Veja também esta entrevista com o escritor Marco Lucchesi sobre política e filosofia em Nise:

Urbanismo

Com a pandemia, nossa experiência da cidade em que vivemos e da nossa própria casa se transformou. Para tratar dessas mudanças de percepção e de vivência, conversamos com Marcia Alves, doutora em geografia que pesquisa as emoções ligadas aos espaços, tendo como uma das suas bases a filosofia de Ernst Cassirer (1874-1945) – pensador que propôs uma teoria da cultura e estudou as relações humanas. Leia a entrevista. Publicada em junho de 2020, ela traz análises sobre o que seria o pós-pandemia que podemos ver hoje em perspectiva. Ainda mais, conta com indicações, feitas por Marcia, de livros, músicas e filmes que ajudam a pensar nosso presente.

Veja outros debates sobre urbanismo na playlist do Brechas urbanas, programa realizado pela organização entre 2015 e 2019. Entre eles há O espaço da loucura na cidade, que trouxe entre os convidados o filósofo Peter Pál Pelbart, além de Bruno Torturra, Babilak Bah e Flávia Blikstein.

Dança

Homenageada em 2018 pelo Ocupação, a bailarina e coreógrafa Angel Vianna propõe:

“Eu cheguei à conclusão, durante esses longos anos de trabalho, de que o maior filósofo de toda a humanidade é o próprio corpo. Ele que sente, ele que vê. Ele que é o instrumento da sua vida. É o instrumento da sua profissão, da sua alegria, da sua tristeza. Eu aconselho: procure entendê-lo, procure amá-lo, procure descobrir quem ele é.”

No vídeo abaixo, Angel lê e comenta o texto em que faz a proposta do corpo-filósofo. Além dela, comentam o conceito a professora Joana Ribeiro, o professor Jorge Albuquerque, a psicanalista Hélia Borges, a crítica de dança Helena Katz e a curadora da Ocupação Angel Vianna, AnaVitória:

Moda

Gilda de Mello e Souza (1919-2005), ensaísta, crítica de arte e professora de estética, é um dos nomes de relevo da filosofia brasileira. Pioneira no estudo da moda – seu livro O espírito das roupas (1987), constituído por sua tese de doutorado, de 1950, antecede o fundamental O sistema da moda (1967), do semiólogo francês Roland Barthes –, ela também escreveu sobre literatura, pintura, cinema e teatro, entre outros assuntos. Em 2019, a Fundação Ema Klabin fez um evento em sua homenagem – reportamos os debates, que tiveram a presença dos pesquisadores Sílvio Rosa Filho, Brunno Almeida Maia, Jorge Coli e Renato Janine Ribeiro. Leia o texto.

Fotografia

A arte pode ser ela mesma uma forma de fazer filosofia? Uma proposição nessa direção é desdobrada na mesa Do ato fotográfico aos brinquedos filosóficos, realizada em 2016 no IV fórum latino-americano de fotografia. O debate conta com contribuições da filósofa Itala Scmelz, diretora do Centro da Imagem do México, e do crítico de arte e curador Ticio Escobar. O mediador da sessão, Fredi Casco – artista e curador do IV fórum – apresenta a discussão nestes termos:

“Um dos eixos do IV Fórum coloca a fotografia como pensamento, ou seja, como aquilo que amplia suas próprias fronteiras e deixa de ser puramente instrumental para constituir um campo específico de geração de conhecimento. A partir dessa perspectiva, surgem alguns questionamentos. É possível que a fotografia exista, permaneça ou circule como ocorre com um conceito ou uma ideia? Que possibilidades apresenta a imagem fotográfica em enlouquecer, [em efetivar] uma loucura poética que busca o real no contexto de uma cultura pautada pela racionalidade do benefício calculado? Parafraseando o sociólogo argentino Eduardo Grüner, poderíamos também acrescentar que as práticas artísticas contemporâneas – dentre elas, certamente, a fotografia – constituem atualmente um grande laboratório de experimentos antropológicos.”

Educação

Até janeiro de 2022, Paulo Freire é homenageado pelo programa Ocupação numa mostra na sede do IC. Na obra desse educador, a presença da filosofia é extensa, envolvendo diálogos com o marxismo, o existencialismo, a fenomenologia e o cristianismo. Para além das suas fontes teóricas, é possível pensá-lo como alguém que – na medida dos filósofos antigos – realiza a filosofia como forma de vida. Essa é a proposta do filósofo Walter Kohan, autor de Paulo Freire mais do que nunca: uma biografia filosófica (2019), que comentou ao site da Ocupação os princípios que ele identifica em Paulo Freire e como a sua própria trajetória foi igualmente guiada por essa ética. Leia.

Também no site, você assiste a um depoimento do filósofo Mario Sérgio Cortella, que trabalhou com Paulo Freire e o sucedeu na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo:

Questões Raciais

Filósofa, escritora e ativista, Sueli Carneiro é um expoente do feminismo negro e do antirracismo no Brasil. Em sua tese de doutorado – “A construção do outro como não-ser como fundamento do ser” –, ela operou com conceitos do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) para tratar das relações raciais no Brasil. Neste ano, sua trajetória foi destacada pelo Ocupação – no site do programa, você acessa, além de materiais sobre sua biografia e militância, uma seção sobre seu papel como intelectual orgânica (termo que indica sua formação nos movimentos sociais e uma atuação que os tem em vista) e seu impacto no pensamento afro-latino-americano.

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