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imagem: Instituto Hilda Hilst

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Para que escrever?

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sabes de mim o que?

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Exposição e Programação Paralela

Na 22ª edição do programa Ocupação, centrado em personagens fundamentais da arte brasileira, a escritora Hilda Hilst (1930-2004) fala em primeira pessoa. De 28 de fevereiro a 21 de abril, no Itaú Cultural, em São Paulo, a mostra destaca as referências artísticas reelaboradas por ela, acompanha seu cotidiano – por meio de notas nas agendas, registros de sonhos, desenhos, reflexões – e delineia seu método criativo, pelas versões anteriores de suas criações literárias: seu trabalho “sendo” feito.

A mostra destaca as referências artísticas reelaboradas por ela, acompanha seu cotidiano – por meio de notas nas agendas, registros de sonhos, desenhos, reflexões – e delineia seu método criativo, pelas versões anteriores de suas criações literárias: seu trabalho “sendo” feito.

Além do que está exposto nas vitrines, parte dos originais manuscritos e datilografados está disponível em fac-símiles, que o público pode ver e manipular. A cenografia procura gerar um ambiente intimista, inspirado pela Casa do Sol, em Campinas – moradia de Hilda dos 35 anos até o fim da vida, onde recebia amigos artistas e que se tornou parte do imaginário da literatura do país. O espaço, feito apenas com materiais não sintéticos, incorpora a proximidade da homenageada com tudo que é natural (corpo, natureza, matéria). É um ambiente concebido para que se tenha a oportunidade de lê-la e relê-la – cumprindo, assim, seu grande desejo recorrente: ser lida.

Perguntas de Hilda – provocações e reflexões poéticas, um recurso marcante em sua literatura – pontuam a exposição. O visitante percorre cinco núcleos, focados nos livros Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão;KadoshA Obscena Senhora DCom os Meus Olhos de Cão; e O Caderno Rosa de Lori Lamby, e uma miscelânea de documentos. Parte do conteúdo é inédita em exposição e/ou publicação. A curadoria é do Itaú Cultural junto ao Instituto Hilda Hilst (IHH), com colaboração essencial do Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulalio (Cedae), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que preserva grande parte do legado da escritora.

Teatro, música e leitura

Além do espaço expositivo, a Ocupação traz uma programação paralela. São quatro peças baseadas em textos de Hilda – A Obscena Senhora D; Osmo; O Meu Lado   Homem, um Minicabaré d’Escárnio; e Matamoros –, uma leitura comentada com as pesquisadoras Luisa Destri e Eliane Robert Moraes a respeito do lugar da autora na literatura brasileira e uma leitura de sua poesia feita junto ao público pelo crítico literário José Castello, todas as atividades no Itaú Cultural. Já no Auditório Ibirapuera, o cantor e compositor Zeca Baleiro leva pela primeira vez ao palco composições que fez sobre versos hilstianos.

As montagens ocorrem a partir de 28 de fevereiro, com A Obscena Senhora D, um monólogo de Suzan Damasceno com direção de Donizeti Mazonas e Rosi Campos; depois, em 1º de março, Osmo, interpretado por Donizeti Mazonas e Erica Knapp e dirigido por Suzan Damasceno  – estas duas às 19h  –, O Meu Lado Homem, um Minicabaré d’Escárnio, com Luis Mármora no papel do protagonista e o diretor Luiz Gayotto, eMatamoros, com as atrizes Maíra Gerstner e Luciana Froés e a diretora Bel Garcia – ambas às 20h (saiba mais na matéria).

As leituras ocorrem das 20h às 21h30. As pesquisadoras Luisa Destri, consultora desta Ocupação, e Eliane Robert Moraes analisam trechos de livros em 18 de março. José Castello lê, junto ao público, o livro Do Desejo, em 25 de março.

No dia 28 de fevereiro, às 21h, Zeca Baleiro apresenta o álbum Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé– de Ariana para Dionísio (2006), composto de versões musicadas sobre poemas de Hilda, outras poesias da homenageada e canções inéditas criadas com ela. Os ingressos estão esgotados.

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a poesia é redentora

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quero ser terra semeada de sonho

imagem: Instituto Hilda Hilst

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eu sou simples; não sou simplesinha

Preparação para uma entrevista, anotada pelo escritor José Mora Fuentes para Hilda. No item 2, lemos "Me admira muito que eles não me entendam, porque eu sou muito simples. Simples eu não quero dizer simplesinha, porque isso eu não sou mesmo". | imagem: Instituto Hilda Hilst

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embriagada de fervor, de lucidez, de intensidade

imagem: Instituto Hilda Hilst

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Hilda Hilst (1930-2004), ficcionista, poeta, dramaturga e cronista, publica Presságio, seu primeiro livro, em 1950, e inicia uma produção em poesia que se diz influenciada por Rainer Maria Rilke, escritor de língua alemã, e pelas obras quinhentistas nesse gênero. Nesse viés, seguem-se vários trabalhos hoje reunidos em Exercícios, antologia de 2002.

De 1967 a 1969, realiza sua incursão na dramaturgia, com oito peças. O crítico e professor Alcir Pécora sugere que essa atividade foi estimulada em virtude do apelo social do teatro na época, que assumia o “centro do debate” político e cultural. Segundo ele, esses textos no campo das artes cênicas são “ensaio” do que Hilda escreveria: a prosa e a poesia se alimentariam do humor, do vulgar e da qualidade do diálogo trabalhados ali.

Com Fluxo-Floema, em 1970, estreia na ficção. Neste campo, Hilda mescla gêneros – carta, conto, poesia – e se movimenta entre erudito e popular, filosofia e escatologia. As narrativas são marcadas pelas várias vozes que as contam, pelo humor – às vezes negro –, pelo obsceno – não como recurso fácil, pornográfico, mas como modo de deslocar o leitor do confortável –, pela metalinguagem, pela reelaboração que ela fazia da própria vida e das referências literárias e científicas que absorvia.

Hilda continua publicando poemas e, de 1992 a 1995, passa a escrever crônicas para o Correio Popular, de Campinas, interior do estado de São Paulo. Ao mesmo tempo que usa o meio para divulgar o restante de sua produção, comenta assuntos contemporâneos e estabelece uma conversa com o público, cheia de sarcasmo e provocação.

Ao longo de todo esse percurso, os temas do amor, do desejo, da morte, da busca e do significado de Deus, das opressões sociais cotidianas, do que significa viver e ser livre são vistos por múltiplas ópticas. Disse Hilda: “Talvez eu tenha escrito com muita complexidade porque a própria vida é complexa… Não há simplicidade nenhuma no ato de existir.”

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Ou você é ou não é escritor

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contínuo debruçar-se sobre si

imagem: Centro de Documentação Cultural "Alexandre Eulalio" (Cedae/Unicamp)

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Imagina-te a mim
A teu lado inocente
A mim, e a essa mistura
De piedosa, erudita, vadia
E tão indiferente. (…)

[Poemas Malditos, Gozosos e Devotos, “VI”, pg. 25]

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imagem: Instituto Hilda Hilst

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Seção de vídeo

mesa de conversa: Humberto Werneck e José Castello

Humberto Werneck é jornalista e escritor, autor de O Desatino da Rapaziada: Jornalistas e Escritores em Minas Gerais (2012), Esse Inferno Vai Acabar (2011) e O Santo Sujo: A Vida de Jayme Ovalle (2008), entre outros.

José Castello é crítico literário, jornalista e escritor. Lançou as biografias Vinicius de Moraes: O Poeta da Paixão (1994) e João Cabral de Melo Neto: O Homem sem Alma & Diário de Tudo (1996), a antologia de entrevistas com escritores Inventário das Sombras (1999) e os romances Fantasma (2001) e Ribamar (2010, vencedor do prêmio Jabuti de 2011). É colaborador, entre outros, do jornal Rascunho.

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(…)

Só sei que me desmereço se não sangro.
Só sei que fico afastada
De uns fios de conhecimento, se não tento.

[Poemas Malditos, Gozosos e Devotos, “XII”, pg. 41]

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fastio e encanto

imagem: Centro de Documentação Cultural "Alexandre Eulalio" (Cedae/Unicamp)

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Eu Qadós

Maria Bonomi é artista visual. Sua obra abrange gravura, arte pública, figurino e cenografia. Fez a capa de Kadosh (1973) – à época, grafado Qadós. Amiga de Hilda, conviveu com a escritora antes e depois de sua mudança para a Casa do Sol.

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Disciplina e terapia de choque

Luiza Mendes Furia é jornalista, poeta e tradutora. Amiga de Hilda, atuou como sua assistente, datilografando alguns livros e organizando o acervo. Lançou os livros de poesia Madrugada e Outros Poemas (1978) e Inventário da Solidão (1999), além de ter participado de antologias e periódicos. Também publicou o livro infantil O Travesseiro Mágico (2013). Mantém o blog litera-mundi.blogspot.com.br.

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please read me: don’t let me die

Na dedicatória escrita por Hilda, lê-se: "Please read me, don't let me die" (em português, "por favor, me leia, não me deixe morrer"). Trata-se de um verso de "The Poet and His Book", da escritora norte-americana Edna St. Vincent Millay | imagem: Instituto Hilda Hilst

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imagem: Marina Weis