Criança

imagem: Acervo de João das Neves

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Sobre Escrever para Crianças

João das Neves é dramaturgo, ator, diretor e escritor, homenageado desta Ocupação.

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A Lenda do Vale da Lua

Imagem de divulgação de A Lenda do Vale da Lua, peça mais montada de João

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A Leiteira e a Menina Noite

Imagem de divulgação de O Leiteiro e a Menina Noite, escrita por João em 1970 | imagem: Acervo do Autor

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O Gato Pardo de Patrícia e Leonardo

Imagem de Divulgação de "O Gato Pardo de Patrícia e Leonardo" (1985), escrita por João | imagem: Acervo do Autor

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Mirabolante

Programa de Mirabolante (2013), encenada pela Confraria de Dança, com direção de João | imagem: Acervo de Autor

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Mirabolante

Programa de Mirabolante (2013), encenada pela Confraria de Dança, com direção de João | imagem: Acervo de Autor

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Ilka Zanoto: Teatro feito às claras

Sobre a peça A Lenda do Vale da Lua, escrita por João das Neves, há uma crítica publicada quando de sua encenação que pode nos permitir entender melhor os aspectos de destaque da produção infantil do autor.

Trata-se de um artigo escrito por Carlos Ernesto de Godoy em 1o de outubro de 1977 no Jornal da Tarde. Carlos – falecido precocemente, mestre em literatura e requintado escritor – contextualiza esse espetáculo em um cenário de suposto boom no teatro infantil paulista, que, segundo ele, se reduzia na verdade a algumas “manifestações isoladas de alta qualidade” em meio a uma quantidade de peças boas e ruins movidas pela demanda do público e dos produtores. O crítico concluía que faltavam aos “que fazem teatro infantil na Paulicéia melhor empenho em seu trabalho, a escolha de uma diretriz – o que demanda pesquisa, conhecimento da criança e, sobretudo, seriedade”. Por outro lado, sobre o trabalho de João, ele afirma:

A Lenda do Vale da Lua, atual cartaz do Teatro Anchieta, é desses espetáculos que chegam para marcar época, fazendo-nos esquecer um ano medíocre, de raras montagens de valor. Estribado em texto muito feliz de João das Neves, tem aí meia batalha ganha, pois que é na escolha da peça que inicia o fracasso ou a consagração da maior parte das encenações.”

Podemos crer que os requisitos defendidos por Godoy pouco antes são cumpridos nessa peça. Sendo assim, que pesquisa A Lenda do Vale da Lua implica? Como demonstra que conhece o seu público? O que significa apresentar uma seriedade em relação à criança?

“Construindo seu trabalho à maneira brechtiana, o autor mostra um teatro feito às claras, ou seja, sem a ilusão teatral da coisa já acabada e em que se deve acreditar. A criança é colocada frente ao palco numa postura crítica, vendo o espetáculo nascer e evoluir por meio de um estimulante jogo de faz-de-conta. Um ator-narrador propõe à platéia que se conte uma estória (a impropriedade do título confunde estória com lenda). E essa estória vai nascendo e sendo montada pouco a pouco, num brinquedo chamado teatro, explicado a todo tempo: o que é personagem, a escolha de um papel, a montagem de um cenário, etc. Enfim, um teatro que a todo instante se questiona, identificando-se como teatro, lembrando que tudo não passa de uma representação. O veste-desveste roupa frente ao público e a própria troca de papéis entre os atores amplia esse distanciamento crítico e ilumina o sentido lúdico da montagem. Envolvendo a narrativa numa alta carga poética, João das Neves consegue equilíbrio perfeito para uma peça que poderia facilmente esvaziar-se a partir de certa altura […] Público e elenco comungam, irmanados em alegria, essa vitória do teatro infantil.“

Finalmente, entre outros textos escritos por JN, salienta-se como estrela-d’alva O Leiteiro e a Menina Noite, premiado pelo SNT em 1970, no segundo concurso de peça infantil. À simples leitura, surge todo um universo teatral repleto de  personagens que são ao mesmo tempo da ilha da fantasia e da realidade mais palpável: o herói Leiteiro, que puxa aos saltos seu carrinho azul, onde pernoita a linda Menina Noite com estrelas nos olhos… O Lampião e o Tempo, personagens amigos e sábios que partem em defesa dos primeiros; o Gordinho Esperto e o Misterioso, vilões hilários e atrapalhados; casas moventes coloridas formando ruas de um povoado à frente da plateia, ativamente participante; a vilania da cidade grande, com seus robôs e rouba-céus e o pequeno grande Menino, “que passa fome e a brincar, consegue a fome enganar”.

É tão lindo o texto, com rubricas com sugestões precisas de encenação, que sugiro que seja montado urgentemente, e que ao lado das demais peças infantis de JN faça parte de um périplo nacional patrocinado pelos múltiplos programas de assistência à infância e à juventude.

O Brasil agradece.

Ilka Zanoto é crítica e pesquisadora de teatro. Durante as décadas de 1970 e 1980, foi voz ativa contra a repressão do período militar.

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A Lenda do Vale da Lua

Cena de A Lenda do Vale da Lua, peça mais montada de João | imagem: Acervo do Autor

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A Farsa da Boa Preguiça

Cena de A Farsa da Boa Preguiça (2009), de Ariano Suassuna, dirigida por João | imagem: Acervo do Autor

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A Farsa da Boa Preguiça

Cena de A Farsa da Boa Preguiça (2009), de Ariano Suassuna, dirigida por João | imagem: Acervo do Autor

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Mirabolante

Cena de Mirabolante (2013), encenada pela Confraria de Dança, com direção de João | imagem: Acervo de Autor

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O Leiteiro e a Menina Noite

Cena de O Leiteiro e a Menina Noite, escrita por João em 1970 | imagem: Acervo do Autor

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Mirabolante

Cena de Mirabolante (2013), encenada pela Confraria de Dança, com direção de João | imagem: Acervo de Autor