A exposição em homenagem ao cantor pernambucano oferece música em discos, vibração, paisagem sonora, streaming
Como não poderia deixar de ser, além de oferecer ao visitante um mergulho na vida e obra de Alceu Valença, a Ocupação em sua homenagem apresenta diversas formas de acesso às suas músicas. Confira trechos de algumas das suas composições, que podem ser ouvidas na mostra.
Álbum: Quadrafônico
1972
Faixa 10: Talismã
Diana,
Me dê um Talismã
Viajar,
Você já pensou em mais eu
Viajar
Quando o sol
Desmaiar
Ah, vou viajar
Olha essa sombra
Esse rastro de mim
Olha essa sobra
Essa réstia de sol
Que da poeira tossiu
Que da poeira…
Ah, Diana nem ligou
Álbum: Molhado de suor
1974
Faixa 1: Vou danado pra catende
Ai
Delminha
Ouça esta carta
Que eu não escrevi
Por aqui
Vai tudo bem
Mas eu só penso
Um dia em voltar
Ai
Delminha
Veja a enrascada
Que fui me meter
Por aqui
Tudo corre tão depressa
As motocicletas se movimentando
Os dedos da moça
Datilografando
Numa engrenagem
De pernas pro ar
Faixa 2: Borboleta
Ela é uma borboleta
Pequenina e feiticeira
Anda no meio da noite
Procurando quem lhe queira
Faixa 8 - Papagaio do futuro
Estou montado no futuro indicativo
Já não corro mais perigo
Nada tenho a declarar
Terno de vidro costurado a parafuso
Papagaio do futuro
Num para-raio ao luar…
Álbum: Vivo
1976
Faixa 2: Descida da ladeira
Eu só acredito
Em vento que
Assanha cabeleira
Quebra portas e vidraças
E derruba prateleiras
Se fizer um assobio esquisito
Na descida da ladeira
Faixa 3 Edipiana Nº 1
Mamãe,
Eu ontem passei mal
E me lembrei de você
Mamãe,
Eu me lembrei de você
E gritei: mamãe
E depois o silêncio e a calma
Tomaram minha cara
E eu me vi no espelho, mamãe
Ô mãe, meu cabelo avoou
Meu pensamento mudou
Minhas marcas digitais
Sei lá, sei lá, mãe
Não se avexe em perguntar
Se eu gosto de você
Mando um beijo pra você,
Mamãe
Faixa 8: Sol e chuva
Não não quero mais
Brincar de sol e chuva
Com você
Não suporto mais
Brincar de sol e chuva
Com você
Eu não quero mais…
Álbum: Espelho cristalino
1977
Faixa 1: Agalopado
Quando eu canto o seu coração se abala
Pois eu sou porta-voz da incoerência
Desprezando seu gesto de clemência
Sei que meu pensamento lhe atrapalha
Cego o sol seu cavalo de batalha
E faço a lua brilhar no meio-dia
Tempestade eu transformo em calmaria
E dou um beijo no fio da navalha
Pra dançar e cair nas suas malhas
Gargalhando e sorrindo de agonia
Se acaso eu chorar não se espante
O meu riso e o meu choro não têm planos
Eu canto a dor, o amor, o desengano
E a tristeza infinita dos amantes
Don Quixote liberto de Cervantes
Descobri que os moinhos são reais
Entre feras, corujas e chacais
Viro pedra no meio do caminho
Viro rosa, vereda de espinhos
Incendeio esses tempos glaciais
Álbum: Coração bobo
1980
Faixa 1: Coração bobo
Meu coração tá batendo
Como quem diz não tem jeito
Zabumba, bumba esquisito
Batendo dentro do peito
Teu coração tá batendo
Como quem diz não tem jeito
O coração dos aflitos
Batendo dentro do peito
Coração bobo, coração bola
Coração balão, coração São João
A gente se ilude dizendo
Já não há mais coração
Álbum: Cinco sentidos
1981
Faixa 1: Quando eu olho para o mar
Quando eu olho para o mar
Dentro do mar vejo um rio
Quando eu olho para o rio
Dentro do rio vejo a chuva
Quando eu olho para a chuva
É como se olhasse as nuvens
Quando eu olho para as nuvens
É como se olhasse o mar
Quando eu olho para mim
Dentro de mim tem você
Quando eu olho para você
Por dentro sinto saudades
Quando eu olho para a saudade
Meus olhos vão desaguando
E é como um rio passando
Que não corresse pro mar
Álbum: Cavalo de Pau
1982
Faixa 2: Tropicana
Da manga rosa quero o gosto e o sumo
Melão maduro sapoti juá
Jabuticaba teu olhar noturno
Beijo travoso de umbu-cajá
Pele macia ai carne de caju
Saliva doce doce mel mel de uruçu
Linda morena fruta de vez temporana
Caldo de cana-caiana
Vem te desfrutar
Linda morena fruta de vez temporana
Caldo de cana-caiana
Vou me desfrutar
Morena tropicana
Eu quero teu sabor
Faixa 7: Cavalo de pau
De puro éter assoprava o vento
Formando ondas pelo milharal
Teu pêlo claro boneca dourada
Meu pêlo escuro cavalo-de-pau
Cavalo doido por onde trafegas
Depois que eu vim parar na capital
Me derrubaste como quem me nega
Cavalo doido cavalo de pau
Cavalo doido em sonho me levas
Teu nome é tempo vento vendaval
Me derrubaste como quem me nega
Cavalo doido cavalo de pau
Faixa 2 Cabelo no pente
Andei pisando pelas ruas do passado
Criando calo no meu pé caminhador
Dançando um xote,
Tropecei com harmonia
Na melodia de “Pisa na Fulô”
Andei passando como as águas como o vento
Como todo sofrimento que enfim me calejou
terei futuro deslizando no presente
Como o cabelo no pente que penteia meu amor
Faixa 3: Como dois animais
Uma moça bonita de olhar agateado
Deixou em pedaços meu coração
Uma onça pintada e seu tiro certeiro
Deixou os meus nervos de aço no chão
Mas uma moça bonita de olhar agateado
Deixou em pedaços o meu coração
Uma onça pintada e seu tiro certeiro
Deixou os meus nervos de aço no chão
[Refrão]
Foi mistério e segredo e muito mais
Foi divino brinquedo e muito mais
Se amar como dois animais
(Repete 2x)
Meu olhar vagabundo de cachorro vadio
Olhava a pintada e ela estava no cio
E era um cão vagabundo e uma onça pintada
Se amando na praça como os animais
Uma moça bonita de olhar agateado
Deixou em pedaços meu coração
Uma onça pintada e seu tiro certeiro
Deixou os meus nervos de aço no chão
(Repete 2x)
[Refrão]
(Repete 2x)
Meu olhar vagabundo de cachorro vadio
Olhava a pintada e ela estava no cio
E era um cão vagabundo e uma onça pintada
Se amando na praça como os animais
Se amando na praça como os animais…
Álbum: Anjo Avesso
1983
Faixa 2: Anunciação
Na bruma leve das paixões
Que vêm de dentro
Tu vens chegando
Pra brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal
Faixa 9: Anjo Avesso
Safada era a cara do anjo
Que no quarto noturno pintou
No meu ouvido falou
Loucuras de amor
Pegou minha mão e saímos na troca de passos
Um beijo molhado escandalizado
Que até minha gata se escandalizou
E com um penacho de índio ele me coroou
Sou anjo avesso sou Tupã presente
Guerreiro sempre galho da semente
Do algodão do pau-brasil
Da serpentina que coloriu
Os olhos do cego a voz do anão
A vida e o meu coração de leão
Álbum: Estação da Luz
1985
Faixa 1: Estação da luz
Lá vem chegando o verão
No trem da estação da luz
É um pintor passageiro colorindo o mundo inteiro
Derramando seus azuis lá vem chegando o verão
Lá vem chegando o verão
No trem da estação da luz
Com seu fogo de janeiro colorindo o mundo inteiro
Derramando seus azuis pintor chamado verão
Tão nobre é sua aquarela papoulas vermelhas
A rosa amarela o verde dos mares
As cores da terra me faz bem moreno
Para os olhos dela
Faixa 5: Olinda
Olinda
Tens a paz dos mosteiros da Índia
Tu és linda pra mim
És ainda
Minha mulher
Calada
O silêncio rompe a madrugada
Já não somos aflitos
Nem nada
Minha mulher
Tu voltas
Entre frutas verão que tu voltas
Abriremos janelas e portas
Minha mulher
Álbum: Leque moleque
Faixa 7: Girassol
Mar e sol
Gira gira gira sol
Um girassol nos teus cabelos
Batom vermelho
Girassol
Morena flor do desejo
Ah, teu cheiro em meu lençol
Desço pra rua
Sinto saudade
Gata selvagem
Sou caçador
Morena flor do desejo
Ah, teu cheiro matador
Álbum: Andar Andar
1990
Faixa 6: Ateu comovido
Eu vinha descendo a ladeira
E ouvi no sussurro do vento
Que a vida se dá por inteiro
Ao homem que é só sentimento
Descendo a ladeira
Da Igreja da Sé
Ateu comovido
Em busca de fé
Fé em Deus, fé na terra, nos astros
Nos riachos, nas matas, nos lagos
No trabalho, fé nos sindicatos
Fé nos búzios, nas conchas do mar
Álbum: Sete sentidos
1991
Faixa 2: La Belle de Jour
Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
A moça no meio da tarde
De um domingo azul
Azul, era Belle de Jour
Era a bela da tarde
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour
La Belle de Jour
Era a moça mais linda de toda a cidade
E foi justamente pra ela
Que eu escrevi o meu primeiro blues
Mas Belle de Jour, no azul viajava
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour
Álbum: Sol e chuva
Faixa 5: Cana Caiana
Pernambuco da cana caiana
Do verde imburana
Do cajá do mel
Se destina vida severina
A moer na usina o amargor do fel
Pernambucano dos olhos de holanda
Do negro luanda cheirando a bangüê
Se destina vida severina
A moer na usina, remoer, moer
No remoer de sol a sol
Para mover velho bangüê
Remoer fazer forró
Arrasta pé no massapé
Álbum: Coração bobo
Faixa 6: Na primeira manhã
Acordei mais cansado que sozinho
Como um conde falando aos passarinhos
Como uma bumba-meu-boi sem capitão
E gemi como geme o arvoredo
Como a brisa descendo das colinas
Como quem perde o prumo e desatina
Como um boi no meio da multidão
Na segunda manhã que te perdi
Era tarde demais pra ser sozinho
Cruzei ruas, estradas e caminhos
Como um carro correndo em contramão
Pelo canto da boca num sussurro
Fiz um canto demente, absurdo
O lamento noturno dos viúvos
Como um gato gemendo no porão
Solidão.
Serviço
Ocupação Alceu Valença
Abertura: sábado 14 de dezembro, às 11h
Visitação: de 14 de dezembro de 2019
a 2 de fevereiro de 2020
Piso térreo
Classificação etária: livre
De terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h
(permanência até 20h30)
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
Piso térreo
Realização:
Avenida Paulista, 149,
Estação Brigadeiro do Metrô
Fones: 11. 2168-1777
Acesso para pessoas com deficiência
Ar condicionado
Estacionamento:
Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108
Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:
3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
Cristina R. Durán:
cristina.duran@conteudonet.com
Mariana Zoboli:
mariana.zoboli@conteudonet.com
Roberta Montanari:
roberta.montanari@conteudonet.com
Vinicius Magalhães: vinicius.magalhaes@conteudonet.com
No Itaú Cultural:
Larissa Correa:
larissa.correa@terceiros.itaucultural.org.br
Fone: 11.2168-1950
Carina Bordalo (programa Rumos)
carina.bordalo@terceiros.itaucultural.org.br
Fone: 11.2168-1906