Cronologia

Do holocausto ao estabelecimento no Brasil, artista se tornou uma fotógrafa experimental e humanista

A fotografia acabou sendo o principal meio de comunicação de Claudia Andujar quando chegou ao Brasil. Assim, se transformou no fio condutor de sua vida pessoal e profissional, construída entre experimentações pessoais e imagéticas, que a tornaram expoente da fotografia brasileira e porta-voz do cotidiano e da espiritualidade Yanomami.

1931

Nasce Claudine Haas, em 12 de junho, na cidade de Neuchâtel, Suíça. Filha de Germaine Guy, de origem suíça protestante, e de Sigfried Haas, de ascendência húngara judaica, ela passa a infância em um território disputado entre a Hungria e a Romênia. A cidade na qual vive sua família, conhecida em húngaro como Nagyvárad, ficou sob o domínio romeno entre 1920 e 1940, recebendo o nome de Oradea.

1939

Iniciam-se a Segunda Guerra Mundial e o fortalecimento de regimes totalitários.

1944

Com a ascensão do nazismo na região em que vivia, parte de sua família paterna, incluindo seu pai, é capturada pelos nazistas e enviada para os campos de concentração em Auschwitz e Dachau, onde foram todos mortos. Esse período é rememorado por ela como seu primeiro encontro com os “marcados para morrer”.

1945

Claudine e sua mãe embarcam em um trem para refugiados, numa difícil viagem de volta à Suíça.

1946

A jovem aceita o convite de familiares paternos, que haviam imigrado para os Estados Unidos antes mesmo da perseguição nazista, para morar com eles em Nova York. Passa a chamar-se Claudia.

1949

Claudia ingressa na Hunter College, faculdade pública integrada à Universidade de Nova York, para estudar humanidades. Casa-se com o colega de ginásio Julio Andujar, de origem espanhola e refugiado da guerra civil naquele país. Adota o nome Claudia Andujar.

1950

Por saber vários idiomas, ela trabalha como guia de turismo na Organização das Nações Unidas (ONU) nos primeiros anos da década. Dedica-se à pintura a óleo inspirada pelo Expressionismo Abstrato e pelas obras do pintor franco-russo Nicolas de Stäel. Nessa época, frequenta museus, galerias e exposições em cartaz na cidade.

1952

Mostra suas primeiras pinturas em duas exposições, uma na Galeria Coeval, em Nova York, com o pintor e cineasta filipino Ramon Estella, e outra nas Nações Unidas.

1953

Claudia se separa oficialmente de Julio Andujar, decidindo manter o sobrenome do ex-marido como forma de dificultar a identificação de sua origem judaica.

1955

Ela desembarca pela primeira vez no Brasil, em 9 de junho, para visitar sua mãe, que já vivia no país. Fizeram juntas algumas viagens para o litoral e o interior, que a motivaram a ficar no Brasil. Estabelece-se no Centro de São Paulo e conhece pessoas do meio artístico e intelectual que transitavam pela região na época. Expõe no 4º Salão paulista de arte moderna, na categoria Pintura. Começa a fotografar como forma de conhecer e se comunicar com as pessoas, já que ainda não falava português. Aprende a revelar seus próprios filmes em um pequeno estúdio comercial no Centro da cidade. Entre os amigos que faz nesse período está o antropólogo Darcy Ribeiro, que a incentiva a fotografar o povo Karajá. Viaja pelo Brasil e por Bolívia, Peru, Argentina e Chile.

1956

Expõe no 5º Salão Paulista de Arte Moderna, na categoria Guache.

1958

Publica fotos dos Karajá, seu primeiro projeto autoral, e de cholas bolivianas na revista Habitat número 48. Escrito por Pietro Maria Bardi, diretor do Museu de Arte de São Paulo (Masp), o artigo “From a line to a smile” analisa a transição da artista da pintura para a fotografia. Bardi a convida para desenhar um vitral sobre a floresta amazônica na entrada da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), onde a sede do Masp funcionava temporariamente. Fotografa para a revista brasileira A Cigarra.

1959

O Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) adquire duas fotografias de sua autoria.

1960

Passa três meses entre os Karajá. Realiza sua primeira exposição individual, na Galeria Limelight, em Nova York, com curadoria do fotógrafo Lew Parrella. O MoMA exibe cinco fotografias suas na exposição Photographs for collectors e uma, adquirida para o acervo do museu, na mostra Recent aquisitions, ao lado de fotógrafos como Robert Capa, Berenice Abbott, Helen Levitt e Weegee. Publica nas revistas Life (edição espanhola) e Jubilee.

1961

Inaugura uma exposição individual no George Eastman House, em Nova York.

1962

Inicia o projeto de documentação das Famílias brasileiras, registrando o cotidiano de quatro delas, em diferentes regiões do país, até 1964. É aprovado no Brasil o Estatuto da Mulher Casada, que garante à mulher o direito de trabalhar e viajar sozinha sem a autorização do marido, assim como o direito à solicitação de guarda dos filhos em caso de separação.

1964

Até 1965, Claudia dá seguimento ao projeto de documentação do papel da mulher entre o povo Bororo (autodenominado Boe). Golpe de Estado e início da ditadura civil-militar que vigorou no Brasil até 1985.

1965

Participa da Feira Mundial de Nova York, integrando a exposição The world and its people. Conhece George Love no circuito artístico de Nova York. Ambos passam a integrar a Association of Heliographers.

1966

Claudia passa a trabalhar como freelancer para revistas da Editora Abril, entre elas Bondinho, Claudia, Quatro Rodas e, principalmente, Realidade, onde permanece até 1971. Convive com fotógrafos de tendências diversas que integravam a revista, entre eles Lew Parrella, Maureen Bisilliat, Luigi Mamprin, George Love, David Drew Zingg e Roger Bester. Claudia e Maureen são as duas únicas mulheres da equipe.

1967

Nathan Lyon, curador do George Eastman House, inclui a artista na exposição e no livro Photography in the twentieth century. Fotos de sua autoria publicadas na reportagem “Nasceu”, na Realidade, motivam a apreensão da revista pela censura. Faz fotos de casais homoafetivos para a revista, mas a matéria é publicada sem as imagens. A dissolução do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) dá origem à então chamada Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão indigenista oficial do governo federal.

1968

Casa-se com George Love, em Nova York. Sua foto de uma criança do povo Xikrin (autodenominado Mebêngôkre) é capa da The New York Times Magazine. Começa a publicar fotografias em cores na revista Realidade. A nova sede do Masp é inaugurada na Avenida Paulista. Promulga-se o Ato Institucional nº 5 (AI-5).

1969

O governo militar dá início à construção da Rodovia Transamazônica.

1970

Claudia lança o livro A week in Bico’s world. Participa, com George Love e Maureen Bisilliat, da mostra Fotógrafos de São Paulo, no Museu de Arte Brasileira da Faap (MAB/Faap), onde apresenta o objeto fotográfico Sem título (1970), que hoje integra o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Publica capa e ensaio sobre os Xikrin na revista Novidades Fotoptica, com edição de Love.  

1971

A mesma foto da criança Xikrin é publicada pela revista Aperture, com um tratamento mais convencional. Realiza um happening com George Love no vão livre do Masp, audiovisual com imagens do povo Xikrin projetado em telas e nas paredes externas do edifício recém-inaugurado da Avenida Paulista. Expõe o objeto fotográfico Inês (1971) na mostra 9 fotógrafos de São Paulo, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP). Projeta o audiovisual A Sônia no pequeno auditório do Masp, ao som da música “I had a dream”, de John Sebastian. O ensaio é publicado no primeiro número da Revista de Fotografia, em junho, mesmo mês da exibição do audiovisual. Cria, com George Love e Maureen Bisilliat, um audiovisual para a exposição A família brasileira, também no Masp. Tem seu primeiro contato com os Ianomâmi de Maturacá, no Amazonas, os Ariabu, durante viagem para edição especial da revista Realidade lançada em outubro. Recebe bolsa da Fundação John Simon Guggenheim, cujo trabalho seria a princípio realizado com o povo Xikrin, o que ela alterou após conhecer os Ianomâmi. Chega, acompanhada de Love, à região do Rio Catrimani, território Ianomâmi em Roraima, pela primeira vez no final do ano. Conhece seu companheiro de luta Carlo Zacquini.

1972

Organiza, com Love, Bisilliat e Walter Zanini, a exposição O fotógrafo desconhecido no MAC/USP, onde integram o comitê de fotografia. Volta sem Love à bacia do Catrimani. Claudia e Love montam um laboratório fotográfico, a convite de Pietro Maria Bardi, e apresentam o audiovisual O homem da hileia na mostra Hileia amazônica, no Masp.

1973

Passa a dar aulas de fotografia no laboratório do Masp nos períodos em que não estava na floresta, até 1975. Além dos cursos e programas do laboratório, organiza saídas fotográficas, eventos, seminários e exposições. Uma versão modificada do audiovisual O homem da hileia é exibida na Feira Brasil export, em Bruxelas, por intermédio de Bardi. Inicia-se a construção da Perimetral Norte, braço da Transamazônica, atravessando o território Ianomâmi.

1974

Permanece a maior parte do ano na floresta. Abre um curso intensivo no Masp entre agosto e setembro. Participa da organização da Semana de fotografia no Masp. Começa a investigar a cosmovisão ianomâmi por meio de desenhos feitos pelos próprios indígenas, em parceria com Carlo Zacquini. Separa-se de George Love.

1975

Organiza um curso para alunos avançados com o objetivo de documentar a Grande São Paulo e formar um acervo fotográfico para o Masp. O projeto toma corpo com a participação de Love e Bardi na comissão, e culmina na fundação do departamento de fotografia do museu, do qual Andujar foi chefe até 1976. Corresponde-se com importantes fotógrafos internacionais em nome da instituição.

1976

Atua como curadora de uma das sessões da mostra GSP/76 no Masp. Impasses com Bardi na condução da mostra fazem com que ela opte por se desligar do museu. Recebe bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para realizar o projeto de desenhos de xamãs sobre a cosmovisão Ianomâmi, que daria origem a Mitopoemas yãnomam. Parte de São Paulo para Roraima com seu fusca preto, levando equipamentos fotográficos, papéis, tintas, canetas hidrográficas e outros materiais para a elaboração do projeto. Naturaliza-se brasileira.

1977

Recebe a segunda bolsa concedida pela Fundação John Simon Guggenheim. Conhece Davi Kopenawa Yanomami. É injustamente expulsa do território ianomâmi pela ditadura militar e enquadrada na Lei de Segurança Nacional por defender os indígenas. No documento de despacho que determina a sua saída da Amazônia consta “a visita da pesquisadora desnecessária aos interesses nacionais”.

1978

Publica o livro Amazônia, em coautoria com George Love, pelo selo Práxis, com design de Wesley Duke Lee e coordenação editorial de Ragastein Rocha. A publicação foi censurada pelo governo militar da época e sua distribuição foi feita de maneira clandestina. Publica Yanomami frente ao eterno, também pela Práxis e com a mesma dupla de designer e editor. Lança ainda o livro Mitopoemas yãnomam, pela editora Olivetti, resultado da pesquisa em parceria com Carlo Zacquini sobre os desenhos e a cosmovisão ianomâmi. A obra é prefaciada e traduzida para o italiano por Pietro Maria Bardi, com projeto gráfico de Emilie Chamie. Apresenta, na 1ª Bienal latino-americana de São Paulo, uma “instalação ambiental” com 36 desenhos do mesmo livro. Participa do I Coloquio latinoamericano de fotografia, realizado no Museo de la Ciudad de México, e da exposição Hecho en latinoamerica: primera muestra de la fotografía latinoamericana contemporánea. Cria a Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY), ao lado de Carlo Zacquini e Bruce Albert, e participa ativamente da coordenação da campanha pela demarcação contínua das terras e pela sobrevivência dos Ianomâmi. A maioria de suas imagens passa a circular atrelada à luta indígena.

1979

A CCPY apresenta o mapeamento da Terra Indígena Yanomami e a proposta para a criação do Parque Yanomami ao governo brasileiro. É aprovada a Lei da Anistia.

1980

Participa da I Trienal de Fotografia do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Fotos suas dos Ianomâmi, Bororo (Boe) e Xikrin (Mebêngôkre) são publicadas com textos e partituras da Missa da terra sem males, realizada um ano antes pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Inicia o projeto de assistência médica e sanitária aos indígenas com o médico Rubens Belluzzo Prado, então vinculado à Comissão Pró-Índio de São Paulo. Começa a produção de retratos dos Ianomâmi com números para identificação e controle vacinal. Início da abertura política do país. Fundação da União das Nações Indígenas (UNI), organização formada exclusivamente por lideranças indígenas.

1981

Participa do II Coloquio latinoamericano de fotografia, no Museo de la Ciudad de México. Suas fotos são selecionadas para a exposição Fotografie lateinamerika, von 1860 bis heute, realizada na Kunsthaus de Zurique, na Suíça.

1982

Como coordenadora da CCPY, publica o Relatório yanomami 82: situação de contato e saúde, ilustrado com suas fotografias. São criadas as representações regionais da UNI, em virtude das distâncias e das particularidades entre os povos indígenas. Mário Juruna torna-se o primeiro indígena eleito deputado federal, pelo estado do Rio de Janeiro.

1984

Andujar retorna à produção audiovisual com o filme Povo da lua, povo do sangue, dirigido por Marcelo Tassara, com texto de Thiago de Mello e trilha sonora de Marlui Miranda. No filme, imagens das graves consequências do contato forçado dos Ianomâmi com os brancos registradas por Claudia circulam pela primeira vez. A campanha pelo voto direto para presidente ganha força com o Movimento Diretas Já.

1985

Participa da mostra coletiva Photojournalism in the 80s, na Hillwood Art Gallery de Nova York. Fim do regime ditatorial no Brasil. O governo do presidente José Sarney dá início ao projeto Calha Norte.

1986

A presidência da Funai fica a cargo de Romero Jucá, considerado por Davi Kopenawa o maior inimigo dos povos indígenas do Brasil.

1987

O projeto de assistência à saúde dos Ianomâmi é interrompido, por causa da invasão de garimpeiros ao território e da expulsão de médicos e ativistas da região, até 1989. Os indígenas são mais uma vez duramente atingidos por epidemias trazidas pelos brancos.

1988

Uma foto de Claudia Andujar ilustra o cartaz da campanha coordenada pela UNI pela inclusão do "Capítulo dos índios" no texto constitucional. É promulgada a Constituição Federal de 1988, com a inclusão do texto que assegura os direitos dos povos originários sobre suas terras tradicionais, cabendo ao Estado demarcar e homologar esses territórios. Davi Kopenawa recebe o prêmio Global 500, da Organização das Nações Unidas (ONU), em reconhecimento à sua luta.

1989

Claudia volta a expor no Masp, na mostra Genocídio do Yanomami, morte do Brasil, organizada pela CCPY, com audiovisual de mesmo nome. Participa da exposição coletiva UABC: painting, sculptures, photography. Uruguay, Argentina, Brazil, Chile, realizada em Amsterdam, na Holanda. A comissão da Ação pela Cidadania publica o relatório “Roraima: o aviso de morte”, com fotos de Andujar, sobre as dramáticas consequências do projeto Calha Norte. São retomadas as eleições diretas no Brasil. Ailton Krenak, então presidente da UNI, recebe o prêmio da Fundação Letelier Moffitt de defesa dos direitos humanos, pelo empenho da organização para a inclusão do capítulo específico sobre os direitos indígenas na Constituição Federal de 1988.

1990

Realiza a exposição Yanomami/1990: o extermínio continua. Até quando?, em colaboração com o fotógrafo Charles Vincent, como parte integrante do ciclo de palestras, debates e exibição de filmes O índio: ontem, hoje e amanhã, organizado por Maureen Bisilliat e Eda Tassara no Memorial da América Latina, em São Paulo. O aumento das doenças e da violência contra os indígenas em consequência da presença de cerca de 8 mil garimpeiros no território ianomâmi é denunciado pela CCPY.

1991

Duas fotos dos Ianomâmi realizadas pela artista são selecionadas para compor a primeira edição da Coleção Pirelli/Masp de fotografia, iniciativa mais sistemática do museu para a formação de um acervo de fotografias. Andujar e Maureen Bisilliat são as únicas mulheres entre 18 fotógrafos.

1992

Demarcação e homologação da Terra Indígena Yanomami. Em grande medida, resultado da pressão de ativistas, ambientalistas, indigenistas, ONGs, congressistas de diferentes nacionalidades e da própria CCPY, que se encontravam no Brasil para a ECO-92, conferência da ONU sobre mudanças climáticas. O evento, realizado no Rio de Janeiro, produz o documento conhecido como “Agenda 21”, cujas metas previam, entre outras coisas, o combate à pobreza global e a mudança dos padrões de consumo e das matrizes energéticas, já alertando para uma futura crise de eventos extremos no clima caso as medidas não fossem adotadas.

1993

Claudia tem fotos suas exibidas na mostra A new installation of photography from the collection, no MoMA. Outras fotografias suas são publicadas no livro Canto a la realidad: fotografía latinoamericana 1860-1993. Ao menos 16 indígenas ianomâmi são mortos no que ficou conhecido como Massacre de Haximu, consequência de uma nova invasão de garimpeiros. O então deputado federal Jair Bolsonaro apresenta um projeto parlamentar com o objetivo de anular a demarcação da Terra Indígena Yanomami.

1994

Expõe na 5ª FotoFest biennial de Houston, nos Estados Unidos, edição voltada para a temática ambiental.

1995

A CCPY passa a se chamar Comissão Pró-Yanomami, reorientando-se para atender à demanda por educação intercultural e criando uma rede de escolas na área indígena.

1996

Andujar é selecionada, juntamente com Nair Benedicto, para representar as fotógrafas brasileiras na mostra A history of womens photographers, que itinerou pelos Estados Unidos até 1998. Suas fotografias da Coleção Pirelli/Maspde fotografia integram a exposição Imagenes de Brasil, itinerância do acervo por Argentina, Bolívia e Colômbia.

1998

Apresenta a instalação Na sombra das luzes, que combina imagens fixas com sons da floresta, na 24ª Bienal internacional de arte de São Paulo. Sete imagens da série exibida no evento entram para a oitava edição da Coleção Pirelli/Masp de fotografia. Participa da mostra coletiva de fotografia Amazônicas, no Itaú Cultural. Produz a exposição Yanomami: a casa, a floresta, o invisível para a 2ª Bienal de fotografia de Curitiba. As imagens e a organização da mostra deram origem ao livro Yanomami, lançado no mesmo ano.

1999

A mostra Encontros da imagem: retrospectiva yanomami do acervo do Museu de Fotografia de Curitiba é exibida no festival internacional de fotografia PhotoEspaña 99 – sangre caliente, no Museo de la Ciudad de Madri. Em seguida, o evento é realizado em Braga, Portugal, e no Memorial da América Latina, em São Paulo, em 2001.

2000

Exibe Na sombra das luzes e Imagens fotográficas rupestres: grafitagem yanomami no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. Cria-se a Urihi-Saúde Yanomami, ONG em desdobramento do programa sanitário da CCPY exclusivamente dedicada à assistência e educação em saúde dos Ianomâmi. Poucos meses após sua fundação, o índice de mortalidade entre os Ianomâmi cai pela metade. Claudia recebe das mãos do escritor uruguaio Eduardo Galeano o Cultural Freedom Prize, prêmio concedido pela Fundação Lannan (Santa Fé, Estados Unidos). A premiação previa a doação de 250 mil dólares para o desenvolvimento de projetos da CCPY na TI Yanomami, no entanto, divergências sobre a utilização do recurso fazem com que a instituição cancele a transferência. Esse evento leva Andujar a demitir-se da direção da CCPY, permanecendo apenas como associada. Após seu afastamento da coordenação da comissão, dedica-se a sistematizar o arquivo fotográfico composto ao longo de sua trajetória e a trabalhar na edição de novas séries.

2001

Integra a mostra coletiva Trajetória da luz na arte brasileira, no Itaú Cultural.  

2002

Recebe o Prêmio Porto Seguro de Fotografia. Expõe Yanomami – a casa, a floresta, o invisível no MAM/SP. A mesma seleção de imagens integra a mostra Mundos creados – documentary work from Latin America, no Noorderlicht photofestival de Groningen, na Holanda.

2003

Participa da exposição Yanomami, l’esprit de la forêt, na Fundação Cartier para a Arte Contemporânea de Paris. O livro de mesmo nome conta com texto de Davi Kopenawa e Bruce Albert. Recebe o Prêmio Severo Gomes para os direitos humanos.

2004

Realiza a exposição Yanomami: espíritos da floresta no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB/RJ). É fundada a Associação Hutukara Yanomami (HAY), para a gestão territorial e de atividades relacionadas a saúde e educação na Terra Indígena Yanomami, gerida pelos indígenas e com apoio do Instituto Socioambiental (ISA). Andujar começa a ser representada pela Galeria Vermelho, cujo trabalho conjunto reverte 33% do lucro de venda das obras para a HAY até hoje.

2005

Apresenta A vulnerabilidade do ser na Pinacoteca do Estado de São Paulo, primeira grande exposição monográfica realizada após a organização de seu arquivo, com muitas imagens da artista até então inéditas. No ano seguinte, ela recebe o prêmio de melhor exposição pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Em colaboração com os artistas Gisela Motta e Leandro Lima, inaugura na Galeria Vermelho a exposição Yano-a.

2006

A mostra Citizens, realizada na Inglaterra e na Irlanda, exibe as primeiras imagens da série Marcados, na qual Claudia retoma os retratos realizados entre 1981 e 1983 para programas de saúde. Estreia de Marcados no Brasil, na 27ª Bienal internacional de São Paulo. Ela também participa da Bienal internacional de artes visuais e fotografia de Liége, na Bélgica.

2007

Participa da coletiva Mírame – una ventana a la fotografía brasileña, na Fototeca de Cuba, em Havana. É publicado na França, pela Éditions Marval, o livro Yanomami, la danse des images, contendo anotações dos cadernos de campo de Andujar. O deputado e produtor rural Homero Pereira apresenta o Projeto de Lei (PL) nº 490/2007, que propõe a transposição do debate sobre a demarcação de terras indígenas, sem a definição de critérios, do Poder Executivo para o Congresso Nacional.

2008

Claudia é premiada com a ordem do mérito cultural pelo Ministério da Cultura. Participa, como artista homenageada, do Festival internacional de fotografiade Porto Alegre (FestFotoPoA), realizado no Centro Cultural Érico Veríssimo. Expõe Meu mundo no Programa de Fotografia da Galeria Olido, em São Paulo.

2009

O livro Marcados é publicado pela Cosac Naify, premiado no ano seguinte com o Kassel Photobook Award. A Caixa Cultural de Salvador expõe Retratos yanomami. Claudia integra a coletiva Brésil, symphonie humaine, na Maison de la Photographie Robert Doisneau, na França. Participa da mostra The 70s: photography and everyday life, que excursiona por vários museus europeus. A tese do marco temporal é utilizada para a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Na decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF), consignou-se que tal critério valeria apenas para esse caso exclusivo. Diferente do que o STF havia decidido, alguns ministros passam a defender a utilização de tal critério em outros casos semelhantes. Abre-se precedente para a não homologação de terras indígenas tradicionais e até mesmo para a revogação de demarcações já consolidadas, como as terras dos povos Guarani-Kaiowá e Terena, em Mato Grosso do Sul.

2010

O livro Le chute du ciel – paroles d’un chaman yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, é publicado na França pela editora Plon, integrando a coleção Terre humaine.

2011

Exibe Marcados no Centro de Cultura Judaica de São Paulo. Participa da coletiva Geração 00 – a nova fotografia brasileira no Sesc Belenzinho, em São Paulo. O livro El fotolibro latinoamericano, de Horacio Fernandez, elenca Amazônia, de Claudia Andujar e George Love, como um dos melhores livros de fotografia do continente.

2012

Andujar expõe a série Sonho verde-azulado, na qual recupera slides do audiovisual O homem da hileia, no Palácio dos Correios de São Paulo.

2013

A Galeria Vermelho inaugura a mostra O voo de Watupari, com série composta a partir das imagens captadas durante a viagem de fusca na qual Claudia e Carlo Zacquini atravessaram o Brasil, de São Paulo à Bacia do Rio Catrimani. Obras dos anos 1970 integram a mostra Fronteiras incertas – arte e fotografia no acervo do MAC/USP. A tradução para o inglês do livro de Davi Kopenawa e Bruce Albert, The falling sky – words of a yanomami shaman, é publicada pela Harvard University Press.  

2015

É inaugurada a Galeria Claudia Andujar, pavilhão permanente com suas obras no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG). O Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (IMS/RJ) exibe a mostra Claudia Andujar: no lugar do outro, com obras da artista antes de seu encontro com os Ianomâmi. Davi Kopenawa e Bruce Albert lançam o livro A queda do céu – palavras de um xamã yanomami em português pela Companhia das Letras.

2016

O Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba), na Argentina, realiza a exposição da série Marcados. O estado de Santa Catarina pede a revisão e a diminuição da extensão do território da Terra Indígena Ibirama-La Klãnõ, do povo Xokleng. Acionando a tese do marco temporal, alegou-se que os indígenas não estavam ali em 1988, ignorando as retiradas e migrações forçadas perpetradas pelo próprio Estado ou por terceiros.

2017

O Museum für Moderne Kunst (MMK), em Frankfurt, Alemanha, inaugura a exposição Claudia Andujar: tomorrow must not be yesterday. O Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa exibe a mostra Claudia Andujar: visão yanomami. A artista participa da coletiva Dja guata porã no Museu de Arte do Rio (MAR). Integra também a exposição coletiva Radical women: latin american art, 1960-1985, que consistiu em um amplo levantamento da produção de mulheres artistas durante o período das ditaduras latino-americanas. A mostra circulou, entre 2017 e 2018, pelo Hammer Museum de Los Angeles, pelo Brooklyn Museum de Nova York e pela Pinacoteca do Estado de São Paulo. Claudia retorna à aldeia Demini, maloca da família de Davi Kopenawa na Terra Indígena Yanomami, para a realização do filme Gyuri, de Mariana Lacerda. Claudia Andujar não teve filhos, mas, entre os Ianomâmi, é chamada de mãe.

2018

Compõe a série Sonhos yanomami, trabalhando a sobreposição de slides captados durante as décadas de 1970 e 1980. A série é exibida em diferentes unidades do Sesc no interior de São Paulo. O Instituto Moreira Salles de São Paulo (IMS/SP) estreia a mostra Claudia Andujar: a luta yanomami, com curadoria de Thyago Nogueira. Após essa edição, a mostra circula pelo Rio de Janeiro, por cinco países da Europa, pelos Estados Unidos e pelo México. O livro Amazônia, de Claudia Andujar e George Love, é exposto na biblioteca do IMS/SP, como atividade paralela. O ex-deputado federal Jair Bolsonaro é eleito presidente, com pautas abertamente contra a demarcação de terras indígenas.

2019

Andujar participa do Festival Internacional de Fotografia de Paraty, o Paraty em foco, como artista homenageada. É premiada pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) por sua trajetória artística.

2020

O mundo é atingido pela pandemia de covid-19. A situação de diversos povos indígenas se agrava no Brasil, com o aumento do índice de mortalidade. O cenário alarmante da Terra Indígena Yanomami é denunciado repetidas vezes tanto pelas lideranças quanto pela HAY e pelo ISA.

2021

O STF começa o julgamento sobre a constitucionalidade da tese do marco temporal. Ao mesmo tempo, no bojo de tais discussões, o PL 409/2007 volta a ser discutido na Câmara dos Deputados, após ser rejeitado e arquivado por diversas vezes desde a sua apresentação.

2022

A 20ª edição da Festa literária de Paraty homenageia a artista pelo conjunto de sua obra. O Itaú Cultural concede a Claudia o Prêmio Milú Villela – Itaú Cultural 35 Anos. Ela participa da exposição Modernas! São Paulo visto por elas, no Museu Judaico de São Paulo.

2023

Em janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva toma posse na presidência da República, e a tragédia causada na Terra Indígena Yanomami pelos anos de abandono do governo anterior finalmente vem a público. Em estimativa do ISA, passava de 20 mil o número de invasores no território, estimulados pelo garimpo ilegal. O governo federal – contando agora com um Ministério dos Povos Indígenas, comandado por Sonia Gajajara, e com uma presidenta indígena na Funai, Joenia Wapichana – desenvolve operações de desmonte de pontos de garimpo e expulsão dos invasores, além de levar assistência médica aos Ianomâmi, muito embora muito ainda precise ser feito. No segundo semestre de 2023, a floresta amazônica sofre a pior seca já registrada. Claudia Andujar recebe o título de doutor honoris causa pela Universidade de Brasília (UnB). A série de imagens de casais homoafetivos feita em 1967 para a revista Realidade é censurada em exposição no Museu de Etnografia da Hungria, em Budapeste. O país é mais um a ser governado por representantes ultraconservadores com o avanço da extrema direita no mundo. No final do ano, ondas de temperaturas extremas são detectadas em todo o globo terrestre. O PL 490 é aprovado em votação plenária pela Câmara dos Deputados e segue para a apreciação do Senado como PL 2093/2023.

2024

A Terra Indígena Yanomami sofre novas ameaças com o retorno de muitos dos garimpeiros expulsos no ano anterior, que continuam espalhando doenças e violências pelo território. O desmonte do Ministério dos Povos Indígenas e a falta de efetividade no cumprimento das ações propostas pelo governo federal têm perpetuado o genocídio dos Ianomâmi. No final de janeiro, Claudia Andujar é anunciada como uma das artistas participantes da 60ª Bienal de Veneza, intitulada Estrangeiros em toda parte, sob curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp desde 2014. O Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro homenageia Davi Kopenawa e a luta ianomâmi no Carnaval do Rio de Janeiro, com o enredo “Hutukara”, nome xamânico do antigo céu que caiu para compor a terra-floresta. No mês de abril, é inaugurada a exposição Claudia Andujar -- cosmovisão, no Itaú Cultural, com curadoria de Eder Chiodetto. As mudanças climáticas já são um prenúncio real da queda do céu.

[Cronologia construída por Thais Lopes Camargo, assistente da curadoria]
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3 de abril a 30 de junho de 2024
Pisos: -1 e -2
Curadoria: Eder Chiodetto
Concepção e realização: Itaú Cultural

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – próximo à estação de metrô Brigadeiro
Visitação: terça-feira a sábado, das 11h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h.
Entrada: gratuita

Mais informações:
Telefone: (11) 2168-1777
Whatsapp: (11) 963831663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br

Acesso para pessoas com deficiência física.
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

TEATRO
Trilha para as estrelas
Grupo Barracão de Teatro
Estreia em 7 de abril (domingo),às 16h
Sala Vermelha – Itaú Cultural (59 lugares)
Segue em cartaz todos os domingos até julho
Duração: 55 minutos
Capacidade: 59 lugares
Classificação Indicativa: livre, segundo autodefinição
Entrada gratuita
Ingressos: https://itaucultural.byinti.com/#/ticket/

IC PLAY
Gyuri
A partir de 3 de maio
Documentário
Direção: Mariana Lacerda
Duração: 1h 28min
Roteiro: Mariana Lacerda e Paula Mercedes
Acesso gratuito em www.itauculturalplay.com.br e dispositivos móveis Android e IOS.

Encontros IC Play
Exibição de Gyuri
Seguida de conversa com a diretora Mariana Lacerda e o filósofo húngaro Peter Pál Pelbart
Previsto para o dia 30 de abril, às 19h
Sala Vermelha – Itaú Cultural (59 lugares)

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