Curatorial

Exposição inédita segue o trajeto da artista que rompeu a forma passiva da fotografia

As experiências fotográficas de Claudia Andujar, ao longo de sua carreira justapõem imagem e imaginação. Nunca cessaram permitindo, décadas mais tarde, que ela conseguisse representar na gênese fotográfica o maior dos seus desafios: a emanação espiritual e as imagens oriundas da miração dos Yanomami em seus rituais xamânicos.

Certas artistas, na obsessão pela legítima e precisa expressão, não se atêm a fazer o uso da linguagem de forma tradicional e passiva. Rompem estatutos e, pautadas por intuição, alguma rebeldia e muitas experimentações, criam novas possibilidades formais, simbólicas e narrativas no campo da investigação. Essas são artistas que expandem o léxico das linguagens e se tornam referências para a história.

Esse é o caso da fotógrafa e ativista Claudia Andujar, nascida em 1931, na Suíça, e que, refugiada do nazismo na Europa, adotou o Brasil como sua pátria desde 1955. Reconhecida mundialmente pelo seu monumental trabalho com os Yanomami, ela usou a arte para denunciar o descaso histórico do Estado com esse povo. E, ao fazê-lo, por meio de suas imagens, mostrou a sabedoria ancestral e a refinada espiritualidade dos povos originários desta terra. Além disso, seu trabalho foi fundamental para que ocorresse a demarcação da Terra Indígena Yanomami, em 1992. A força dessa produção iconográfica, não por acaso, domina quase por completo a vasta bibliografia e os projetos expositivos da artista.

Esta exposição inédita, no entanto, visa trilhar um percurso ao longo da carreira da artista para demonstrar como ela foi expandindo, desde os seus primeiros trabalhos, o repertório expressivo da linguagem fotográfica. Suas experiências, que justapõem imagem e imaginação, nunca cessaram, e abriram passagem para que, décadas adiante, ela conseguisse representar na gênese fotográfica o maior dos seus desafios: a emanação espiritual e as imagens oriundas da miração dos Yanomami em seus rituais xamânicos.

No segundo semestre de 2023, estimulada pela ideia desta exposição sobre as suas práticas mais experimentais, Claudia reviu a série O voo de Watupari, registro da viagem que realizou em 1976, com seu fusca preto, de São Paulo até o território yanomami, em Roraima. As imagens, em preto e branco, ganharam a sobreposição de peças de acrílico.

A viagem que a levou em direção a sua causa humanista e ativista, e que a fez criar um dos acervos iconográficos mais importantes da nossa história, tem agora uma nova versão, que dialoga com o espírito libertário e lisérgico da época que gestou uma das artistas mais instigantes do nosso tempo.

Fotografia nos museus

A atuação de Claudia Andujar no Museu de Arte de São Paulo (Masp) entre 1971 e 1976, ministrando aulas, organizando exposições e coordenando o Departamento de Fotografia ao lado do artista George Love (1937-1995), foi paradigmática para que a fotografia fosse legitimada dentro do campo da arte no Brasil e começasse a fazer parte dos acervos de museus.

Ao longo desse período, a artista incorporou ao seu repertório filmes fotográficos infravermelhos, cromos com a película arruinada, filtros monocromáticos nas lentes e imagens refotografadas com distorções e mutações de luzes e cores, com justaposições e com duplas exposições, entre outras estratégias, visando aproximar a representação da percepção sensorial, o testemunho documental da visão crítica e onírica.

Antes, no final dos anos 1960, uma novidade tecnológica mobilizou artistas, como Claudia e Love, a criar possibilidades de exibição de imagens: o projetor de slides. A ideia de a fotografia still tornar-se um “quasi-cinema”, na denominação do artista Hélio Oiticica, impulsionou a exposição da série A Sônia, que Claudia exibiu no Masp, em 1971, como uma projeção audiovisual. Pela primeira vez, 53 anos depois, essa obra é remontada numa recriação do artista Leandro Lima, seu parceiro em outros projetos.

A cosmovisão dos Yanomami, que amplia e aprofunda os sentidos das existências, como podemos ver na série Sonhos Yanomami, encontra uma relação análoga na atitude idiossincrática de Claudia com a fotografia. Em suas especulações, a artista atravessou fronteiras para representar dimensões não visíveis que estariam fora do alcance dessa linguagem. A fotografia deixa de mimetizar o visível para ter a potência de uma cosmovisão.

Eder Chiodetto
Curador

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3 de abril a 30 de junho de 2024
Pisos: -1 e -2
Curadoria: Eder Chiodetto
Concepção e realização: Itaú Cultural

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – próximo à estação de metrô Brigadeiro
Visitação: terça-feira a sábado, das 11h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h.
Entrada: gratuita

Mais informações:
Telefone: (11) 2168-1777
Whatsapp: (11) 963831663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br

Acesso para pessoas com deficiência física.
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

TEATRO
Trilha para as estrelas
Grupo Barracão de Teatro
Estreia em 7 de abril (domingo),às 16h
Sala Vermelha – Itaú Cultural (59 lugares)
Segue em cartaz todos os domingos até julho
Duração: 55 minutos
Capacidade: 59 lugares
Classificação Indicativa: livre, segundo autodefinição
Entrada gratuita
Ingressos: https://itaucultural.byinti.com/#/ticket/

IC PLAY
Gyuri
A partir de 3 de maio
Documentário
Direção: Mariana Lacerda
Duração: 1h 28min
Roteiro: Mariana Lacerda e Paula Mercedes
Acesso gratuito em www.itauculturalplay.com.br e dispositivos móveis Android e IOS.

Encontros IC Play
Exibição de Gyuri
Seguida de conversa com a diretora Mariana Lacerda e o filósofo húngaro Peter Pál Pelbart
Previsto para o dia 30 de abril, às 19h
Sala Vermelha – Itaú Cultural (59 lugares)

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