Cronobiografia

Datas e acontecimentos singulares da trajetória de quase oito décadas desse artista nascido no início do século XX

O produtor cultural, psicólogo e coordenador de projetos e pesquisas do mBrac João Henrique Queiroz [*] criou, exclusivamente para o catálogo em preparação pelo Itaú Cultural para esta exposição, uma linha do tempo  em formato de cronobiografia do Bispo do Rosário. Ela acrescenta informações até então desconhecidas, como a tocante revelação  de que um dia ele foi procurado por uma irmã

As informações sobre a sequência das datas e dos acontecimentos singulares da trajetória de Arthur Bispo do Rosario tiveram como fontes jornais, documentos de arquivos, prontuários e levantamentos realizados anteriormente por outros pesquisadores e pesquisadoras, especialmente, o crítico de arte Frederico Morais e a psicanalista Flavia Corpas, quem doou todo o seu arquivo referente a Arthur Bispo do Rosario ao Museu Bispo do Rosario Arte Contemporânea (mBrac), no Rio de Janeiro.

A linha do tempo aqui apresentada acrescenta informações até então desconhecidas sobre a vida de Bispo, como a tocante revelação que um dia ele foi procurado por uma irmã, e uma matéria de jornal que indica que ele participou de oficinas de desenho no Centro Psiquiátrico Nacional, no bairro de Engenho de Dentro. Acrescenta-se ainda um histórico completo das exposições.

Para complementar esta pesquisa biográfica, foram acrescentados escritos deixados pelo próprio Bispo em sua obra e que, em certa medida, constituem testemunhos de sua vida. Muitos deles foram revelados recentemente durante o processo de catalogação do acervo do mBrac, sendo grande parte até então desconhecidos do público.

Entrelaçada à vida e obra de Bispo do Rosario, foram incluídas também informações sobre a produção artística de pacientes da Colônia Juliano Moreira, antiga Colônia de Psicopatas Homens de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, com a finalidade de sugerir a atmosfera em que se expressaram aqueles e aquelas artistas que ali viviam, ao lado de Bispo.

1909/1911

Em 5 de outubro de 1909, registrou-se na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Saúde, no município de Japaratuba, Sergipe, o batismo de Arthur, com 3 meses de idade, filho de Claudino Bispo do Rosario e Blandina Francisca de Jesus. No registro de identificação da Marinha de Guerra do Brasil, datado de 1929, consta que seu nascimento ocorreu em 14 de maio de 1909, em Minas Gerais, sendo seus pais Adriano Bispo do Rosario e Blandina Francisca de Jesus, mesma filiação que aparece em sua ficha de empregado da The Rio de Janeiro Tramway, Light & Power Company. No entanto, nesta última, consta seu nascimento em 16 de março de 1911, em Sergipe.

1925

Apresentando-se na companhia de seu pai, alistou-se na Escola de Aprendizes de Marinheiros de Sergipe, em 23 de fevereiro.

1926

Em 21 de Janeiro, foi lotado no Quartel Central do Corpo de Marinheiros Nacionais, no Rio de Janeiro, sendo classificado como grumete, denominação dada aos marinheiros aprendizes. Posteriormente, assumiria o posto de sinaleiro.

1928

Iniciou a carreira de boxeador, prática esportiva incentivada pela própria Marinha. Oficialmente conhecido nos ringues como Arthur Bispo, ganhou fama nos jornais, principalmente em razão de sua resistência física e por nunca fugir dos adversários.

1933

Após uma carreira de oito anos na Marinha, marcada por diversos registros de bom comportamento, mas também punições - incluindo períodos de prisão em solitária -, foi desligado da instituição em 8 de junho, sob a justificativa de ter escapado à disciplina. Em 29 de dezembro, foi admitido como lavador de bondes na Viação Excelsior, subsidiária da empresa Light & Power. Na folha de empregado consta que, na época, o funcionário residia na Praça XV, no número 34. O documento registra também que, naquele momento, seu pai já teria falecido. Seguiu, paralelamente, com sua carreira de boxeador.

1936

Na madrugada do dia 24 de janeiro, sofreu um acidente de trabalho que levou ao esmagamento de seu pé direito. Após receber os primeiros socorros, foi transferido para o Hospital Lloyd Sul Americano. O infeliz acontecimento chegou a ser noticiado em vários jornais da cidade. Na comunicação de acidente feita pela Light & Power consta uma mudança de seu endereço residencial, indicando que agora morava na Rua do Passeio, 42. O acidente deu fim à sua carreira no boxe.

1937

Pouco mais de um ano depois deste acidente, em 23 de fevereiro, foi demitido da Viação Excelsior por ter se recusado a cumprir ordem de um superior. Com a ajuda do advogado José Maria Leone, deu entrada em uma ação indenizatória contra a Light & Power. O processo na justiça não foi em frente, mas resultou em um acordo de indenização estabelecido entre a empresa e o funcionário.  Após este contato, ao ganhar a simpatia dos Leone, Bispo do Rosario foi convidado a trabalhar como empregado doméstico na casa da família, na Rua São Clemente, 301, em Botafogo. Passou, então, a residir em um cômodo situado no quintal. 

1938

Na noite de 22 de dezembro, Bispo do Rosario teve a revelação de que seria o filho de Deus, o próprio Jesus Cristo, e saiu a perambular pelas ruas do Rio de Janeiro. Em 24 de dezembro, teria se apresentado em uma igreja no centro da cidade dizendo estar ali para “julgar os vivos e os mortos”. De lá, autoridades policiais o encaminharam para o Hospício Nacional de Alienados, também conhecido como Hospício da Praia Vermelha, onde foi diagnosticado como esquizofrênico paranóide.

1939

Em 25 de janeiro, foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, no bairro de Jacarepaguá. Entretanto, em junho do mesmo ano, foi encaminhado novamente ao Hospício Nacional de Alienados por ter sido considerado não adaptável ao regime da Colônia. A instituição tinha como tratamento principal a praxiterapia, isto é, o tratamento por meio do trabalho.  

No mesmo ano, em 22 de setembro, um anúncio publicado em uma coluna destinada à busca por desaparecidos, no Jornal A Noite, traz um apelo feito por uma mulher chamada Antonia Francisca de Jesus, que busca o paradeiro de seu irmão, Arthur Bispo do Rosario, ex-marinheiro. Ela informa um endereço no Rio de Janeiro, na Rua General Câmara, 355, sobrado. Não há registro de que os dois irmãos tenham se encontrado.  

1943

Em matéria publicada na revista O Cruzeiro, intitulada “Os Loucos Serão Felizes?”, Bispo do Rosario foi centro da curiosidade do jornalista David Nasser e das lentes do fotógrafo Jean Manzon. Ele aparece em uma fotografia vestindo uma primeira versão do Manto da Apresentação, enquanto trabalha na confecção de uma réplica em miniatura de um barco. Sem identificar o paciente, a reportagem reproduz a fala de um deles, um que havia tecido seu manto divino e preparava-se, dizia o jornalista, para uma “viagem às paragens da eternidade, numa banheira…”. Bispo do Rosario, teria dito: “Eu sou o enviado da Providência. Nasci numa estrela e venho salvar a humanidade”. O manto, as embarcações e a “nave” já aparecem como elementos icônicos de sua produção.

1944

Uma nova matéria produzida por David Nasser e Jean Manzon no Hospício Nacional de Alienados foi publicada na revista A Cigarra, com o título “Recordações da Casa dos Loucos”, trazendo novamente Bispo do Rosario como personagem. Nesta reportagem, entre as fotografias, revela-se um homem negro sorridente, sentado junto a uma árvore, vestindo um manto bordado e erguendo uma das mãos na direção do céu. O texto afirma que o paciente se autodenominava Bispo, ignorando que este era seu nome de batismo.

Nesse ano, ocorreu o fechamento do Hospício Nacional de Alienados, que teve suas instalações cedidas à Universidade do Brasil, atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com isso, Bispo do Rosario foi transferido para o Centro Psiquiátrico Nacional, no bairro do Engenho de Dentro, o que ocorreu em 23 de março.

1945

Uma reportagem sobre o Centro Psiquiátrico Nacional, bairro de Engenho de Dentro, publicada no jornal Diário Carioca em 12 de agosto traz, entre muitas informações e curiosidades sobre a instituição, um relato da produção artística de um paciente. Acompanhado do diretor, Dr. Odilon Gallotti, o jornalista é levado à presença de um interno conhecido como o “Bispo”, que desenhava sobre uma grande mesa “paisagens, aspectos do próprio hospital”. Este tipo de imagem está muito presente na produção de Bispo do Rosario, marcada pela representação do universo ao seu redor. A ocupação dos pacientes em atividades de desenho era uma entre tantas práticas praxiterápicas incentivadas nos hospitais psiquiátricos naquele momento.

Após ser presa no Governo Vargas e ficar anos afastada do serviço público, Nise da Silveira retornou à função de médica psiquiatra no Centro Psiquiátrico Nacional em 17 de abril de 1944 e assumiu a coordenação da Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação em maio de 1946, espaço que, entre outras oficinas, abrigou um ateliê de pintura e modelagem. Apesar de Bispo do Rosario e Nise da Silveira terem passado pelo hospital do Engenho de Dentro no mesmo ano, não há registros de que eles tenham se encontrado, nem que Bispo do Rosario tenha frequentado o ateliê que, posteriormente, daria origem ao Museu de Imagens do Inconsciente. 

1946

Em 18 de fevereiro, foi transferido novamente para a Colônia Juliano Moreira, retornando, no dia seguinte, para o Centro Psiquiátrico Nacional. Não se sabe a razão do rápido retorno. Em 9 de maio, sob a responsabilidade de Humberto Leone, filho de José Maria Leone, deixou o hospital.

1948

Retornou ao Centro Psiquiátrico Nacional em 27 de janeiro, sendo transferido para a Colônia Juliano Moreira em 6 de abril do mesmo ano, permanecendo na instituição até 1954.

No final da década de 1940, foi criado o primeiro ateliê de pintura para pacientes psiquiátricos que se tem registro na Colônia Juliano Moreira, a Colmeia de Pintores. Em 1950, foi realizada a Exposição de Arte Psicopatológica durante o I Congresso de Psiquiatria de Paris, que recebeu trabalhos artísticos produzidos por pacientes psiquiátricos de todo o mundo, incluindo 395 obras enviadas pela Colmeia de Pintores da Colônia Juliano Moreira, pela Seção de Terapêutica Ocupacional do Centro Psiquiátrico Nacional e pela Escola Livre de Artes do Hospital do Juquery, na cidade de Franco da Rocha, Região Metropolitana de São Paulo. Pouco antes da exposição de Paris, foi inaugurada a Primeira Exposição de Pintura e Arte Feminina Aplicada da Colônia Juliano Moreira. Não há registro de que Bispo do Rosario tenha sido convidado a frequentar a Colmeia de Pintores. Certamente porque naquele momento a sua produção não foi vista enquanto artística e não se enquadrava nos parâmetros para ser inserida no ateliê da Colônia, local que incentivava fortemente um trabalho mais figurativo, inclinado à cópia e à reprodução.

1954

Fugiu da Colônia em 23 de março. Segundo a pesquisadora Flavia Corpas, relatos deixados por pessoas que tiveram contato com Bispo do Rosario trazem informações desencontradas sobre o ano de sua fuga do hospital e, por vezes, faz parecer que o fato ocorreu mais de uma vez. No entanto, o cruzamento das informações aponta que a fuga ocorreu apenas neste ano, conforme registro encontrado em um dos seus prontuários.

1955 - 1963

Segundo Frederico Morais, após a fuga, Bispo do Rosario exerceu variadas atividades. Entre elas, em 1946, foi segurança e cabo eleitoral de Gilberto Marinho, candidato ao senado, e de Humberto Leone, candidato à vaga de Deputado Estadual no Rio de Janeiro. Fez também pequenos serviços no escritório de advocacia dos Leone e trabalhou como porteiro no Hotel Suíço, no Largo da Glória, 68. Há relatos de que, em algum momento após o ano de 1955, garimpou ouro em região desconhecida do Centro-Oeste brasileiro, levado para lá pelo advogado Argentino Murta, cunhado de Humberto Leone. Já na década de 1960, Avany Bonfim, médico e também cunhado de Humberto Leone, levou Bispo do Rosario para trabalhar em sua clínica pediátrica, a AMIU, com endereço na Rua Muniz Barreto, 15, em Botafogo. Lá, Bispo se estabeleceu no sótão do prédio ao lado, que também pertencia à clínica, onde arranjava tempo, entre a rotina de tarefas que cumpria como empregado do lugar, para produzir suas miniaturas em madeira.

1964

Segundo depoimento prestado por Avany Bonfim a Frederico Morais, após algum tempo trabalhando na Clínica Pediátrica AMIU, Bispo começou a compartilhar com o patrão uma preocupação em relação a algumas enfermeiras, médicas e acadêmicas que lá trabalhavam: elas não seriam virgens e, por isso, não poderiam trabalhar com crianças, seres inocentes. A mensagem ligou um alerta em Avany Bonfim, que achou adequado interná-lo novamente. Em 8 de fevereiro de 1964, Bispo foi levado de volta à Colônia Juliano Moreira. Com ele, o patrão fez questão de que um caminhão fretado pudesse levar todos os objetos que havia produzido no sótão da clínica. Esta foi sua última entrada na Colônia Juliano Moreira, lugar onde viveu até o dia de seu falecimento.

1967

De volta à Colônia Juliano Moreira, Bispo assumiu a função não-oficial de “faxina” ou “xerife” do Pavilhão 10 do Núcleo Ulisses Vianna, ajudando guardas e enfermeiros a manter a ordem no local. Segundo Frederico Morais, em uma destas ocasiões em que tentou conter outro paciente, bateu tão forte que acabou ele mesmo indo parar no quarto forte, uma grande sala rodeada de minúsculas celas com portas de metal onde, por punição, eram presos os internos. Lá permaneceu por longos três meses, período em que passou a ouvir vozes que lhe diziam para representar todas as coisas da Terra. De acordo com Flávia Corpas, apesar de já ouvir vozes anteriormente, o ano de 1967 teria sido um marco na biografia de Bispo, pois foi quando lhe foi revelada a missão que determinou o contorno de sua obra. Após o período de punição, Bispo decidiu permanecer ali no cubículo cumprindo sua missão e, aos poucos, foi tomando para si todas as celas do quarto forte. Para adentrar o espaço ocupado pelo artista, ele passou a solicitar uma senha aos visitantes: deveriam responder qual a cor da sua aura.

1980

Com o início da abertura democrática do país, no final dos anos 1970, diversos movimentos sociais passaram a reivindicar a redemocratização das instituições. Dentre eles, havia um movimento de trabalhadores e trabalhadoras do campo da saúde mental que passou a denunciar as péssimas condições de trabalho e a precariedade dos serviços oferecidos nos hospitais psiquiátricos. Este movimento acabou ficando conhecido amplamente como Reforma Psiquiátrica. Neste contexto, em 1980, o repórter Samuel Weiner Filho adentrou os portões da Colônia Juliano Moreira para mostrar a cruel realidade daqueles que viviam no manicômio. Ao longo da reportagem, exibida no programa Fantástico no dia 18 de maio, alguns minutos foram dedicados à curiosa mania de um dos pacientes, que bordava, colecionava objetos e esculpia outros em madeira. Este paciente era Arthur Bispo do Rosario. As denúncias feitas na TV levaram à mudança da direção da Colônia, que passou às mãos do psiquiatra Heimar Saldanha Camarinha.

1981

Bispo conheceu Rosangela Maria, estagiária de psicologia contratada pela Colônia Juliano Moreira para dar suporte no tratamento dos pacientes do Núcleo Ulisses Vianna. Os atendimentos prestados por Rosângela Maria passaram a ocorrer inicialmente na sala ao lado da cela de Bispo, o antigo “bolo”, espaço que no passado serviu como um verdadeiro depósito de gente, mas que se transformava em uma sala para atendimento psicoterapêutico coletivo. Avesso ao tratamento, Bispo nunca quis participar das sessões. Rosangela Maria então decidiu ir até ele. Enfrentada certa resistência inicial, conseguiu adentrar seu universo. Os encontros regulares entre Bispo e a futura psicóloga durou até 1983, quando ela se formou e teve que deixar o estágio. A relação entre os dois ficou marcada nas obras de Bispo por meio do registro do nome de Rosângela Maria em incontáveis objetos.

1982

Em 25 de julho, Frederico Morais inaugurou a exposição À Margem da Vida, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), da qual foi curador. Tratava-se de uma mostra de trabalhos realizados por pessoas em condições de privação de liberdade, como menores infratores, detentos, idosos asilados etc. Nela, pela primeira vez, obras de Bispo do Rosario foram mostradas ao público em um museu de arte. No intuito de convencer Bispo a emprestar suas obras para uma exposição, visto que para ele aqueles objetos tinham outra finalidade, Frederico Morais pediu ajuda ao psicanalista, fotógrafo e cineasta Hugo Denizart. Bispo acabou concordando. Segundo Frederico Morais, participaram da mostra 15 estandartes. Também foram levados ao MAM trabalhos de outros artistas da Colônia Juliano Moreira, como Itaipú Lace, Muniz, Osvaldo Kar e Antônio Bragança, além de peças que faziam parte do recém inaugurado museu da Colônia Juliano Moreira, o Museu Nise da Silveira. No mesmo ano, Hugo Denizart lançou o documentário O Prisioneiro da Passagem, sobre Bispo do Rosario.

1985

Foi exibido na TV Bandeirantes o curta-documentário O Bispo, realizado por Fernando Gabeira como parte da série intitulada Vídeo-Cartas. Em 31 de julho, foi publicada, na revista Isto É, a reportagem intitulada “Quando Explode a Vida”, do jornalista José Castello e com fotografias de Walter Firmo.

1988

Foi entrevistado pela assistente social Conceição Robaina.  

Como resultado das oficinas do Projeto de Livre Criação Artística da Colônia Juliano Moreira, realizadas em parceria com artistas da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ), a exposição Ar do Subterrâneo foi montada no Paço Imperial, exibindo desenhos, fotografias, instalações e vídeos produzidos por mulheres internadas no Núcleo Teixeira Brandão da Colônia Juliano Moreira, incluindo transcrições do falatório de Stella do Patrocínio. As obras de Bispo do Rosario não foram exibidas nesta exposição.

1989

Foi criada a Associação dos Amigos dos Artistas da Colônia Juliano Moreira, com o objetivo de conseguir um local mais salubre onde Bispo do Rosario pudesse continuar a produzir seu trabalho, bem como de providenciar a restauração dos objetos e de obter meios para conservá-los. No entanto, no dia 5 de julho, Bispo faleceu de infarto do miocárdio, arteriosclerose e broncopneumonia. Em sua certidão de óbito foi registrado: “Deixa bens? Ignorado”. Seu corpo foi enterrado no Cemitério do Pechincha, em Jacarepaguá.

O cineasta Miguel Przewodowski realizou registros audiovisuais das obras ainda na cela. Logo depois, as obras de Bispo do Rosario foram transferidas para o Museu Nise da Silveira.

Em 18 de outubro foi inaugurada a primeira exposição individual de Arthur Bispo do Rosario, intitulada Registros de Minha Passagem pela Terra, com curadoria de Frederico Morais, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), no Rio de Janeiro.

1990

Realizou-se a exposição individual Registros de minha passagem pela Terra no Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC/USP), em São Paulo; no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre; no Museu de Arte de Belo Horizonte; e no Centro de Criatividade de Curitiba.

1991

Como parte da mostra Viva Brasil Viva, realizada no Kulturhuset, em Estocolmo, foi montada a primeira exposição internacional com obras de Bispo do Rosario, com o título Arthur Bispo do Rosario e curadoria de Frederico Morais.

1992

O conjunto da obra foi tombado provisoriamente pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro (INEPAC).

1993

Com direção de Miguel Przewodowski e Helena Martinho da Rocha, o filme longa metragem O Bispo do Rosario foi exibido na Rede Manchete.  

Realizada a exposição Arthur Bispo do Rosario: o inventário do universo, com curadoria de Frederico Morais, no MAM/RJ e, posteriormente, na Sala Athos Bulcão/Teatro Nacional Claudio Santoro, em Brasília.

1994

O conjunto da obra foi tombado definitivamente pelo INEPAC, tornando-se patrimônio do Estado do Rio de Janeiro.  

Foi lançado o álbum Severino, do grupo Paralamas do Sucesso, que tinha o detalhe de um dos estandartes de Bispo na capa.

1995

Junto com os trabalhos de Nuno Ramos, as obras de Bispo do Rosario representaram o Brasil na 46ª Bienal de Veneza.

1996

Lançada a biografia Arthur Bispo do Rosario: o senhor do labirinto, de autoria da jornalista Luciana Hidalgo.

1997

Publicado o livro Arthur Bispo do Rosario – Arte e Loucura (Editora Fapesp), de autoria do crítico e curador de arte Jorge Anthonio e Silva.

1998

Publicado o livro Coisa de Louco (Editora Sabará), de autoria da escritora Lucia Castello Branco,  resultado de uma pesquisa sobre a obra de Bispo do Rosario.

1999

Publicado o livro O Universo Segundo Arthur Bispo do Rosario, de autoria da comunicóloga Patrícia Burrowes.

2000

O Museu Nise da Silveira, da Colônia Juliano Moreira, teve seu nome alterado para Museu Bispo do Rosario.  

Exposições coletivas:
Obras de Bispo do Rosario fizeram parte da exposição Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, com curadoria de Nise da Silveira e Lula Mello, sendo exibidas na Fundação Bienal de São Paulo, em São Paulo, e, posteriormente, no Centro Cultural dos Correios e Paço Imperial, no Rio de Janeiro, e no Convento das Mercês, em São Luís, no Maranhão.

2001

O Museu Bispo do Rosario incorporou a expressão Arte Contemporânea ao seu nome.  

Exposições coletivas:
Obras de Bispo do Rosario foram exibidas na Fundación Proa, em Buenos Aires, ainda no contexto da mostra Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento.

2004

O músico Arrigo Barnabé criou a obra Missa In Memoriam Arthur Bispo do Rosario para o evento Ordenação e vertigem, no Centro Cultural do Banco do Brasil, em São Paulo.

2006

Foi lançado o livro Arthur Bispo do Rosario: Século XX, organizado pelo então curador do Museu Bispo do Rosario, Wilson Lazaro.

2009

Foi lançado o livro Arthur Bispo do Rosario: a poética do delírio, de autoria da historiadora e socióloga Marta Dantas.

2012

Obras de Bispo do Rosario participaram da 30ª Bienal de São Paulo, sendo o artista um dos grandes homenageados do evento.

2013

Foi lançado o livro Arthur Bispo do Rosario: arte além da loucura, de autoria do crítico de arte Frederico Morais e organizado pela psicanalista e pesquisadora Flavia Corpas.  

Obras de Bispo do Rosario participaram, pela segunda vez, da Bienal de Veneza.  

Lançado o livro Walter Firmo: um olhar sobre Bispo do Rosario, de autoria do fotógrafo e organizado por Flavia Corpas. Seguiu-se ao lançamento do livro a realização de uma exposição fotográfica, no Centro Cultural da Caixa, no Rio de Janeiro, e a estreia de um filme de curta metragem.

2014

Lançado nos cinemas o filme de longa metragem O Senhor do Labirinto, de Geraldo Motta e Gisella Mello, com o ator Flávio Bauraqui no papel de Bispo do Rosario.

2017

Lançado o filme de curta metragem Eu preciso destas palavras escrita, com direção de Milena Manfredini e Raquel Fernandes.  O Museu Bispo do Rosario Arte Contemporânea deu início ao projeto “Inventário do Mundo”, para catalogação, higienização e organização das obras de Arthur Bispo do Rosario. Durante o projeto, foi montada uma atmosfera anóxia para descupinização de todo o acervo e realizadas reformas em todos os espaços da reserva técnica.

2018

O conjunto das obras de Arthur Bispo do Rosario foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

2019

Realizou-se o evento 30 anos da apresentação, dividido em dois momentos. No dia 05 de julho, foi organizada uma programação no Museu Bispo do Rosario Arte Contemporânea para marcar os 30 anos do falecimento de Bispo do Rosario, evento que incluiu uma ação da artista Eleonora Fabião. No dia 18 de outubro, outras atividades foram realizadas no Parque Lage para marcar os 30 anos da primeira exposição individual realizada com obras de Bispo. No evento, Flavia Corpas realizou uma entrevista com Frederico Morais e Denise Correa.

O Museu Bispo do Rosario Arte Contemporânea organizou uma campanha de financiamento coletivo para restauração da obra Grande Veleiro, possibilitando a realização do projeto “Içar Velas”.

2020

Início do projeto Içar Velas, para restauração da obra Grande Veleiro.

2021

É concluída a restauração da obra Grande Veleiro.

1967

Ao todo, 18 obras de Arthur Bispo do Rosario são restauradas para exibição na exposição Eu vim - Bispo do Rosario: Aparição, Impregnação e Impacto realizada no Itaú Cultural, em São Paulo. Iniciada restauração da cela que Bispo ocupou na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro.

[*] João Henrique Queiroz é formado em Produção Cultural pelo Instituto Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (IFRJ) e em Psicologia, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre e doutor em Psicologia Social também pela UERJ, onde desenvolveu pesquisas sobre a história do tratamento por meio do trabalho e atividades artístico-expressivas na Colônia Juliano Moreira, instituição onde Bispo do Rosario foi internado, bem como sobre a criação do Museu Bispo do Rosario Arte Contemporânea (mBrac) e sua contribuição institucional para o campo da arte e da saúde mental. É um dos organizadores do livro Imaginário em Exposição, Manicômios em Desconstrução (Editora Mosaico). Coordenador de Projetos e Pesquisas do mBrac.

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De 18 de maio a 02 de outubro de 2022

Terça-feira a sábado, das 11h às 20h Domingos e feriados das 11h às 19h

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – próximo à estação de metrô Brigadeiro / Pisos 1º, 1ºS e 2ºS

Ingressos: gratuitos 

Informações: pelo telefone (11) 2168-1777
Atualmente, esse número funciona de segunda-feira a domingo, das 10h às 18h.
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br

Concepção e realização
Itaú Cultural e Museu Bispo do Rosario Arte Contemporânea  
Curadoria: Ricardo Resende
Cocuradoria: Diana Kolker
Projeto expográfico: Carmela Rocha, Paula Thyse e Sofia Gava  

Seminário
Seminário Cultura, saúde mental e bem-estar 
De 24 a 26 de maio
Das 10h às 11h30
Tradução: inglês/português no dia 25
Libras nos três dias  
Transmissão: página do YouTube do Itaú Cultural
O evento é um desdobramento das reflexões publicadas na Revista do Observatório 31

Protocolos
Seguindo os protocolos sanitários vigentes, o uso de máscara nos espaços internos do Itaú Cultural passa a ser opcional. Contudo, visando a segurança e a saúde de público e funcionários, recomendamos o uso da máscara cobrindo boca e nariz durante toda a permanência nos ambientes internos do prédio. 

Será necessário apresentar comprovante de vacinação para ingressar na sede do IC:   
• Serão válidos o comprovante físico ou o digital (disponível nos aplicativos fornecidos pelos governos federal, estadual e/ou municipal); 
• Maiores de 12 anos devem apresentar o comprovante contendo duas doses da vacina. Menores de 12 anos não precisam apresentar o comprovante de vacinação.

Assessoria de  imprensa:
Itaú Cultural - Conteúdo Comunicação 


Cristina R. Durán
(11) 98860-9188
cristina.duran@conteudonet.com

Larissa Corrêa
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Roberta Montanari
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