Diferentes modos de conceber o que pode ser a arte

Retrospectiva de 1966 a 2022, a exposição revela como Carlos Zilio entende a arte e o seu trabalho como criador comprometido com a sociedade, dedicado ao fortalecimento do sistema artístico e crítico do autoritarismo, usando técnicas, linguagens e suportes diversos.

Desde a década de 1960, Carlos Zilio localiza, com clareza, a relação entre sua prática artística e sua atuação política e social. Acontece que, nesse período, o Brasil viveu grandes inflexões, conflitos e lutas, colocando em tensão cada hipótese de Zilio sobre como ele poderia ser artista e cidadão e quais seriam as maneiras de equacionar essas posições, suas diferenças e contradições.

Por isso, ao incluir obras realizadas entre 1966 e 2022, esta exposição retrospectiva apresenta não apenas diferentes técnicas, linguagens e suportes, mas também diferentes modos de conceber o que pode ser a arte e como pode trabalhar um criador comprometido com a sociedade, engajado no fortalecimento do sistema artístico e crítico ao autoritarismo.

Essa jornada teve início quando Zilio integrava uma jovem cena carioca dedicada a experimentar novas formas de expressão de suas opiniões em um país conduzido por um regime militar implantado em 1964. Há, então, o crescente engajamento político do artista, sua prisão pelas forças armadas da ditadura, sua reinserção no meio das artes e seu investimento na pesquisa e na educação, paralelamente ao reencontro com o ofício artístico como modo de pensamento.

No primeiro andar, encontramos Atensão (1976), a mais ambiciosa obra realizada por Zilio nos anos em que procurou traduzir, de um jeito sintético, o sentimento coletivo de apreensão no país. Originalmente exibida na área experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), a instalação, composta de 13 elementos, configura-se como um amplo estudo sobre o equilíbrio, a resistência e a tensão dos materiais, apresentando-se como um território na iminência do colapso. Trata-se de uma alegoria efetiva do Estado brasileiro, não apenas naquela época, mas ainda hoje.

No 1SS encontra-se um panorama sintético da pintura de Carlos Zilio nas últimas três décadas, quando sua obra se despiu de representações figurativas imediatamente reconhecíveis. Por algum tempo, sua pintura foi feita praticamente de uma só cor, quase sempre um tom pastel rosado, um tanto carnal. A obra se configurava pela proporção do suporte e pelo acúmulo de gestualidades, ou seja, pelo ritmo, pela extensão e pela direção das pinceladas. Havia, ainda, o compartilhamento metonímico de procedimentos pictóricos com artistas admirados por Zilio.

Foi nesse período que ele talvez tenha chegado mais perto do usufruto amplo do campo de possibilidades que lhe foi aberto pelo rearranjo de seus compromissos éticos e sociais enquanto atuava como professor e pesquisador. Ainda assim, mesmo em seu momento de maior entrega às descobertas experimentais do ofício artístico, há sempre algo deliberado, humorado, cético e crítico em suas pinturas.

No 2SS apresenta-se uma síntese dos ciclos iniciais da obra de Carlos Zilio, desde seus anos de atuação próxima à Nova Objetividade Brasileira até finais da década de 1980. Zilio faz parte de uma geração de artistas, dramaturgos, cineastas, musicistas e outros agentes criativos que se opunham à ditadura militar implantada em 1964 por meio da expressão direta de suas opiniões, com recursos de expressividade ágil e alegorias de forte apelo gráfico, além de simbologias impregnadas de ironia ou paródia. Nesse contexto, ele era um artista e estudante que realizava obras críticas à alienação e à cultura de massas.

Com seu crescente engajamento no movimento estudantil, porém, Zilio ponderava se seria possível levar sua expressão diretamente aos trabalhadores, contornando a mediação das instituições de arte. Com esse desígnio, concebeu uma obra de ação direta, Lute (1967). Ele pretendia produzir e distribuir em portas de fábrica centenas de marmitas metálicas preenchidas por um rosto amarelo modelado e um chamado: “LUTE”.

Paulo Miyada

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Abertura: 19h30 de 25 de março (terça-feira)
Visitação: até  6 de julho de 2025

Terça-feira a sábado, das 11h às 20h
Domingos e feriados das 11h às 19h
Pisos 1, -1 e -2

Concepção e realização: Itaú Cultural  
Curadoria: Paulo Miyada
Projeto expográfico: Fernanda Bárbara – Escritório UNA barbara e valentim

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – próximo à estação de metrô Brigadeiro

Entrada
: gratuita

Espaços acessíveis: o prédio do Itaú Cultural apresenta facilidades para pessoas com deficiência física

Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108. Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

Acesso para pessoas com deficiência física.

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