Antes e depois

Ocupação repensada para acolher o público com o distanciamento exigido pelo momento

O desenho da cenografia da Ocupação Lima Duarte tinha ficado pronto antes do anúncio da pandemia. Oferecia um ambiente realista, onde o toque e a livre circulação dos visitantes faziam parte do script. As circunstâncias mudaram drasticamente e a exposição também. Agora, o toque não é mais direto, mas a mostra proporciona um roteiro poético digital.

Neste momento em que a sociedade convive, há mais de seis meses, com a pandemia do Covid-19, obrigando a tomar a cuidados redobrados, o convite para visitar a Ocupação Lima Duarte é, essencialmente, para estar junto, mesmo que longe.

A expografia, pensada pelo cenógrafo Kleber Montanheiro, junto à curadoria dos núcleos de Artes Cênicas e de Enciclopédia, da instituição, no período anterior a pandemia, trazia um espaço expositivo realista. Havia um alto detalhamento cenográfico em ambientes como mercearia, cozinha e biblioteca, revelando ambientes que permeiam a vida e obra de Lima Duarte, e com livre circulação do público pelo espaço.

“Estava tudo pronto a aprovado e iriamos partir para o projeto de execução da arquitetura da montagem com carpetes, madeiras, muita interação em ambientes que remetiam ao universo de Lima Duarte”, conta Montanheiro. Com a pandemia, a suspensão social e, depois, os protocolos para garantir a segurança e o bem estar do público na retomada das visitas presenciais, todo o projeto voltou a partir do zero.

Assim, sem perder o encanto, o novo espaço prevê diversas telas onde são exibidas de maneira essencialmente digital fotos, vídeos e áudios. O digital está alinhado a um roteiro poético sobre a trajetória de Lima, construído em parceria com um roteirista cinematográfico, Daniel Veiga e Montanheiro. Além do conteúdo curatorial, o espaço trará elementos de ambientação como sons e imagens que remetem aos diversos cenários da trajetória do homenageado.  

As obras chegam até o visitante de maneira planetária, levando a uma experiência imersiva e contemplativa. “A presença de Lima, por meio de vídeos e áudios atuais no espaço, reforça nossa vontade de que ele participe e conte sua própria história, enquanto resgatamos e exibimos materiais de acervos sobre sua vida pessoal, parcerias e trabalhos em diferentes suportes”, diz o cenógrafo.  


‍Sobre Daniel Veiga
Dramaturgo, ator, diretor teatral e sonoplasta. Formou-se em dramaturgia pela SP Escola de Teatro em 2016, mesmo ano em que passou a integrar o Núcleo de Dramaturgia da E.L.T (Escola Livre de Teatro) em Santo André. Em 2019 entrou no Núcleo de Dramaturgia do Sesi, também se dedicando à sonoplastia. Recebeu Menção Honrosa no Prêmio Cidade de B.H de Literatura.  

‍Sobre Kleber Montanheiro
Produtor, ator, diretor, cenógrafo, figurinista e iluminador. Atua em diversas áreas do fazer teatral. Com formação plural, trabalhou como assistente e criador de grandes mestres do teatro nacional como Gianni Ratto, Roberto Lage, Antônio Abujamra e Myriam Muniz. Entre seus projetos premiados estão Sonho de Uma noite de Verão (APCA, 2008) e a Odisséia de Arlequino (FEMSA, 2009), ambas como melhor diretor. Em parceria com o Itaú Cultural, também foi o cenógrafo responsável pelo projeto da Ocupação Laura Cardoso.


ANTES E DEPOIS

Antes da pandemia, o ambiente da exposição era realista. O toque e circulação dos visitantes eram livres.

Hoje, o espaço traz telas onde são exibidas digitalmente fotos, vídeos e áudios em diálogo com um roteiro poético.

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