PERFIL

Percurso múltiplo formado a partir da terra natal, estendido para todo o país e consolidado​ no exterior

Um extenso painel biográfico na exposição revela o longo e multifacetado caminho de Milton Santos. O seu encanto na meninice pelo movimento de pessoas, mercadorias e ideias o pautou neste percurso concentrado em três pontos: Analisando, debatendo e planejando a Bahia; Exílio e aprendizagem de muitas realidades e Volta ao Brasil e consagração internacional e periférica.

Desde pequeno encantado com o movimento – de pessoas, de mercadorias, de ideias –, com os diferentes lugares e seus usos, foi natural que Milton Santos tendesse a olhar o mundo pelas lentes da produção do espaço geográfico. Também quis intervir nesse mundo: tendo como base sua formação em direito, atuando como jornalista, construiu-se como intelectual público – o que, para ele, significava cultivar o pensamento livre, visar criticamente a sociedade e apontar caminhos de mudança.

Na Ocupação painel biográfico, intercalado por documentos e imagens, resume a construção de sua vida em diferentes etapas. Acompanhe aqui.

Analisando, debatendo e planejando a Bahia

Filho de professores primários – Adalgisa e Francisco dos Santos –, formou-se em direito na Universidade da Bahia. Inclinado ao ensino pelo interesse por geografia e economia política, tornou-se professor dessa matéria em 1949, em Ilhéus. Também nessa cidade, iniciou como jornalista – sendo correspondente do jornal A Tarde, de Salvador – e conheceu Jandira Rocha, sua primeira esposa, com quem teve Milton Santos Filho, apelidado de Miltinho.

Nos anos 1950, morando em Salvador, dois desenvolvimentos: no campo jornalístico, tornou-se editor-chefe do A Tarde e diretor da Imprensa Oficial da Bahia; no acadêmico, foi empregado como professor da Universidade Católica da Bahia e convidado pelo professor francês Jean Tricart para um doutorado na Universidade de Estrasburgo, na França. Em 1959, defendeu sua tese, “O centro da cidade de Salvador”, análise das funções, da estrutura e da paisagem da capital baiana.

No mesmo ano retornou ao Brasil, onde, conhecido por seu trabalho entre as elites intelectuais e políticas da Bahia, foi convidado pelo então reitor da Universidade Federal da Bahia, Miguel Calmon, a fundar o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais, ativo até hoje. O seu destaque como jornalista e pesquisador também lhe aproximou do presidente Jânio Quadros, que o incluiu na comitiva de uma viagem a Cuba em 1960 e lhe conferiu o cargo de subchefe da Casa Civil no seu estado, posição que manteve até a renúncia de Jânio, em 1961.

Em 1963, Milton foi nomeado pelo então governador da Bahia, Lomanto Junior, presidente da Comissão de Planejamento Econômico, que tratava de política econômica e planejamento da região. Um ano depois, com o golpe civil-militar de 1964, foi obrigado a abandonar essa função e as demais exercidas no laboratório e na universidade. Este seria o prólogo do exílio.

Exílio e aprendizagem de muitas realidades

O regime militar, diante da atuação pública de Milton e considerando-o um “inocente útil” para o Partido Comunista, prendeu o professor por seis meses no quartel militar do 19o Batalhão de Caçadores. Devido a um princípio de acidente vascular cerebral, ele foi encaminhado à prisão domiciliar. Com a mobilização de amigos na França e a intervenção do reitor Miguel Calmon, após seis meses enclausurado, o geógrafo deixou o país para ser professor na Universidade de Toulouse, na França. Milton pensou que seria um semestre fora. Foram 13 anos.

De 1964 a 1977, ele viveu um período itinerante, marcado pelas saudades do seu país, da sua família e dos seus amigos e pela instabilidade profissional. Na França, foi professor nas universidades de Toulouse, Bordeaux – onde conheceu Marie-Helène Tiercelin, estudante de geografia que se tornaria sua esposa e mãe do seu segundo filho, Rafael Santos – e Paris. Doravante, teria estadias em Toronto, no Canadá; Cambridge, nos Estados Unidos; Lima, no Peru; Caracas, na Venezuela; e Dar-es-Salaam, na Tanzânia.

O trabalho de Milton se destaca também pela atenção que ele deu aos países que, à época, eram definidos como subdesenvolvidos, incluídos no “Terceiro Mundo”. Diferentemente dos estudos políticos e geográficos de então, Milton procurou entender a urbanização desses locais e as razões da sua pobreza, valorizando – como dizia – os “de baixo”, o que marcaria sua obra depois.

Volta ao Brasil e consagração internacional e periférica

No fim da década de 1970, tanto porque as condições para um retorno pareciam razoáveis quanto porque havia um desejo do casal de que Rafael nascesse soteropolitano, Milton voltou ao Brasil. No entanto, pela situação de exilado e por suas perspectivas críticas da geografia, ele enfrentou dificuldades para se reintegrar à academia nacional. Mesmo na Universidade da Bahia – à qual tentou regressar para ocupar a sua antiga vaga –, teve sua candidatura cancelada.

Mudou-se, então, para São Paulo e, por intermédio da professora Maria Adélia de Souza, atuou como consultor de planejamento do governo estadual. Apenas em 1983 – após ter oferecido alguns cursos na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) –, conseguiu vaga de professor titular no Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, onde ficaria até o fim da vida.

Tais dificuldades contrastam com o reconhecimento que Milton recebia à mesma época. Em 1982, ele ganhou um título de doutor honoris causa da Universidade de Toulouse, o primeiro dos 20 que acumularia até 2021. Já em 1995, foi o vencedor do Prêmio Vautrin Lud, “o Nobel da geografia”. Essa expressão nacional e internacional o tornou conhecido na mídia.

Leitor cuidadoso da realidade brasileira, pesquisador metódico e interdisciplinar, intelectual público que estimava pobres e negros como sementes de transformação, Milton nos convida a ver o pensamento como ferramenta para construir outros futuros possíveis.

De 19 de julho a 8 de outubro

Concepção e realização:
Itaú Cultural
Curadoria: equipe Itaú Cultural
Consultoria: Flávia Grimm e Manoel Lemes
Projeto expográfico: Francine Moura e Davi Brischi

Visitação: de terça-feira a sábado, das 11h às 20h;
domingos e feriados, das 11h às 19h.
Entrada gratuita
Para mais informações acesse o site: www.itaucultural.org.br


Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – próximo à estação Brigadeiro do metrô / Piso térreo
Terças-feiras a sábados, das 11h às 20h
Domingos e feriados, das 11h às 19h
Entrada: gratuita
Acesso para pessoas com deficiência física
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
Informações: pelo telefone (11) 2168-1777
Whatsapp: (11) 96383-1663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br

Arte na Rua
Mostra Territórios
Em sinergia com a Ocupação Milton Santos
Performances de dança todos os domingos de julho, sempre às 15h
Local: calçada do Itaú Cultural
Duração: 30 minutos
Capacidade: livre
Classificação Indicativa: livre
Gratuito

Dia 2
Funk, com Renata Prado
Dias 9 e 16
Hip-hop e original funk, com Nelson Triunfo
Dia 23

Breaking dance, com Pieigyh e Jeniffeer Camille
Live painting, com Bete Nóbrega
Dia 30

Funk, gumboot dance, dancehall, com Projeto Requebrando
Live painting, com Bete Nóbrega

Itaú Cultural Play
Encontro com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá
De Silvio Tendler (RJ, documentário, 90 min 2006)
De 19 de junho 2023 a 19 de janeiro de 2024
Classificação indicativa: 10 (Agressão física e linguagem chula)
Em www.itauculturalplay.com.br

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