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50ª Ocupação

No ano em que se comemora os 70 anos da televisão no Brasil, a  Ocupação Lima Duarte marca a 50ª edição do projeto Ocupação, realizado desde 2009 pelo Itaú Cultural com o objetivo de fomentar o diálogo da nova geração de artistas com os criadores que a influenciaram.

A Ocupação de número 50, que por si só já é um marco para a instituição, teve de passar por uma grande reinvenção. Inicialmente sua abertura aconteceria em junho e a expografia, que estava pronta quando teve início o distanciamento social, seria como costumavam ser as Ocupações, com muitos objetos táteis e bastante interativa. O projeto expográfico inicial traria um espaço expositivo realista com alto detalhamento cenográfico em ambientes como mercearia, cozinha e biblioteca, revelando lugares que permeiam a vida e a obra de Lima Duarte, com livre circulação do público.

Neste período, a equipe do Itaú Cultural e o cenógrafo Kleber Montanheiro ficaram imersos em pesquisas, na busca da melhor maneira de apresentar essa bonita história de vida, fazendo jus à grandeza de Lima, e respeitando os protocolos de segurança estabelecidos por causa da pandemia de covid-19.

O resultado é uma imersão fílmica, em que o público-espectador é convidado a participar de um percurso de 40 minutos que apresenta a trajetória do ator por meio de fotos, vídeos e áudios. As obras chegam até o visitante de maneira planetária, levando a uma experiência imersiva e contemplativa. 

O digital está alinhado a um roteiro poético, construído em parceria com o roteirista cinematográfico Daniel Veiga. Além do conteúdo curatorial, o espaço traz elementos de ambientação, como sons e imagens que remetem aos diversos cenários da trajetória do homenageado. A presença de Lima, através de vídeos e áudios atuais no espaço, reforça nossa vontade de o próprio artista contar sua história, enquanto são resgatados e exibidos materiais de acervos sobre sua vida pessoal, parcerias e trabalhos em diferentes suportes.

Seção de vídeo

Ocupação Lima Duarte – videoguia em Libras

A intérprete Carol Fomin apresenta o homenageado da 50ª edição do programa Ocupação Itaú Cultural. Por meio de dados biográficos, cria-se um percurso que nos convida a pensar quais são as histórias e os personagens de Lima Duarte que nos marcaram.

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Arquivo Nacional

Lima Duarte durante a telenovela A Fábrica, interpretando o personagem Pepê. Foto: Ministério da Justiça e Segurança Pública. Arquivo Nacional. Fundo BR RJANRIO PH.

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Hoje vou ser apenas o que sou: um contador

“Há quem pense que nasci nos tempos dos amigos e das petecas, nos tempos da taba eletrônica que se espalhava pela cidade grande sob o olhar curioso de quem nem imaginava o que estava por vir, mas eles estão enganados. Eu venho de muito atrás, lá longe, lá da poeira do vento sob as rodas da carroça, da própria roça, das cordas da viola ditando o compasso dos passos, da lenha do fogão erguido no solo campesino. Matuto, caboclo, urbano, sertanejo. Brasileiro.”

“Amarra o teu arado a uma estrela”, título da composição de Gilberto Gil tema da abertura da novela O Salvador da Pátria (1989), é também o nome do roteiro da Ocupação Lima Duarte. Escrita por Daniel Veiga, a narrativa conduz o público pelo universo onipresente do ator, passeando por seis estações sensoriais, cada uma com a sua história: a origem de Lima em Desemboque (MG); a chegada à cidade e o entendimento da arte como ofício; a liberdade encontrada no cinema e no teatro; a paixão pelos livros e por Guimarães Rosa; os anos de televisão; e, por fim, a volta para onde tudo começou.

Lima, em off, diz: “Se, como ouvi dizer, onde tem gente tem baile e tem guerra, pude dar testemunho, ainda que num lampejo, da gente que fui e que ainda sou. E eu não ando só. Esse povaréu que se fez em mim nas tantas andanças, como lua e flor, essa imensidão da palavra que me levou a outras tantas paragens e paisagens, me juntou e ainda me junta à multidão de gente deste país tão grande, tão diverso e tão bonito. Essa gente é abrigo e fortaleza. A gente desta terra me atravessa na descoberta diária das cidades, dos rincões e dos sertões que, como Guimarães, continuam entrando pelos sete buracos de minha cabeça. Que privilégio ser parte deste mundo de encantamentos, deste solo de bem-amados e Zeca Diabos que faz o Brasil ser o que ele é. Assim, sou todos eles e sou o mesmo: Ariclenes e Lima, muito prazer, um brasileiro!”.

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Seção de vídeo

Criando a Ocupação Lima Duarte

O cenógrafo Kléber Monteiro e o roteirista Daniel Veiga falam sobre a criação do projeto para a Ocupação Lima Duarte, relatando as inspirações e os desafios da exposição.

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