Da contabilidade à fotografia:
quase um século com a câmera em punho

German Lorca formou-se em ciências contábeis em 1940, aos 18 anos, mas, sem saber,
o contato com a sua primeira câmera já havia determinado o seu destino na carreira.
Acompanhe, aqui, a sua trajetória

1922
German Lorca nasce na capital paulista, no bairro do Brás, onde vive até 1954. É o terceiro de oito filhos – o primeiro homem – do casal de imigrantes espanhóis Francisco Lorca Moreno e Júlia Lopes.

 

1934
Aos 12 anos, começa a ajudar seu pai na papelaria e tabacaria da família, na Rua Bresser.

 

1938
Adquire uma Kodak Bullet e registra momentos com a família e amigos, com os quais costuma nadar no Rio Tietê.

 

1940
Forma-se em ciências contábeis pelo Liceu Acadêmico São Paulo (Lasp).

 

1945
Casa-se com Maria Elisa Adelina Ferreira Lorca em Itapuí (SP) e passa a residir na Rua Almirante Barroso, no Brás. Consegue uma câmera emprestada para registrar sua lua-de-mel em São Vicente (SP) e empolga-se com o resultado das fotografias.

 

1947
Incentivado por Manuel Rodrigues Ferreira, tio de sua esposa, adquire uma câmera Welta usada, modelo Welti, 35 mm. Aproveita seus fins de semana para passear com a família e fotografar. Numa dessas excursões realiza a fotografia
Horto Florestal.

“Um dia, em 1947, ao passar pela Rua da Figueira, no Parque Dom Pedro II, me deparei com bombeiros que tentavam apagar o fogo em um bonde que havia sido incendiado por um grupo de manifestantes que estava revoltado contra o aumento da tarifa. Não perdi tempo, peguei a câmera e fotografei, dei o título Fogo no Bonde – Revolta dos Passageiros para a foto. ”

Frequentados de várias lojas e laboratórios fotográficos, como São Paulo Photographico, Kosmos Fotos e Fotóptica, fica sabendo por colegas amadores sobre o Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB). Associa-se ao grupo no final do ano.

 

1948
Nasce sua filha Maria Helena.

No FCCB, conhece Geraldo de Barros e Luiz S. Hossaka, de quem se torna muito amigo, e também se aproxima de Francisco Albuquerque, Thomaz Farkas, Gaspar Gasparian, Julio Agostinelli, Manuel Tavares e Eduardo Salvatore, entre outros.

Lorca lembra:

“O clube era frequentado por alguns fotógrafos profissionais, mas a maioria dos associados atuava nas mais diversas áreas, eram engenheiros, advogados, médicos, farmacêuticos, arquitetos, dentistas e óticos, mas, acima de tudo, apaixonados pela fotografia. ”

“Era uma verdadeira escola de fotografia, nas reuniões havia grande troca de conhecimento entre os associados, tanto técnico como estético. ”

“Eram promovidas excursões fotográficas e concursos internos com temas diversos, e os melhores trabalhos eram por vezes enviados a salões de fotografia no Brasil e no exterior. ”

Em excursão com o FCCB a São Vicente (SP), realiza a fotografia Enseada São Vicente, entre outras. Na excursão ao Alto da Serra, Via Anchieta, registra a obra Alto da Serra. No 7º Salão Internacional de Arte Fotográfica, exibe suas fotos pela primeira vez. Realizada na Galeria Prestes Maia, em São Paulo, a mostra reuniu as obras Rua Velha, À Procura de Emprego, Irmã de Caridade, Casas Velhas e Noturno Fluvial.

 

1949
Classifica-se em primeiro lugar na 1ª Exposição Mundial de Arte Fotográfica da Sociedade Fluminense de Fotografia. Circo de Cavalinhos é indicada como a fotografia do mês no 40º boletim do FCCB. A 43ª edição da publicação, por sua vez, indica a obra Jarra e Copo.

Documenta a exposição Le Corbusier no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) a pedido de Pietro Maria Bardi, então diretor da instituição e um dos principais incentivadores de Lorca.

“Sempre procurava acompanhar as exposições que aconteciam, não só de fotografia, mas de arte em geral, e a observação das obras era também um modo de evoluir artisticamente.”

Improvisa um pequeno laboratório fotográfico em sua casa. O espaço também é utilizado por Geraldo de Barros. Começa a fazer experimentos durante os processos de tomada, revelação e ampliação fotográficos e faz suas primeiras solarizações.

 

1950
Torna-se sócio do Centro de Estudos Cinematográficos do Masp. Assina a capa do 50º boletim do FCCB com a fotografia Le Diable au Corps – em artigo publicado no 56º boletim, Aldo A. de Souza Lima cita a obra como um exemplo de composições “propriamente ditas”, ou seja, aquelas que “se impõem por si mesmas sem se estribarem em qualquer conceito, esquema ou dogma preestabelecido”.

Recomendado por colegas, começa a realizar trabalhos fotográficos profissionais para empresas e eventos sociais. Faz um retrato do artista plástico Aldemir Martins.

 

1951
Nasce seu filho Frederico German.

Recebe diploma de excelência fotográfica em concurso realizado pela revista alemã Camera, dedicada à fotografia e ao cinema.

Assina a capa do 68º boletim do FCCB com a imagem Apartamentos.

 

1952
Abre o G. Lorca Foto Studio no mesmo local em que funciona seu escritório de contabilidade – Avenida Ipiranga, 1248, centro de São Paulo –, dedicando-se a “fotografias técnica, industrial e comercial, reportagens em geral e álbuns para crianças e casamentos”.

Apresenta sua primeira exposição individual, 35 Fotografias, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Com a obra Apartamentos vence o Concurso Fotográfico Latino-Americano Alejandro C. del Conte, em Buenos Aires, Argentina.

Atua como fotógrafo da Sociedade Geográfica Brasileira – organização inspirada na norte-americana National Geographic e criada em 1948 por Manoel Rodrigues Ferreira, tio da esposa de Lorca.

1953
Nasce seu filho José Henrique.

Recebe as medalhas do Camera Club, do Salone Internazionale della Tecnica e da Mostra Internazionale di Fotografia Artistica, ambos em Turim, Itália.

“Eu não fotografava com o intuito de que um dia pudesse vender minhas fotografias como obras de arte, nem sabia que essa possibilidade viria a existir. Fotografava para meu próprio prazer, para participar de exposições e, às vezes, de alguns concursos. ”

Produz o álbum do casamento de Flávia Gasparian, filha de Gaspar Gasparian, seu colega no FCCB.

 

1954
Realiza a cobertura fotográfica para a Revista do IV Centenário de São Paulo, primeira publicação impressa com fotografias da Editora Abril.

Fotografa o casamento da cantora Maysa com Andrea Matarazzo e o do poeta Haroldo de Campos com Carmen de Arruda.

Fecha o G. Lorca Foto Studio e abre o estúdio Lorca Fotógrafos, na Avenida Lins de Vasconcelos, no Jardim da Glória – bairro em que passa a viver –, objetivando principalmente trabalhos de fotografia publicitária.

 

1958
Acompanha como fotógrafo oficial o então governador de Nova York, Nelson Rockefeller, em sua visita ao Brasil – no Rio de Janeiro e em São Paulo (capital e cidade de Matão, respectivamente).

 

1960
Realiza fotografias para a campanha publicitária dos veículos da DKW-Vemag.

Fotografa as atrizes Tônia Carrero, Maria Della Costa e Bibi Ferreira e assina os anúncios de revista para as campanhas publicitárias dos veículos Aero-Willys e Renault Dauphine.

 

1961
Começa a assinar fotografias para campanhas publicitárias da marca de veículos Jeep.

Recebe menção honrosa, por seus anúncios de revista em cores, na 9ª Exhibition of Advertising & Editorial Art & Design, promovida pelo Art Directors Club of Greater Miami. Seu trabalho volta a ser reconhecido pela organização em 1962 e 1964.

 

1962
Realiza uma produção fotográfica desafiadora para a Jeep, colocando uma girafa na caçamba de uma picape.

 

1965
No II Salão de Arte Publicitária, recebe do jornal Folha de S.Paulo e da Associação Paulista de Propaganda o prêmio Folha de Ouro na categoria Fotografia – Anúncio a Cores.

Em decorrência do rompimento de um cano, o local onde armazena seu acervo de negativos é alagado, danificando registros de eventos sociais e reportagens.

 

1966
Transfere a sede de seu estúdio para a Rua Gregório Serrão. Localizado na Vila Mariana, o novo imóvel tem espaço suficiente para que Lorca fotografe automóveis.

Embora dedique a maior parte de seu tempo à fotografia publicitária, Lorca não interrompe sua produção autoral. Muitas vezes, essa produção se dá durante as sessões fotográficas profissionais ou nos intervalos. Exemplo disso é a obra Pernas, desdobramento de um anúncio das meias Pégaso.

 

1985
Recebe o Prêmio Colunistas, da Associação Brasileira dos Colunistas de Marketing e Propaganda, pelas fotos publicitárias de caminhões da Saab-Scania. A organização volta a conceder o prêmio a Lorca em 1989, desta vez por fotos usadas em campanha do Banco do Brasil.

 

1986
Por suas fotografias publicitárias, é premiado pelo Sindicato das Empresas de Artes Fotográficas no Estado de São Paulo.

 

2003
Recebe o Prêmio Especial Porto Seguro de Fotografia. Integra o júri do concurso Leica – posição que volta a ser ocupada em anos seguintes, até 2013.

Deixa o campo da fotografia comercial e passa a se dedicar exclusivamente a trabalhos autorais e a seu acervo fotográfico.

 

2015
Recebe o prêmio Governador do Estado de São Paulo para a Cultura, na modalidade Artes Visuais.

 

2016
Recebe o prêmio Trip Transformadores, concedido pela Editora Trip.

Serviço

Itaú Cultural

Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô

Fones: 11. 2168-1776/1777

Acesso para pessoas com deficiência

Ar condicionado

Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108

Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:

3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.

Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

 

     

German Lorca: Mosaico do Tempo, 70 anos de fotografia Abertura: Dia 25 de agosto (sábado), às 11h
Visitação: De 25 de agosto a 4 de novembro
Terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h, 
com permanência até as 20h30
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
Pisos -1 e -2
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita

Assessoria de Imprensa:

Conteúdo Comunicação

Fone:  +55 11 5056-9800

 

 

 

No Itaú Cultural:

Larissa Correa:
larissa.correa@terceiros.itaucultural.org.br

Fone: 11.2168-1950

Carina Bordalo (programa Rumos)

Fone: 11.2168-1906