Foto Cine Clube Bandeirante

A chegada de German Lorca ao Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) se deu no final de 1947. Ali parecia ser o local ideal para ampliar seu conhecimento técnico e seu repertório estético. Na época, não existia o aprendizado formal em fotografia, e foi no clube que encontrou uma verdadeira escola de arte fotográfica. Uma educação sistemática que envolvia excursões, discussões coletivas, temas mensais a serem desenvolvidos, seminários com duras avaliações e os salões nacionais e internacionais, nos quais seu trabalho fotográfico foi selecionado, exibido e reconhecido. Seu talento foi rapidamente revelado: aprendeu a combinar imaginação com observação apurada; a expressar suas inquietações formais; a ativar sua sensibilidade e a ficar fascinado pelo banal; a criar sofisticadas composições. Descobriu algo mais profundo com a beleza da geometria e adquiriu o domínio absoluto da linguagem fotográfica. Com sua fotografia atemporal e refinada, ajudou a estabelecer os novos paradigmas técnicos e estéticos para a fotografia moderna brasileira, projeto iniciado no FCCB, do qual se tornou um dos mais importantes representantes.

 

Fotografia de arte

Após aprender e incorporar as lições do FCCB, German Lorca nunca deixou de perceber a beleza do cotidiano e valorizar a fotografia como expressão. O clube o educou não apenas na disciplina técnica, mas também alavancou sua decisão de se tornar fotógrafo em tempo integral, de viver a vida fotograficamente. Adquiriu ali a habilidade de flagrar a luz e a sombra, passou a registrar o mundo visível de modo mais elaborado e eficiente, a fim de criar na superfície plana da fotografia a ilusão de um mundo tridimensional. Soube muito bem incorporar as experiências estilísticas e conceituais aprendidas no clube e fortalecer sua fotografia autoral. Tornou-se um observador perspicaz e um artista intuitivo que consegue dar uma dimensão estética às coisas mais simples e banais. A intuição só é despertada em quem tem uma mente preparada e um repertório consistente e estruturado. Existe uma diferença entre observar o mundo e misturar-se a ele, atitude que assumiu para formular sua visão fotográfica e potencializar suas experiências.

 

Fotografia publicitária

As agências de publicidade começam a se instalar profissionalmente no país no começo da década de 1950, entre elas McCann-Erickson, Alcântara Machado, J. Walter Thompson, Norton e Proeme. Isso acontece exatamente no momento em que German Lorca inicia seu percurso profissional e independente com a fotografia aplicada. Ele soube transformar sua paixão pela fotografia numa experiência profissional bem-sucedida, por isso mesmo podemos considerá-lo um dos pioneiros da fotografia publicitária no Brasil. Em pouco tempo seu talento foi reconhecido, tanto por sua coragem ao enfrentar os mais incríveis desafios quanto pelas soluções criativas que apresentava a cada imagem que produzia. Desbravou um terreno fértil e pouco reconhecido na época, produzindo um conjunto de imagens publicitárias que hoje é parte relevante dessa história. Quase sempre produziu fotografias que têm incontestáveis qualidades plásticas que enfatizam uma sofisticada elegância formal. Sua produção publicitária é surpreendente: o produto está evidenciado, mas as narrativas propostas imageticamente estimulam nossa imaginação.

 

São Paulo

A cidade sempre fascinou German Lorca. Fotografou a paisagem urbana de São Paulo em diferentes períodos de 1947 a 2004 e continua com o olhar aguçado para as mais distintas composições que a luz oferece diariamente. Foi o fotógrafo oficial do IV Centenário da Cidade; documentou o Parque do Ibirapuera como fotógrafo convidado da editora Abril para a sua primeira revista impressa; e manteve sempre seu olhar voltado para as grandes transformações urbanas. As fotografias realizadas nas décadas de 1950 e 1960 são as mais emblemáticas, pois enfatizam uma cidade moderna e pulsante. Esses registros são importantes porque evocam uma cidade que não existe mais, e ainda assim são provocativos, exigem reflexão. Um documento histórico que se manifesta no olhar singular e elaborado de um grande artista que explicita seus sonhos e devaneios. Fotografias produzidas no passado, mas que se abrem para outros tempos.

Retratos

O retrato possui um estatuto mimético por excelência. É quase sinônimo da fotografia, pois é comum ouvir a expressão “tirar um retrato”. Raramente é um instantâneo, pois quase sempre é dirigido pelo fotógrafo e isso implica uma relação pessoal e de alguma intimidade. Quase sempre é uma fotografia encenada, em que a luz é estudada e os gestos são calculados. O que se busca é trazer para a imagem algum índice da personalidade retratada. Às vezes é fácil, uma biblioteca ao fundo, por exemplo; outras vezes é no detalhe que podemos ver a obsessão do fotógrafo. Reunimos um conjunto de retratos – fotógrafos, historiadores, artistas plásticos e publicitários, entre outros – que enfatiza a relação de German Lorca com o mundo da cultura, e estabelece sua conexão com os artistas e os amigos de seu tempo. Ele dirige e controla a cena, mas é no enquadramento e na iluminação que saltam os pequenos sinais de frescor e espontaneidade. Uma fotografia que corresponde ao encontro, que traz a vitalidade e a expressividade do retratado que enfrenta a câmera com naturalidade.

 

Autorretratos

Assim como os pintores, os fotógrafos também produziram um sem-número de autorretratos – uma imagem quase obrigatória na trajetória de um fotógrafo. De certa forma, essa representação é uma espécie de desejo de ver a si mesmo como gostaria que todos o vissem. Por meio deles é que podemos entender a importância da câmera, a necessidade de se ver refletido em espelhos, de evidenciar sua identidade profissional. O caráter performático caracteriza esse gênero fotográfico. Em seus autorretratos, German Lorca não inventa novos papéis para representar. Ao contrário, ele enfatiza sua presença diante do espelho e nos mostra seu equipamento em diferentes momentos de sua trajetória – a câmera Leica, a Rolleiflex, a Hasselblad, a Nikon. Da gravata borboleta no estúdio da Avenida Ipiranga ao despojamento total diante da vitrine em Paris, ele simplesmente registra, por meio dos autorretratos, sua ascensão profissional.

 

Altos retratos

Um dos seus primeiros retratos, aos dois anos de idade, já levava a assinatura do tio fotógrafo José Peinado. Mais tarde foram os colegas do clube, depois os assistentes e hoje os fotógrafos que têm a honra de conviver com um dos mais ilustres fotógrafos brasileiros. Esse núcleo homenageia, entre tantos, alguns dos fotógrafos que retrataram Lorca em diferentes momentos e em diferentes situações. Uma justa homenagem ao artista que atravessou o século contagiando gerações que se emocionaram com seu trabalho.

 

Autoral cor

A cor é parte do processo evolutivo da história da técnica fotográfica e foi na segunda metade do século passado que se consolidou como linguagem. German Lorca se aventurou na fotografia colorida justamente pela demanda dos trabalhos comissionados – publicidade e editorial. Sua produção teve início nos anos 1950 e foi a partir da década seguinte que sua fotografia autoral colorida ganhou consistência. Encontramos nos boletins do Foto Cine Clube Bandeirante algumas referências de sua participação em salões nacionais com suas primeiras experiências com a fotografia colorida, mas os registros materiais se perderam no tempo. O que interessa é olhar o percurso, seu rápido domínio técnico e como ele consegue articular a cor em sua produção autoral. Trata-se de trazer a cor como liberdade de criação e quase sempre como uma poética de síntese – cores fortes e exuberantes. Elas se manifestam no devaneio da paisagem e nos grafismos que conferem universalidade à sua obra.

Exposição articula núcleos
e desperta no espectador
pequenos desdobramentos

Setenta anos de fotografia sintetizados em um conjunto de imagens reunido em oito núcleos
capazes de dar conta da multiplicidade e potência da obra do fotógrafo e de sua vida, entre
coincidências, surpresas, choques de temporalidades, lembranças. Acompanhe, aqui, cada um

 

 

Serviço

Itaú Cultural

Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô

Fones: 11. 2168-1776/1777

Acesso para pessoas com deficiência

Ar condicionado

Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108

Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:

3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.

Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

 

     

German Lorca: Mosaico do Tempo, 70 anos de fotografia Abertura: Dia 25 de agosto (sábado), às 11h
Visitação: De 25 de agosto a 4 de novembro
Terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h, 
com permanência até as 20h30
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
Pisos -1 e -2
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita

Assessoria de Imprensa:

Conteúdo Comunicação

Fone:  +55 11 5056-9800

 

 

 

No Itaú Cultural:

Larissa Correa:
larissa.correa@terceiros.itaucultural.org.br

Fone: 11.2168-1950

Carina Bordalo (programa Rumos)

Fone: 11.2168-1906