O espaço expositivo comporta desenhos, fotos, instalação, radionovela e obras em audiovisual e de realidade virtual
Em O Tempo das Coisas – Mostra Rumos 2017-2018, o espaço expositivo dos pisos 1 e -1 apresenta nove dos projetos selecionados já concluídos e em suportes artísticos diversos. No conjunto, eles seguem o conceito da linha curatorial, de que a criação amplia os limites da existência e libera as coisas de seus conceitos.
Desenhos e fotografias traduzem os projetos Aconteceu Comigo – Histórias reais de mulheres, VerdeVEZ, Pequenos Acasos Cotidianos: Presentes e Desastres da Vida Urbana, que faz sinergia com a oficina Como desenvolver o desenho através da sua relação com o espaço?, e Periferia Ribeirinha de Belém – Uma Paisagem de Resistência, acompanhada de debate sobre as implicações artísticas, sociais e culturais do projeto.
Por sua vez, Gravidade e A Última Invenção misturam arte e tecnologia. A primeira, une um filme 3D com videogame e realidade virtual tem extensão na oficina Realidade virtual para animação. Bastidores da produção do curta em realidade virtual “Gravidade”. A segunda é composta por seis objetos cênicos criados com maquinários descartados em ferro-velho e é acrescida de intervenções performáticas, a serem realizadas no início e no fim da exposição.
Fôlego Curto – Dramas para Ouvir é uma radionovela, que também se desdobra na oficina Estúdio de Drama – Cinema como Suporte para Escrita de Textos Dramáticos, e Acerca da Terra, uma instalação com recorte de conversas com agricultores do pampa gaúcho, mapas, amostras de terra e duas projeções, uma de monoculturas de arroz e soja, e outra com as práticas da agricultura familiar e da permacultura. Na cartela audiovisual do espaço expositivo está inserida a obra Brígida, produção fílmica da artista Brígida Baltar em uma organização inédita de sua obra audiovisual.
Aqui, em ordem alfabética, você encontra mais informações sobre cada um dos nove trabalhos:
Acerca da Terra [sic]
De Elisa Pessoa
Uma instalação criada sobre o diálogo entre clima e ciclos naturais, que retrata uma viagem ao pampa gaúcho – na fronteira do Brasil com o Uruguai –, o encontro com alguns aspectos da realidade local, como a produção industrial de arroz mutagênico e soja transgênica, a criação de gado em escala não menos industrial e a consequente diminuição de pequenos produtores rurais. Esse projeto identifica as diferentes formas de praticar a agricultura: intensiva, familiar, permacultura, natural, biológica, biodinâmica, convencional. É composto por uma tela com um recorte das conversas que Elisa teve com a comunidade, mapas, amostras de terra e duas projeções maiores: de um lado as grandes lavouras das monoculturas do arroz e da soja e do outro as práticas da agricultura familiar e da permacultura.
Sobre Elisa Pessoa
É formada em Ciências da Educação e em Artes Visuais pela Paris VIII. Em 1997 iniciou seu trabalho com fotografia e filmes super 8. De suas participações em exposições coletivas destacam-se: Fumées, no Hotel Paris (RJ, 2015), Nova Arte Nova, no Centro Cultural Banco do Brasil (Rj e SP, 2009), Arco 08 (Madrid, 2008), Ausência Aguda Presença, Espaço SESC, (RJ, 2015); Curta galeria, A gentil de lá, (RJ, 2011). De suas exposições individuais, têm Tempo de Duração (Funarte SP, 2017), ¼ (Funarte SP, 2011), Diálogo, bhering (RJ, 2013), Porta-retrato, na galeria A Gentil Carioca (RJ, 2007) e Em círculo, na Galeria do Lago do Museu da República (RJ, 2008).
_
Aconteceu Comigo – Histórias Reais de Mulheres
De Laura Athayde
Uma série de HQs curtas baseadas em relatos reais de situações discriminatórias enfrentadas diariamente por mulheres. Recebidas por meio da página profissional de Laura Athayde no Facebook e por um formulário anônimo do Google, as histórias tratam de diversos temas universais, como gordofobia, pressão estética, racismo, maternidade e discriminação. Publicadas também em livro, as 70 HQs de Aconteceu Comigo nasceram da necessidade da proponente de direcionar um olhar mais atento às dificuldades cotidianas da vida das mulheres. O final de cada história contada na obra apresenta um tom mais otimista – ainda que crítico – e de empoderamento feminino.
Sobre Laura Athayde
Exerceu a advocacia por alguns anos até entregar-se de vez às suas mais antigas paixões: a ilustração e os quadrinhos. Estudou design gráfico e, atualmente, trabalha diagramando e ilustrando livros para editoras como Companhia das Letras, Record e Planeta. Além disso, faz quadrinhos e posta na internet.
–
A Última Invenção
De Pernas pro Ar
Uma máquina de sapateado, um vestido dançante, um aparelho de lembranças e de fazer voar. Objetos improváveis, que poderiam ilustrar as páginas de livros de fantasia, ganham forma pelas mãos do construtor Luciano Wieser, cofundador e integrante do grupo de teatro gaúcho De Pernas pro Ar, ao lado de Raquel Durigon. Deslocadas de sua função original, pedaços de máquinas ferrosas descartadas em ferro-velho ficam expostas, para que sejam manipuladas e reanimadas, para criar ilusões. Livres para experimentar outras possibilidades.
Sobre De Pernas pro Ar
Coletivo que trabalha com artes cênicas desde 1988. Desenvolve trabalhos na sua sede batizada Inventário – Espaço criativo, na cidade de Canoas (RS). Por meio de achados em descartes de ferro velho e quinquilharias se manifesta o teatro máquina, com construções de engenhocas, instrumentos musicais inusitados, bonecos/máquinas autômatos robotizados e maquinarias de cena improváveis. Dirigido por Luciano Wieser, fundador junto a Raquel Durigon, tem um acervo de cenários móveis e 50 bonecos únicos, valorizando a sua produção artística e sendo referência e memória de sua cidade.
–
Brígida
De Jocelino Pessoa e Brígida Baltar
Reúne toda a produção fílmica da artista Brígida Baltar em uma organização inédita de sua obra audiovisual. A artista começou a desenvolver sua obra na década de 1990, na sua casa-ateliê localizada em Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ). Durante quase 10 anos, colecionou materiais da vida doméstica, como a água de goteiras escorrendo de pequenas rachaduras no telhado e a poeira marrom-avermelhada dos tijolos de barro das paredes. O projeto tem como objetivo entregar à sociedade toda a memória audiovisual de Brígida Baltar, que possui uma mapoteca com anos de pesquisas, garantindo às próximas gerações acesso a uma produção catalogada e registrada em uma publicação.
Sobre Jocelino Pessoa
Produtor cultural especializado em Artes Visuais, desenvolve exposições, projetos educativos e publicações vinculados a instituições culturais públicas e privadas. Iniciou sua carreira no Centro de Artes Visuais da Funarte, em 2006, onde foi produtor executivo do Programa Rede Nacional Artes Visuais e colaborou na primeira edição do Prêmio Marcantônio Vilaça. No Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, idealiza e coordena, desde 2008, o I Encontro de Agentes Culturais da Zona Oeste e a primeira edição do Programa Casa B Residência Artística. Atualmente é também Assessor de Artes Visuais do Departamento Nacional do Sesc.
Sobre Brígida Baltar
Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage nos anos 1980 e fez parte do grupo Visorama. A artista registrou suas ações em fotografia e filme. Um exemplo é o projeto Coletas (1996-2005), em que colecionou em frascos de vidro elementos naturais e transitórios, como neblina. Na ação Abrigo, Baltar desenha a forma do seu corpo e a escava na parede de sua casa-ateliê. Com o pó de tijolo da casa, realiza uma série de desenhos e instalações. Trabalha com esculturas em tijolo, cerâmica e bronze, e faz bordados sobre tecidos. Toda sua obra aborda o assunto corpo e fantasia.
–
Fôlego Curto – Dramas para Ouvir
De Igor Nascimento
O projeto se irradia em diversas camadas, indo da frequência modulada (FM) curta até os canais da internet. Ao longo de quase um ano e meio, Igor Nascimento produziu nove adaptações de radiodrama, inspiradas em seu livro Fôlego Curto. As narrativas abordam temáticas diversas, como a violência urbana, a terceira idade, o Alzheimer, notícias de jornais, o esquecimento. As técnicas de escrita mesclam montagens, prosas poéticas, diálogos entrecruzados, narrações, testemunhos e monólogos.
Sobre Igor Nascimento
Diretor, dramaturgo e roteirista, é formado em Letras com habilitação em Literatura e Língua Francesa. É mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura e, atualmente, doutorando em Artes da Cena no Instituto de Artes da Universidade de Campinas (Unicamp), com pesquisa que relaciona o drama contemporâneo e a montagem cinematográfica.
–
Gravidade
De Fabito Rychter e Amir Admoni
Criada especialmente para a realidade virtual, a obra mistura elementos da produção de um filme em 3D com as experiências de um videogame. Por meio de uma parábola surrealista e fantástica, aborda o conflito entre dois pontos de vista em relação à vida e seu inevitável fim: a angústia com a perspectiva de sua chegada em oposição à leveza da ignorância. Nesse universo, tudo o que existe está eternamente caindo. Casas, roupas, carros, ruínas de uma civilização. Em um mundo sem paredes, sem horizonte e sem orientação, é impossível perceber o movimento. Não há vertigem ou medo. A impressão é de se estar flutuando em gravidade zero.
Sobre Amir Admoni
Diretor de filmes de animação para cinema, TV, games e teatro há 20 anos. Especialista em diversas técnicas e linguagens, desde a animação tradicional e stop motion à digital 3D, videomapping e live-action. Trabalhou para MTV, Disney e Canal Brasil.
Sobre Fabito Rychter
Roteirista de TV há 20 anos, com mais de 15 anos trabalhando na Globo. Escreveu por muito tempo os programas Tapas & Beijos e o Casseta & Planeta. Hoje comanda a Delirium XR, produtora especializada em realidade virtual.
–
Pequenos Acasos Cotidianos: Presentes e Desastres da Vida Urbana
De Juliana Russo
Como uma história gráfica sobre os costumes e as peculiaridades do ser na contemporaneidade, Pequenos Acasos Cotidianos surgiu de uma caminhada pela cidade. Em cerca de 50 desenhos, a artista registrou cenas e pessoas que encontrou pelo caminho, revelando histórias ocultas e permanentes do território urbano. A obra trata de algo simples, quase irrelevante e invisível. É um projeto de presença e percepção do mundo.
Sobre Juliana Russo
Desde 2004, mistura seu trabalho autoral com ilustrações para revistas, jornais e livros. Integrou o projeto Cidades para Pessoas, uma pesquisa de iniciativas para cidades mais humanas, e o grupo Urban Sketchers, que reúne desenhistas de cidades pelo mundo. Em 2015, lançou pela editora Gustavo Gili, o livro gráfico São Paulo Infinita. Em 2017, participou da residência artística para a criação da revista Baiacu, editada por Laerte e Angeli, e foi selecionada para um encontro de artistas em Varsóvia, na Polônia, e outro em Montenegro. Desenvolve o projeto Sala Aberta, um espaço de exposições de desenhos e venda de publicações independentes na sala da sua casa.
–
Periferia Ribeirinha de Belém – Uma Paisagem de Resistência
De Luiz Braga
Consiste em um acervo fotográfico que surge do retorno de Braga às comunidades ribeirinhas. As imagens não têm a intenção de serem um mapa urbanístico ou um índice etnográfico. É uma declaração de amor ao universo criativo do jeito de viver ribeirinho e à paisagem, que resiste à gentrificação de uma cidade com edifícios robotizados.
Sobre Luiz Braga
É graduado em Arquitetura. Trabalha com fotografia desde 1975. Suas primeiras exposições, em 1979 e 1980, eram compostas de cenas de dança, nus, arquitetura e retratos. Após essa fase, descobriu as cores vibrantes da visualidade popular da Amazônia e viaja pela região aprofundando sua pesquisa sobre a cultura da periferia. Sua abordagem passa ao largo das visões estereotipadas e superficiais sobre a região. Realizou mais de 200 exposições entre individuais e coletivas no Brasil e no exterior.
–
VerdeVEZ
De Maurício Pokemon
Este projeto nasceu de uma necessidade do proponente de criar contextos de troca, diálogo e acesso às artes visuais contemporâneas no Piauí. VerdeVEZ compreendeu diversas etapas, como residências artísticas, produção do Inventário Verde da Boa Esperança, uma exposição aberta ao público e ações na comunidade ribeirinha Boa Esperança, que sofre com um projeto de modernização e urbanização chamado Lagoas do Norte, prevendo a retirada de muitas famílias de suas casas.
Sobre Maurício Pokemon
Artista visual piauiense, graduado em jornalismo, é editor de fotografia da Revista Revestrés. Desde 2015, tem uma pesquisa na comunidade Boa Esperança, na zona norte de Teresina (PI), em sua condição de vulnerabilidade e luta contra projetos de modernização impostos pela prefeitura. Em paralelo, Pokemon investiga a fotografia nas artes performáticas, com fotos em catálogos de festivais e imprensa no Brasil, Bélgica, Suíça, Holanda, Alemanha, França e Japão. É artista residente no CAMPO Arte Contemporânea, onde também coordena o núcleo de artes visuais do espaço, chamado Estúdio Debaixo.
SERVIÇO
O Tempo das Coisas –
Mostra Rumos 2017-2018
Abertura: 4 de setembro, às 20h
Visitação: 5 de setembro a 3 de novembro
Pisos 1 e -1
Com programação musical, de cênicas, audiovisual,
oficinas e debate ao longo da mostra
De terça-feira a sexta-feira, das 9h às 20h
(permanência até as 20h30)
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
Classificação indicativa: livre
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Fones: 11. 2168-1777
Acesso para pessoas com deficiência
Ar condicionado
Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108
Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:
3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
Realização:
Cristina R. Durán: cristina.duran@conteudonet.com
Karinna Cerullo: cacau.cerullo@conteudonet.com
Mariana Zoboli: mariana.zoboli@conteudonet.com
Roberta Montanari: roberta.montanari@conteudonet.com
No Itaú Cultural:
Larissa Correa:
larissa.correa@terceiros.itaucultural.org.br
Fone: 11.2168-1950
Carina Bordalo (programa Rumos)
carina.bordalo@terceiros.itaucultural.org.br
Fone: 11.2168-1906