De Chavantes, interior de São Paulo, à Itália, Alemanha, Suíça

O menino Geraldo tinha sete anos quando se mudou com a família da pequena cidade para a capital do estado. Uma década mais tarde, encontrou os seus primeiros mestres da pintura. Não parou mais. Acompanhe a linha do tempo que permeia o segundo subsolo da mostra no Itaú Cultural

1923 a 1947

Geraldo de Barros nasceu em Chavantes (SP), em 1923. Em 1930, em decorrência da crise econômica, sua família se instala em São Paulo, e, desde cedo, Geraldo tem de trabalhar para financiar seus estudos. O interesse pela pintura o leva, em 1945, aos seus primeiros mestres, Clóvis Graciano e Colette Pujol. Aprende os rudimentos do desenho e da pintura na tradição do naturalismo e, no mesmo ano, passa a integrar a Associação Paulista de Belas Artes (APBA) e o sindicato dos artistas plásticos. Em 1946, frequentando as aulas de Yoshiya Takaoka, aproxima-se do desenho espontâneo e de uma pintura intuitiva, expressionista. Em 1947, por fim, Geraldo descobre a fotografia, campo que explora com o mesmo espirito de liberdade e provocação.

1948

Neste ano, ao lado de Athayde de Barros, Geraldo realiza sua primeira exposição individual. Também com Athayde, Yoshiya Takaoka, Antônio Carelli, Flávio Shiró e outros artistas de origem japonesa, funda o Grupo 15.

A primeira fase da produção fotográfica de Geraldo de Barros vai de 1948 até meados da década de 1950, tendo seu ponto culminante na exposição das Fotoformas, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1951. Marcada por intensa experimentação, esse período da sua produção é rico em soluções inovadoras, como a exposição múltipla. Por essa técnica, o fotógrafo realiza uma superposição de imagens diretamente no fotograma, pelos movimentos da câmera e graduando abertura do diafragma e tempo de exposição. Só após a revelação podia-se avaliar o resultado, escolher o enquadramento ou intervir no negativo antes de realizar a ampliação.

1949

Ao integrar o Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB), Geraldo encontra meios para aperfeiçoar sua técnica, mas também se depara com um ambiente conservador. Na mesma época, tem aulas de gravura com Poty Lazzarotto na Escola Livre de Artes Plásticas, dedicando-se principalmente aos métodos do monotipo e da linogravura.

Em pintura, a aproximação com a arte concreta, a partir de 1949, ainda mostra a influência da obra de Paul Klee e um diálogo intenso com a produção fotográfica.

1950

No Rio de Janeiro, por intermédio do artista visual Almir Mavignier, Geraldo conhece o crítico de arte Mário Pedrosa. Este lhe apresenta a teoria da forma, que propõe a noção de que, nas palavras do crítico, “o que está sendo pintado corresponde ao que está sendo visto” (citação livre mencionada por Geraldo de Barros em A retomada de alguns objetos - forma da arte concreta, publicado em 1979 na 15ª Bienal de São Paulo).

Geraldo segue duas direções em suas experiências em fotografia: a de superposições e arranjos de formas e luzes no processo de captura; e a de desenhos feitos diretamente no negativo. Esses trabalhos são apresentados na exposição Fotoformas, inaugurada em janeiro de 1951 no Museu de Arte de São Paulo (Masp).

1951

Em Paris graças a uma bolsa de estudos, Geraldo frequenta aulas de litografia na Escola Nacional Superior de Belas Artes e de gravura no ateliê do inglês Stanley William Hayter. Encontra diferentes artistas instalados na capital francesa, como Maria Helena Vieira da Silva, Brassaï, Henri Cartier-Bresson e François Morellet. Percorrendo a Europa, visita Max Bill em Zurique, na Suíça, Giorgio Morandi em Bolonha, na Itália, e Otl Aicher em Ulm, na Alemanha – onde também frequenta um ateliê de arte gráfica. No mesmo ano, participa à distância da 1ª Bienal de São Paulo, na qual recebe um prêmio.

1952

De volta à capital paulista, Geraldo expõe suas gravuras no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). No mesmo ano, com Lothar Charoux, Waldemar Cordeiro, Kazmer Féjer, Leopoldo Haar, Luiz Sacilotto e Anatol Wladyslaw, funda o Grupo Ruptura, com o qual apresenta, também no MAM/SP, pinturas nas quais busca abolir a noção de objeto único.

1953

Radicalizando práticas como a de recortes em negativos, Geraldo segue em suas pesquisas no campo da fotografia apagando quaisquer referências naturalistas. Esses trabalhos são apresentados, junto com pinturas concretas, na 2ª Bienal de São Paulo.

1954

Unindo-se ao frei dominicano João Baptista Pereira dos Santos, Geraldo passa a integrar a Comunidade de Trabalho Unilabor, desenhando móveis que são construídos segundo um modelo coletivista de trabalho, no qual as decisões e os benefícios são divididos horizontalmente. Esse mobiliário é concebido com base em uma modularidade racional, que facilita sua fabricação e se adapta ao tamanho reduzido das novas moradias. Na mesma época, com Alexandre Wollner, também cria cartazes e projetos de comunicação visual para diferentes manifestações culturais.

1958

Com Alexandre Wollner, Ruben Martins e Karl Heinz Bergmiller, Geraldo funda o escritório de desenho industrial e comunicação Forminform, criando logotipos para firmas industriais.

1964

Geraldo de Barros deixa a Unilabor. Funda a Hobjeto com o marceneiro Antônio Bioni, com quem continua seu projeto de design com dedicação maior à industrialização. Retomando os seus pincéis, realiza uma série de quadros figurativos com teor de crítica sociopolítica, prevalecido desde a chegada dos militares ao poder. Em 1965, com Nelson Leirner, expõe esses trabalhos na Galeria Atrium, em São Paulo, e depois em Buenos Aires.

1966

Na antessala da loja Hobjeto, Geraldo funda, com Nelson Leirner e Wesley Duke Lee, a Rex Gallery & Sons, onde o grupo propõe exposições e happenings inspirados nos movimentos dadá e pop art.

1974

A fábrica da Hobjeto se expande, estabelece-se e torna-se referência a partir de 1970, graças ao seu design criativo e ao uso de materiais inovadores. Em 1974, Geraldo cria pinturas em grandes formatos, realizadas a partir de painéis e cartazes dos quais ele se apropria e repinta com a ajuda de tintas industriais. O conjunto dessas obras é exposto no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) em 1977.

1979

Em 1976, retoma a fotografia e realiza novas cópias das Fotoformas. É convidado a 15ª Bienal de São Paulo, em 1979, quando revisita sua produção concreta dos anos 1952-1954, interrogando novamente o estatuto da obra de arte como objeto único.

1980

Geraldo de Barros amplia seu projeto de objetos-forma, desenvolvendo-o ao máximo com a realização de montagens em plástico laminado sobre madeira, os quais manda ao marceneiro Elias Asfour para serem executados como móveis no ateliê da Hobjeto.

No fim do ano, Geraldo sofre um primeiro AVC, que o deixa enfraquecido e o obriga a distanciar-se gradativamente da Hobjeto.Com medo de ter perdido suas capacidades artísticas, Geraldo quer se testar. Na intimidade de sua casa, sem projeto específico, ele procura um dos negativos das Fotoformas recém-redescobertos, o qual pinta com tinta nanquim de uma forma grosseira.

1983

A partir de máscaras em papel vegetal que servem para delimitar as formas sem marcar o traço, o artista pede para recortar, pintar e colar formas geométricas sobre papel milimétrico, criando projetos que sirvam como guias para os quadros em plástico laminado.

1986

Participa da Bienal de Veneza e cria, em 1989, a série completa dos Jogos de Dados, declinação bidimensional das faces de um cubo segundo os princípios da Gestalt (Teoria da Forma). Em 1996, revisita uma última vez seus projetos concretos dos anos 1950, pedindo ao seu assistente José Soares para realizá-los em plástico laminado de forma idêntica na Hobjeto.

1996

Aos 73 anos, certamente encorajado pela visibilidade internacional do seu trabalho fotográfico dos anos 1950, começa uma nova série de obras, as Sobras. Com uma assistente, a fotógrafa Ana Moraes, Geraldo retoma negativos de família e de viagens e os organiza, recorta e arruma em placas de vidro, em colagens inéditas das quais pretende realizar ampliações.

1998

Aos 75 anos, em abril de 1998, Geraldo morre de uma embolia pulmonar, em São Paulo. Em 1999, as Sobras são apresentadas, em homenagem póstuma, no Museum Ludwig, em Colônia (Alemanha), no Musée de l'Elysée, em Lausanne (Suíça), e no Sesc Pompéia, em São Paulo.

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De 11/08 a 07/11 de 2021

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