Aqui estão relacionados dez realizadores brasileiros de cinema de bordas. Um ou dois de seus filmes mais singulares também são ressaltados. Os diretores, e respectivas obras, foram selecionados por um grupo de pesquisadores independentes que se dedica ao estudo desse tipo de produção. Em comum, os cineastas escolhidos para compor esta lista participaram das três edições de Cinema de Bordas feitas no Itaú Cultural nos anos de 2009, 2010 e 2011. O diretor Pedro Daldegan foi escolhido para receber uma homenagem especial, por seu pioneirismo e sua influência sobre o cinema periférico em todo país.
     A partir das três edições da Mostra Itaú Cultural de Cinema de Bordas, alguns atores, atrizes e realizadores se juntaram para participar, colaborar e atuar uns nos filmes dos outros. Um movimento subterrâneo começou, assim, a percorrer o rico e quase desconhecido universo periférico que se situa às bordas da historiografia do cinema no Brasil.
     Foi dessa forma que o Itaú Cultural continuou a somar diversidade e extensão ao espaço do cinema e do audiovisual brasileiros. O instituto fez isso não apenas cedendo seu espaço físico a filmes que permaneceriam invisíveis, mas também incentivando a pesquisa de um grupo de estudo que se preocupa com modelos alternativos de cinema e tenta configurar coordenadas mais equilibradas na história das formas cinematográficas do nosso país.

Bernadette Lyra, Gelson Santana e Laura Cánepa


A Dama da Lagoa (1997) e O Farol (2007)
[realizador homenageado]

A Dama da Lagoa (1997) feito com uma câmera VHS e um custo final de aproximadamente 400 reais, o filme é uma história típica de assombração, inspirada na impressão que causou no diretor o filme A Casa da Noite Eterna (The Legend of Hell House, de 1973, direção de John Hough). Tem como tema principal um espírito inquieto, preso ao local de seu infortúnio (no caso, a lagoa do título) com a missão de punir os responsáveis por seu assassinato.

O Farol (2007) tem trama mais complexa do que A Dama da Lagoa. Assim como seu antecessor, busca inspiração no sobrenatural, conseguindo dessa vez estabelecer vínculos mais concretos com o cinema de horror. A ideia parte de uma crença regional: uma luz misteriosa surge para aqueles que se aventuram a transitar durante a noite na estrada de terra que liga Pedralva à cidade vizinha, Conceição das Pedras.



assistir: vídeo 1
Francisco Caldas

por Alfredo Suppia

Os filmes A Dama da Lagoa (1997) e O Farol (2007) de Francisco Caldas, nascido em Pedralva (MG), apresentam características comuns à produção interiorana: a colaboração de amigos e familiares; locações representativas da vida cotidiana local; o papel do protagonista cabendo ao diretor; e distribuição limitada. Gravados em VHS, buscam no sobrenatural a base sobre a qual erguem seus alicerces, conseguindo a seu modo estabelecer vínculos com o cinema de horror.