Aqui estão relacionados dez realizadores brasileiros de cinema de bordas. Um ou dois de seus filmes mais singulares também são ressaltados. Os diretores, e respectivas obras, foram selecionados por um grupo de pesquisadores independentes que se dedica ao estudo desse tipo de produção. Em comum, os cineastas escolhidos para compor esta lista participaram das três edições de Cinema de Bordas feitas no Itaú Cultural nos anos de 2009, 2010 e 2011. O diretor Pedro Daldegan foi escolhido para receber uma homenagem especial, por seu pioneirismo e sua influência sobre o cinema periférico em todo país.
     A partir das três edições da Mostra Itaú Cultural de Cinema de Bordas, alguns atores, atrizes e realizadores se juntaram para participar, colaborar e atuar uns nos filmes dos outros. Um movimento subterrâneo começou, assim, a percorrer o rico e quase desconhecido universo periférico que se situa às bordas da historiografia do cinema no Brasil.
     Foi dessa forma que o Itaú Cultural continuou a somar diversidade e extensão ao espaço do cinema e do audiovisual brasileiros. O instituto fez isso não apenas cedendo seu espaço físico a filmes que permaneceriam invisíveis, mas também incentivando a pesquisa de um grupo de estudo que se preocupa com modelos alternativos de cinema e tenta configurar coordenadas mais equilibradas na história das formas cinematográficas do nosso país.

Bernadette Lyra, Gelson Santana e Laura Cánepa


Mangue Negro (2008)
[realizador homenageado]

Mangue Negro (2008) se serve de um cenário ideal para a construção de um filme de horror: o manguezal, de onde zumbis se erguem da lama para atacar pescadores de uma pacata comunidade. Apresenta corpos mutilados, faces deformadas e muito sangue. Faz isso de modo incomum, sobretudo pela caracterização dos personagens que têm o toque regional da cidade em que o filme foi realizado, Guarapari. O maior exemplo é o de uma preta velha que, por meio de antigas práticas miraculosas, salva a vida da mocinha. Isso faz com que ela escape dadevastação em que o mangue se encontra e fuja ao encontro da salvação.


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Rodrigo Aragão

por Gelson Santana

Rodrigo Aragão nasceu em 1977, em Guarapari (ES). Aos 7 anos, já era apaixonado por filmes e efeitos especiais – o seu pai era dono de um pequeno cinema. Trabalha com efeitos especiais há quase 20 anos. No currículo, mais de 25 peças de teatro, 15 curtas-metragens e diversas oficinas em eventos cinematográficos. É autor do espetáculo de terror itinerante Mausoleum, do filme Mangue Negro (2008), seu primeiro longa-metragem, rodado no manguezal aos fundos da sua própria casa, em Guarapari, que ganhou projeção internacional e prêmios em importantes festivais de cinema. Com seu segundo longa, A Noite do Chupacabras (2010), Rodrigo Aragão tornou-se referência em efeitos especiais para realizadores periféricos em todo o Brasil.